21 de novembro, de 2025 | 07:00
Entre fé e compromisso: a missão marista no caminho do antirracismo
Gabriel Pequeno *
No mês de outubro deste ano, enquanto comunidade confessional católica, fomos agraciados com a primeira exortação apostólica do pontificado do Papa Leão XIV, nomeada Dilexi Te. A mais nova documentação organizada pelo Santo Padre nos direciona a pensar o amor pelos menos favorecidos e injustiçados do mundo.
Ao longo de sua análise, Leão XIV retoma a gênese do instituto dos Irmãos Maristas em 1817 como farol de esperança na garantia de direitos fundamentais e promoção da justiça social. Nas palavras do Santo Padre, São Marcelino Champagnat funda o Instituto dos Irmãos Maristas das Escolas, sensível às necessidades espirituais e educativas da sua época, sobretudo a ignorância religiosa e as situações de abandono vividas em particular pela juventude, dedicando-se com todo o afinco, num período em que o acesso à educação continuava a ser um privilégio de poucos, à missão de educar e evangelizar crianças e jovens, especialmente os mais necessitados”.
Ao vivenciarmos o mês de novembro e centrarmos nossas intenções no contexto da celebração do Dia da Consciência Negra, somos também convidados a repensar nossa atuação como sujeitos históricos diante dos desafios do nosso tempo. A tradição confessional Marista nos chama a retomar a interculturalidade e o enfrentamento às injustiças como parte fundante de nossos projetos de vida, assim como fez São Marcelino Champagnat ao subverter a lógica da sociedade francesa no século XIX. Em nosso fazer pedagógico, cada vez mais motivamos a inserção de discussões associadas ao antirracismo e da valorização das tradições e movimentos culturais de matriz africana e afro-brasileira.
No Colégio Marista São José Tijuca, conectando esse horizonte que nos inspira, iniciamos, desde 14 de novembro, uma programação que reafirma nosso compromisso com a educação antirracista e com a valorização da diversidade, da identidade e da ancestralidade em todas as etapas do aprendizado. A iniciativa envolve os setores do colégio: Pastoral, Núcleo de Atividades Complementares, Tecnologia Educacional, Comunicação e segmentos pedagógicos em uma ação integrada que convida à reflexão, à experiência e ao reconhecimento da riqueza cultural afro-brasileira.
A mais nova documentação organizada pelo Santo Padre nos direciona a pensar o amor pelos menos favorecidos
Em parceria com o Instituto Pretos Novos (IPN), a escola recebeu oficineiros e palestrantes para a realização de atividades e vivências voltadas aos estudantes de todos os segmentos, da Educação Infantil ao Ensino Médio. As propostas incluíram oficinas, rodas de conversas e experiências formativas, criando espaços de cultura e pertencimento. Também em parceria com o Instituto Brasileiro de Capoeira Educação, tivemos momentos de rodas de capoeira e musicalidade.
Vivenciamos, ainda, uma formação continuada para os nossos colaboradores, em um painel interativo, com a presença de representantes da escola, promovendo trocas sobre identidade, representatividade e práticas antirracistas. A dinâmica contou com um QR Code que reuniu perguntas e contribuições dos participantes, fortalecendo o protagonismo coletivo.
As propostas foram vivenciadas respeitando-se a singularidade de cada faixa etária. Na Educação Infantil, por exemplo, o foco foi o reconhecimento e a apropriação cultural, com experiências ligadas à natureza e ao letramento racial de forma lúdica e afetiva.
A ação reafirma o propósito marista de formar sujeitos conscientes e comprometidos com a transformação social porque a Consciência Negra é um exercício cotidiano de escuta e respeito.
* Coordenador pedagógico do 6º ao 8 ano do Ensino Fundamental - Anos Finais do Colégio Marista São José - Tijuca.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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