26 de novembro, de 2025 | 07:00
COP 30: Um novo recomeço
Antonio Nahas Junior *
Muito vai se escrever ainda sobre a COP 30, sobretudo procurando resolver um dilema insolúvel: a Conferência foi um fracasso ou um sucesso? Muito se escreverá e o dilema continuará. Todas as COPs foram um misto de busca de soluções; negociações inconclusas; acordos e pactos discutidos mas nem sempre selados; contradições; discussões sem fim.
Nesta COP o clima difuso, pouco claro, voltou com toda força. Com dois agravantes: a ausência dos Estados Unidos e a premonição do futuro do planeta, proporcionada pelo incêndio nas instalações da COP, gerada por falta de cuidado dos funcionários da ONU.
Uma coisa, porém, é certa na nossa vida: sem dinheiro nada se faz. E, por mais que se reclame das discussões da COP; uma cláusula fundamental foi mantida: a exigência para que os países ricos tripliquem seus gastos para ajudar outros países a se adaptarem ao aquecimento global.
Gol de placa. Dinheiro para ajudar os países mais pobres, na Ásia e África, que não foram responsáveis pelas emissões de carbono a preservar suas florestas; combater a desertificação de áreas degradadas; proteger seus recursos hídricos; preservar suas populações contra tragédias climáticas que virão.
Além disso foi acordado o valor de 1,3 trilhão de dólares por ano, até 2035 para financiamento de ações climáticas.
E, num evento paralelo, foi lançado o TFFF - Fundo de Florestas Tropicais para Sempre -, que receberá valores para que sejam investidos na preservação das florestas tropicais. Seria o pagamento aos países que preservem suas florestas. Ou seja: a preservação passará a ser rentável.
Agora, entre a COP 30 e a COP 31, caberá à Convenção Quadro Sobre Mudanças Climáticas - órgão da ONU - a execução das decisões tomadas. E mais: o Brasil atuará como presidente da COP até novembro de 2026, o que deverá agilizar a implementação das decisões.
O Brasil atuará como presidente da COP até novembro de 2026, o que deverá agilizar a implementação das decisões”
Será ao longo deste ano que poderemos realmente ver se a COP valeu ou não a pena. Havendo dinheiro, as decisões tomadas, mesmo que vagas, poderão ser implementadas. Vamos aguardar e esperar que nosso Embaixador Presidente da COP consiga agir com agilidade e competência.
Mas não se trata de esperar sentado. O Brasil ganhou visibilidade internacional com a COP e, como já foi divulgado, o país pode se tornar um exportador internacional de créditos de carbono.
Mas, para isto, temos que nos tornar rapidamente um país carbono neutro. Atualmente somos o sexto maior emissor de carbono do mundo e nossas emissões superam as ações de preservação e mitigação. A meta do Brasil deverá ser inverter este jogo, tornando a preservação e mitigação superiores às emissões.
Rompido este obstáculo, aí sim, criamos mercado e condições de nos tornarmos um exportador de créditos de carbono.
Os Estados também devem contribuir. Minas Gerais fez seu Plano Local de Ação Climática; inventariou suas emissões de carbono e definiu como reduzi-las. O Estado emitiu em 2019 (último ano inventariado) 126,5 milhões de toneladas de carbono, sendo que 50% das emissões foram relacionadas à agricultura, pastagens, uso da terra.
Os estudos mostram o abundante uso de combustíveis fósseis pela economia mineira, seja no transporte público e de cargas, como na produção industrial e agrícola.
A mesma realidade acontece nos municípios. Seria oportuno que as cidades do Vale do Aço concluíssem seus inventários de emissões e transformassem em Leis municipais suas metas de redução das emissões. O transporte público e de cargas; o incentivo à utilização de energia solar e políticas de mitigação e compensação das emissões poderiam fazer com que nossa região se tornasse um exemplo. No Vale a indústria de transformação tem peso considerável e a abertura de diálogo sobre transição energética e redução das emissões de CO2 é uma necessidade. Enfim: não basta ficar esperando a COP. Temos que fazer nossa parte.
Para quem deseja mais informações sobre as decisões da COP, segue o link: cop30.br.
* Economista. Empresário. Na luta pela defesa do Planeta.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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