17 de dezembro, de 2025 | 08:00
Plano local de adaptação climática: Ipatinga necessita
Antônio Nahas *
Os eventos climáticos que abalaram Ipatinga na semana passada mostraram a necessidade da cidade elaborar seu Plano Local de Adaptação Climática. Funciona como uma Carta de Navegação nestes tempos instáveis e sombrios. Visa tanto implementar ações de redução das emissões de gases efeito estufa, quanto preparar a cidade para enfrentar, com êxito, as ameaças climáticas, que virão.
Isso não é nada fácil. As prefeituras já têm de cuidar da saúde, educação, saneamento, lixo, transporte público, realizar obras. A legislação existente já é bem extensa e ter que se incumbir de outro plano não será fácil.
Mas é uma necessidade inadiável. As ameaças climáticas vão se tornar mais frequentes e mais agudas. Sem prevenção, transformam-se em desastres, com perda de vidas humanas e danos materiais. Prevenir torna-se uma tarefa inadiável.
Para orientar essas ações, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima lançou o Guia para Elaboração de Planos de Adaptação à Mudança do Clima.
Segundo o Guia, a Elaboração do Plano segue os seguintes passos:
1 - Formação da Governança, quando se estabelece o modelo de governança, que deve incluir agentes públicos e privados, especialmente os grupos sociais que podem ser mais diretamente atingidos pelas mudanças climáticas.2 - Aplicação da Lente climática, ou seja, reconhecendo como a mudança climática já afeta ou pode afetar o território;
3 - Identificar os principais impactos dos perigos/ameaças e os setores, áreas geográficas, ecossistemas, gêneros e grupos sociais mais vulneráveis e expostos no território;
4 - Elencar diferentes tipos de medidas que podem ser adotadas para minimizar os riscos e impactos da mudança do clima evidenciados no território
5 - Seleção e priorização das medidas a serem implantadas. E, por último a comunicação e o monitoramento dos resultados esperados.
As ameaças climáticas vão se tornar mais frequentes e mais agudas”
A partir deste roteiro, o Plano detalha todos os passos a serem implementados, fornecendo um roteiro prático e robusto para construção das alternativas acima.

Indica diversos sites, com informações muito úteis aos gestores municipais. Fala do Adapta Brasil, ferramenta para apoiar gestoras e gestores públicos, empresas e a sociedade civil na compreensão dos riscos relacionados à mudança do clima.
Há também o site PCClima, plataforma desenvolvida para facilitar o acesso, a visualização e o download de projeções de mudanças climáticas sobre o território brasileiro, baseadas em modelos climáticos nacionais e internacionais. É possível visualizar informações por município.
E o GeoRedus, que disponibiliza dados georreferenciados em nível intramunicipal para apoiar gestores na elaboração de políticas públicas. Há dados de moradia, população, saúde, educação, infraestrutura e serviços urbanos, integrando informações de diferentes fontes na plataforma.
O Guia também aponta sinergias possíveis com projetos em andamento: Campanha Construindo Cidades Resilientes”, lançado pela ONU em 2010 e que se chama hoje MCR 2030, e Redus, comunidade formada por especialistas e organizações da sociedade civil.
Muitos municípios já traçaram seus planos. A partir deles, conseguiram financiamento para suas ações. A capital, Belo Horizonte, por exemplo, acessou recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para instalar refúgios climáticos móveis. São locais para proporcionar alívio térmico nos dias de calor intenso. Importante que se diga que, nas favelas, a temperatura nas ruas e residências chega a ser superior à do resto da cidade em até 9 graus... Ficar num calor deste faz mal às crianças, idosos e até mesmo impede as atividades do dia a dia.
E no Ministério das Cidades há também o programa Cidades Verdes e Resilientes”, em busca de adesão de municípios.
Certamente a COP 30 impulsionou iniciativas similares em todo o Brasil. E quem tem o seu Plano de Adaptação às Mudanças Climáticas sai na frente. O link de acesso a essa mina de ouro é www.adaptacao.eco.br. Vale a pena a leitura.
* Economista, empresário. Na luta pela Justiça Climática.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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