04 de dezembro, de 2025 | 08:45
Minas reduz pobreza e bate recorde de ocupação, segundo dados do IBGE
Paulo Pinto/Agência Brasil
Indicadores do mercado de trabalho atingiram seus melhores patamares em 2024 em Minas, consolidando a recuperação pós-pandêmica
Indicadores do mercado de trabalho atingiram seus melhores patamares em 2024 em Minas, consolidando a recuperação pós-pandêmicaPor Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
No ano de 2024, o estado de Minas Gerais tinha 16,8% da população abaixo da linha de pobreza adotada pelo Banco Mundial (US$ 6,85 PPC por dia ou R$ 695 por mês). Em 2023, o índice era de 19,9%. Já em 2012, quando iniciou a série histórica, o percentual era de 31,6% de pessoas abaixo desta linha de pobreza.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e foram divulgados nesta quarta-feira (3), por meio da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2025.
Para William Passos, geógrafo e coordenador de estatística e de pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) campus Ipatinga, a pobreza e a extrema pobreza vêm diminuindo progressivamente a cada ano no Brasil e em Minas Gerais, segundo a constatação do IBGE, devido a uma combinação entre dinamismo do mercado de trabalho e programas sociais.
Nós temos hoje uma cobertura de programas sociais que é a maior que o Brasil já teve na sua história e essa cobertura de programas sociais, ela acontece paralelamente a um dinamismo do mercado de trabalho que faz com que a cada mês o Brasil gere mais empregos com carteira assinada. Isso também se repete para Minas Gerais”, afirma William em entrevista ao Diário do Aço.
Além disso, o pesquisador analisa que a diminuição da pobreza também tem a ver com a queda do analfabetismo e com os índices mais baixos de fertilidade. Isso significa que as novas gerações já partem de uma situação social e econômica muito melhor do que as gerações anteriores. Quem nasce, mesmo nas famílias mais pobres, nasce com menos necessidade, com menos privação, já com uma vida melhor do que aquela que os pais dessa criança tinham quando nasceram, e uma vez partindo de condições materiais melhores do que os pais, à medida que o tempo vai passando, a gente vai tendo dentro da sociedade brasileira filhos que vão vivendo melhor do que os seus pais. Consequentemente, no conjunto da sociedade, a gente tem população, a cada ano que passa, cada vez menos pobre”, pontuou.
O IBGE estruturou a pesquisa a partir de cinco eixos complementares: Estrutura econômica e mercado de trabalho; Padrão de vida e distribuição de rendimentos; e Educação.
Estrutura e mercado
De modo geral, observa-se que o nível de ocupação (ou seja, a proporção das pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar) em Minas Gerais apresentou 61,7% - o maior da série histórica -, superando sutilmente o ano de 2023, quando 61,1% da população mineira estava ocupada. De igual forma, a taxa de desocupação (percentual das pessoas desocupadas em relação ao total da força de trabalho) chegou em 2,1% em 2024, ano em que alcançou o menor patamar da série histórica.
Padrão de vida
Em 2024, o rendimento domiciliar per capita médio das pessoas residentes em Minas Gerais foi de R$ 1.952, valor abaixo das médias nacional (R$ 2.017) e regional (R$ 2.377), sendo o estado com o menor valor da região Sudeste.
Os dados levantados pela SIS mostram também que no ano passado o rendimento domiciliar per capita médio das mulheres (R$ 1.866) equivalia a 91,4% do rendimento médio dos homens (R$ 2.041). No que diz respeito ao critério de cor ou raça, observou-se que, ao longo de toda a séria histórica, tanto no estado quanto em nível nacional, o rendimento domiciliar per capita médio da população preta ou parda era menor do que o de pessoas brancas, embora a diferença tenha diminuído com o passar do tempo.
Em 2012, por exemplo, o rendimento médio da população preta ou parda de Minas (R$ 1.227) era equivalente a 59,2% do rendimento da população branca (R$ 2.074), tendo essa equivalência subido para 67,1% em 2024. Neste ano, no estado, o rendimento foi de R$ 1.627 para as pessoas pretas ou pardas e R$ 2.423 para as brancas.
Além disso, a pesquisa descreve os efeitos de programas de transferência de renda sobre esses indicadores. Embora os benefícios de programas sociais tenham adquirido maior relevância na composição do rendimento das famílias mais vulneráveis no período pós-pandemia, o rendimento domiciliar total continua sendo fortemente influenciado pela dinâmica do mercado de trabalho”, explica a nota do IBGE.
Educação
O último eixo da pesquisa sinaliza que a frequência escolar bruta em Minas Gerais, de 2023 para 2024, teve aumento nas faixas de 0 a 3, 4 a 5, 15 a 17 e 18 a 24 anos. Além disso, com exceção do grupo etário de 18 a 24 anos, todos eles recuperaram o nível pré-pandêmico (de 2019).
Outro indicador analisado pelo IBGE revela que, em 2024, a distribuição percentual dos estudantes por tipo de rede de ensino em Minas Gerais teve alta predominância da rede pública na creche (79,7%), na pré-escola (80,5%), no ensino fundamental (85,9%) e no ensino médio (89%). Já no ensino superior, essa predominância se inverte, com a rede privada sendo ocupada por 76,3% dos estudantes.
Por fim, o terceiro tópico do tema compara a evolução, entre 2016 e 2024, da taxa de analfabetismo. As taxas em Minas Gerais mostram tendência contínua de queda ao longo do período.
Durante o período de 2016 a 2024, houve tendência de queda do percentual da população sem instrução, com ensino fundamental incompleto e ensino fundamental completo, crescimento do percentual da população com ensino médio incompleto, ensino médio completo e ensino superior completo, e relativa estabilidade do percentual da população com ensino superior incompleto.
Se, por um lado, a proporção de pessoas sem instrução caiu de 5,1% (em 2016) para a mínima histórica de 3,8% (em 2024), o percentual daqueles com nível superior completo subiu de 14,4% (em 2016) para o maior patamar da série em 2024: 19,0%.
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