16 de dezembro, de 2025 | 06:00
Queda azul
Fernando Rocha
Todo cruzeirense sabia das dificuldades que a equipe celeste iria encontrar, pois o Corinthians, dentro de casa, apoiado pela sua torcida, é um adversário muito difícil de ser batido.Apesar da péssima atuação no jogo de ida, que resultou na derrota de 1 x 0, no Mineirão, o time comandado por Leonardo Jardim conseguiu reagir, chegou a fazer 2 x 0 que lhe daria a classificação, mas tomou um gol e a decisão foi para a imprevisível cobrança de penalidades.
No futebol carioca da década de 1960, no século passado, o folclórico roupeiro Neném Prancha imortalizou uma frase que resume a extrema importância desse ato: O pênalti deveria ser batido pelo presidente do clube".
Talvez, pensando nisso, o técnico Leonardo Jardim tenha trocado nos instantes finais da partida o artilheiro Kaio Jorge por outro, Gabriel Barbosa, o Gabigol, um especialista em cobranças de penalidades e tido como um jogador que gosta” de jogos decisivos.
Mas tudo deu errado, pois o jogador mais midiático do elenco azul, quando foi bater o pênalti decisivo, o fez de modo displicente, ridículo, crucial para a desclassificação na Copa do Brasil, da qual se tornou o grande vilão.
Grande prejuízo
Além do prejuízo técnico pela eliminação na semifinal, o Cruzeiro sofreu também um grande revés financeiro, pois deixou de arrecadar R$ 33 milhões caso fosse vice-campeão, ou R$ 77 milhões se conquistasse o título.
Apesar de tudo, a desclassificação para o Corinthians na Copa do Brasil não apaga a campanha regular no Campeonato Brasileiro, onde terminou em terceiro lugar e com o objetivo alcançado de retornar à disputa da Libertadores, o maior e principal torneio continental.
Os números positivos da equipe, no entanto, não foram suficientes para a permanência do técnico Leonardo Jardim, o grande responsável pela organização e pelo sucesso do time nesta temporada.
A confirmação da saída ocorreu em uma reunião ontem pela manhã, na Toca da Raposa 2, que contou com a presença de Leonardo Jardim e de toda a diretoria da SAF, como o presidente Pedro Lourenço e o vice-presidente Pedro Junio, que logo depois oficializou a saída por meio de comunicado em suas redes sociais.
FIM DE PAPO
O técnico português José Leonardo Nunes Alves Sousa Jardim, 51 anos, chegou ao Cruzeiro em fevereiro deste ano e comandou o time celeste em 58 partidas, incluindo Campeonato Mineiro, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana, Brasileirão Série A e amistosos, num total de 27 vitórias, 19 empates e 12 derrotas, o que corresponde a 57,4% de aproveitamento. O dono do Cruzeiro, Pedro Lourenço, fez de tudo para convencê-lo a permanecer, oferecendo, além de aumento salarial, um contrato com cinco anos de duração, mas o treinador alegou questões de ordem familiar para romper o vínculo que iria até o fim de 2026. Jardim trouxe a esposa para BH, mas o restante da família ficou em Portugal, onde ele ajuda a administrar negócios do ramo de vinhos e azeites.
Rei morto, rei posto”, diz o título da música de Edu Lobo, grande sucesso na década de 80, na voz da cantora Joyce. O Cruzeiro vinha fazendo tratativas com outros treinadores nos últimos dias, sabendo que as chances do português Jardim sair eram grandes. Fala-se nos bastidores do clube que o próprio ex-treinador estaria ajudando nessa busca pelo novo comandante, que poderia ser outro lusitano, Arthur Jorge, ex-Botafogo, ou o ex-técnico da seleção brasileira, Tite, que está livre no mercado. Caso Tite seja contratado, o que agora é um desejo de toda a China Azul, a saída de Gabigol deverá se concretizar, pois os dois se desentenderam no Flamengo.
O Conselho Técnico com os clubes da Série A, realizado na semana passada pela CBF, tomou decisões importantes para a disputa do Campeonato Brasileiro/2026. Entre elas estão a troca de uma vaga da Libertadores na competição de pontos corridos para a Copa do Brasil, além de aumentar o limite de jogos para transferência de um atleta. Por outro lado, adiaram as discussões quentes entre os clubes sobre gramado sintético, número de estrangeiros e de rebaixados, assuntos que voltarão à pauta somente no final de fevereiro ou março do ano que vem.
Na prática, a cúpula da CBF quer deixar estes assuntos polêmicos esfriarem para tomar as decisões. O gramado sintético é um assunto que divide os clubes: de um lado, os que apoiam o pedido de veto feito pelo Flamengo; do outro, quem não vê nenhum problema em jogar num dos cinco gramados artificiais existentes nos estádios de Palmeiras, Botafogo, Atlético, Athletico-PR e Chapecoense, que soltaram nota em defesa de seus respectivos gramados.(Fecha o pano!)
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