04 de dezembro, de 2025 | 14:20
Uma marca forjada no aço: lições do Branding Asiático para a Indústria do Vale do Aço
A Região Metropolitana do Vale do Aço, em Minas Gerais, detém um legado industrial de peso. Empresas como a Usiminas e a Aperam têm construído reputação baseada em excelência técnica, certificação internacional e entrega confiável. No entanto, nem tudo são flores.
Em 2025, a produção de aço em Minas Gerais caiu 6,6%
em abril frente ao mesmo mês do ano anterior, o que revela os desafios que se acumulam para a região. Para recuperar o ritmo, é necessário ir além da força produtiva: é imprescindível também ter uma marca forte.
Branding Técnico versus identidade de marca cultural
O modelo de marca tradicional do Vale do Aço está fixado em lógica B2B racional que serviu bem ao mercado por anos: especificações técnicas, certificações ISO, eficiência logística para outro fabricante ou construtor.No entanto, quando o alvo é o mundo e quando a produção quer ultrapassar fronteiras para dominar o mercado exterior, faz falta algo além da funcionalidade. Uma identidade que comunique poder, presença, significado.
E tem gente, do outro lado do mundo, que pode ensinar isso para as nossas indústrias.
O Paradigma Asiático: símbolo, prestígio e aço de impacto
Os chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, China, Hong Kong) dominaram e dominam parte da economia mundial não só por venderem excelência industrial.O playbook” desses países é bem conhecido: Investiram pesado em educação para desenvolver conhecimento técnico e inovação, além de focarem em exportação hard”. No entanto, apesar de ser pouco comentado, todos também cultivaram branding simbólico.
No setor siderúrgico, por exemplo, a empresa sul-coreana POSCO tornou-se sinônimo de potência industrial. A companhia focou sua excelência técnica em construir uma marca reconhecida em todos os mercados.
Elementos culturais como símbolos de marca
Na hora de construir um branding que faça sentido e que ressoe de verdade com o mercado, as empresas asiáticas buscaram apostar em seus elementos culturais. E isso deu tão certo que rendeu frutos até em outros mercados e foi usado por outras empresas.Um bom exemplo foi a ação de 2025 de marcas como Gucci, Nike e Balenciaga, que fizeram produtos específicos para o Ano da Serpente, mesmo no ocidente.
Também em 2025, a empresa Sucker Punch (com sede nos EUA) lançou Ghost of Yotei, jogo inspirado na estética de filmes de samurai, com mais de 3 milhões de unidades vendidas em apenas um mês, mostrando a força da estratéga.
Outro exemplo da cultura dos games é o caça-níquel Fortune Tiger, desenvolvido pela Spribe que usa ícones da cultura asiática, como o tigre, para comunicar esses valores. Ou seja, o jogo nasceu de um branding internacional da cultura asiática, que é o mesmo esforço que fortalece as empresas dos Tigres Asiáticos de muitas formas.
A lição para a siderurgia no Vale do Aço é: se você remove esse nível simbólico, a narrativa da marca fica incompleta. Ou seja: não basta pensar na sua marca isolada da sua presença social e cultural.
Qual é o caminho para retomar o crescimento do Vale do Aço?
A excelência técnica do Vale do Aço é inquestionável. Deve permanecer e evoluir. Mas a lição dos Tigres Asiáticos e dos produtos de consumo global é que a indústria local pode ganhar muito em construir também uma narrativa de marca simbólica.Uma marca que diga somos aço de referência mundial” e não apenas fabricamos aço conforme norma X”. Essa identidade cultural ampliada pode ser o diferencial capaz de posicionar a região com mais impacto no palco global.
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