30 de novembro, de 2025 | 08:50

Cresce número de notificações de Aids na RMVA, aponta dados da SES-MG

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

As notificações de Aids voltaram a crescer na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) entre 2023 e 2024, saltando de 18 casos registrados em 2023 para 34 notificações no ano passado, o que representa um aumento de 88,89%. Quando analisados os registros de HIV, percebe-se uma oscilação, visto que foram 83 casos em 2023, e em 2024 o número chegou a 80. As estatísticas foram extraídas do portal de dados abertos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) pela reportagem do Diário do Aço.

O médico infectologista Pedro Henriques, que atua na Fundação São Francisco Xavier (FSFX), em Ipatinga, analisa que do ponto de vista epidemiológico, o Brasil apresenta aumento na detecção de novos casos, mas redução contínua da mortalidade, reflexo direto do acesso ao diagnóstico e ao tratamento gratuitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), modelo que é referência mundial. Nesta segunda-feira, 1º de dezembro, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção à Aids, data voltada para reforçar ações de testagem, informação e enfrentamento ao estigma carregado pela doença.

Os dados mais recentes, referentes a 2025 e consolidados até 5 de novembro, mostram que a RMVA já registra 22 casos de Aids e 76 notificações de HIV. Em 2022, a região havia contabilizado 35 notificações de Aids e 106 casos de HIV.
O infectologista destaca que o tratamento para o HIV evoluiu profundamente nas últimas décadas, tornando-se moderno, seguro e com baixas taxas de efeitos adversos.

“Hoje uma pessoa que vive com o HIV e segue o tratamento corretamente tem praticamente a mesma expectativa de vida da população geral. Desde 2013, o Ministério da Saúde indica o tratamento precoce e universal, logo após o diagnóstico, para impedir a evolução da infecção para Aids e preservar a qualidade de vida”, explica.


No entanto, é necessário que as pessoas estejam atentas às testagens, sobretudo as que têm a vida sexual ativa.
“A grande maioria das pessoas infectadas é assintomática nos primeiros anos, fazendo com que o exame seja o único caminho para detectar a infecção. A recomendação, para quem é sexualmente ativo, é testar pelo menos uma vez ao ano e, em pessoas com maior risco, reduzir o intervalo entre as testagens. O SUS oferece testes rápidos e exames imunológicos que identificam fragmentos do vírus ou anticorpos produzidos pelo organismo”, orienta o profissional. Em Ipatinga, o teste de HIV/Aids pode ser feito no SAE Ampliado – Serviço de Atenção Especializado Ampliado, antigo Centro de Controle de Doenças Infectoparasitárias (CCDIP). A unidade, localizada na avenida Zita de Oliveira, 555, no Novo Centro, é uma referência no tratamento de HIV/Aids, dentre outras doenças.





Prevenção
No campo da prevenção, a ciência também trouxe novas estratégias. A PrEP (prevenção pré- exposição) usa medicamentos antes da relação sexual para impedir a entrada do vírus nas células. Segura e altamente eficaz, ela oferece mais de 95% de proteção. São Paulo é um exemplo marcante: após a ampliação da PrEP, a cidade registrou redução superior a 50% na detecção de novos casos de HIV. Já a PEP (profilaxia pós-exposição), utilizada após uma situação de risco, deve ser iniciada o mais rápido possível e mantida por 28 dias para assegurar a eficácia.

HIV com pouca oscilação
O levantamento feito pelo Diário do Aço mostra ainda que na área de abrangência da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano foram registrados 68 casos em 2021, um salto expressivo para 206 em 2022, seguido de 118 casos em 2023, 117 em 2024 e 118 em 2025, considerando dados atualizados até 5 de novembro deste ano. No acumulado de 2013 a 2025, foram notificados 1.637 casos de HIV.

No caso da Aids, a SRS apresentou 19 registros em 2021, 33 em 2022, 29 casos em 2023, uma alta considerável para 52 ocorrências em 2024 e 31 em 2025. Desde 2013, a região já totaliza 601 notificações de Aids.

Entenda a diferença entre HIV e Aids

HIV é o vírus que enfraquece o sistema imunológico. Com diagnóstico precoce e tratamento antirretroviral, a pessoa pode viver normalmente e evitar a progressão da doença.
A Aids é o estágio avançado da infecção, quando o organismo está mais vulnerável e apresenta infecções oportunistas. Nem toda pessoa com HIV desenvolve Aids, e quem faz o tratamento regularmente pode se manter saudável, com carga viral indetectável e intransmissível.

Dados por municípios da RMVA

2025 - até 5/11
Aids: 10 (Ipatinga), 6 (Coronel Fabriciano), 1 (Santana do Paraíso), 1 (Timóteo).

HIV: 36 (Ipatinga), 22 (Coronel Fabriciano), 8 (Santana do Paraíso), 10 (Timóteo).

2024
Aids: 16 (Ipatinga), 15 (Fabriciano), 0 (Santana do Paraíso), 3 (Timóteo).

HIV: 48 (Ipatinga), 11 (Fabriciano), 7 (Santana do Paraíso), 16 (Timóteo).

2023
Aids: 11 (Ipatinga), 5 (Fabriciano), 0 (Santana do Paraíso), 2 (Timóteo).
HIV: 45 (Ipatinga), 12 (Fabriciano), 6 (Santana do Paraíso), 20 (Timóteo).