03 de dezembro, de 2025 | 07:00
UFOP: Ipatinga vai se transformar
Antonio Nahas Junior *
No dia da publicação da Portaria do MEC, autorizando o início das atividades do Campus de Ipatinga, estava, por coincidência, em Ouro Preto, acompanhando a concessão pela UFOP do título de Doutor Honoris Causa aos meus amigos Nilmário Miranda e Ângelo Osvaldo, prefeito de Ouro Preto.
Nessa cerimônia, o reitor Luciano Campos anunciou, com entusiasmo a abertura do novo campus. Segundo ele, trata-se de uma luta que durou 20 anos, mas que só se viabilizou a partir de 2024, após os novos investimentos feitos pelo Governo Federal para educação, incluídos no Novo PAC.
Homem dinâmico, acostumado a enfrentar e a vencer desafios, Campos afirmou que seus gestores têm que "pensar grande": pensar sempre no crescimento e fortalecimento daquela instituição, que tanto contribuiu para o crescimento do nosso Estado.
Relatou ainda que o corpo administrativo da UFOP trabalhou por oito meses para que a portaria fosse publicada antes do encerramento do SISU, viabilizando o início das aulas em 2026.
Afirmou que o novo campus fortalece toda a Universidade: "Ipatinga vem para somar, ajudar a UFOP a crescer, melhorar o nosso ensino, pesquisa e extensão".
O curso de Pedagogia vai começar em abril, em espaço alugado pelo município no bairro Cidade Nobre. No segundo semestre, deve iniciar-se o curso de Direito.
E, ao longo do ano, a depender da evolução das obras de construção do Campus, outros quatro cursos, entre eles, Medicina.
Um ótimo início, que contou com apoio tanto da Administração Municipal como de deputados da região. Rosangela Reis e Celinho Sintrocel contribuíram de forma decisiva para agilização do projeto e atração de 60 milhões de reais para construção do Novo Campus.
Seria importante que a administração de Ipatinga liderasse o diálogo para o apoio financeiro e agilização da construção do novo campus”
E o município fez a doação do terreno da antiga Suplan, que colocará a UFOP no coração da cidade. Foram movimentos excelentes. Mas ainda são passos iniciais. A implantação de uma universidade de porte, com impacto decisivo na vida da nossa cidade, com variedade de cursos em todas as áreas; com laboratórios, centros de pesquisa, exige bem mais que isso.
E não seria justo nem oportuno esperar que tudo venha do Governo Federal, que vive - e continuará a viver - problemas financeiros de toda ordem. Além disso, todos nós sabemos a instabilidade do mundo político.
Colaboração mútua - Os novos cursos da UFOP virão beneficiar muito as famílias da nossa região. Muita gente vai poder estudar por aqui mesmo, o que será um alívio. E virão estudantes de fora, o que vai movimentar bastante a cidade. Mas faltará dinheiro para construção dos novos módulos do Campus, o que pode inviabilizar o curso de Medicina, Direito, Enfermagem, Fonoaudiologia. Sem verba suficiente, a construção do Campus pode atrasar e sua viabilização se tornar uma verdadeira novela.
Uma hipótese para solucionar esta questão seria o estabelecimento de diálogo entre a administração municipal, empresários e demais interessados com a Reitoria da UFOP, tanto para viabilizar soluções para a continuidade das obras, como para sintonizar a viabilização do Campus com os interesses e expectativas da região.
Sem verba suficiente, a construção do Campus pode atrasar e sua viabilização se tornar uma verdadeira novela”
Vemos que em Ipatinga e em todo o Vale, o setor industrial é o principal componente do PIB e vive desafios e pressões de toda ordem. Como o próprio Reitor declarou, a UFOP é uma instituição de ensino, pesquisa e extensão, fornecendo. Assim, poderia contribuir para treinamento e capacitação da mão de obra contratada pelas empresas, fazendo com que suas habilidades e funções sejam atualizadas frente às crescentes mudanças tecnológicas que vimos no mundo de hoje. Poderia também trazer tecnologias para a transição energética da indústria siderúrgica, na busca de soluções para a redução das emissões de carbono.
Seria possível também pensar no amadurecimento de soluções para a descarbonização do aço, o que vai levar ao aumento da competitividade dos produtos siderúrgicos.
O amadurecimento dessas parcerias encurtaria tempo, fortaleceria o Campus. Basta ver o que ocorre em Itabira, onde está sendo erguido pela Vale o Campus da Unifei (Universidade Federal de Itajubá), cuja construção ficará em mais de 150 milhões de reais.
Seria importante que a administração de Ipatinga promovesse e liderasse este diálogo, procurando tanto apoio financeiro para a agilização e complementação da construção do novo campus como para levar à universidade as demandas e expectativas de todos nós.
A UFOP está aberta a este diálogo: "Estamos de portas abertas para conversar sobre esse grande projeto que é a chegada da Universidade no Vale do Aço. Ipatinga será um grande orgulho para a nossa Universidade", declarou o Reitor. A administração municipal já fez muito, doando o terreno e alugando imóvel para o funcionamento da UFOP. Mas pode fazer muito mais. Há sempre possibilidades para atração de recursos para um projeto tão estratégico.
* Economista, empresário. Ex-Secretário de Planejamento da Prefeitura de Ipatinga. Ex-Diretor de Orçamento e Finanças da UFOP.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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