19 de novembro, de 2025 | 07:00
COP 30: Vale do Aço presente
Antônio Nahas Júnior *
A COP 30 tem sido e será um sucesso, de representatividade, participação de movimentos sociais e de aprovação de acordos e compromissos. Boa parte disso se deve ao presidente Lula, que se fez presente durante os principais eventos e hospedou-se num transatlântico, no entorno da ilha de Marajó. Esse ato simbólico teve ótima repercussão mundo afora, neutralizando a imagem negativa produzida pelas notícias referentes à falta de estrutura para realização da COP.
Já o presidente da COP, André Correia do Lago não ficou atrás. Eu nunca tinha ouvido falar nele. E o diplomata deu um show de habilidade, conhecimento, presença e senso de oportunidade. Colocou de forma clara e profunda temas centrais a serem tratados na COP nas dez cartas que publicou.
A presença dos movimentos sociais também deu colorido e representatividade ao evento, sobretudo pela Marcha Global pelo Clima, que reuniu mais de 70 mil pessoas, de 65 países, incluindo lideranças de povos originários e populações tradicionais. Foi feito o "funeral dos combustíveis fósseis", no qual três caixões simbolizavam o fim do carvão, do gás e do petróleo e a conservação da Amazônia. Pessoas vestidas de onça conduziram o cortejo, seguidas por esqueletos de três metros de altura, um globo terrestre e outras alegorias representando a transição energética sustentável. Havia três anos que esta manifestação não era realizada, pois fora proibida nas outras COPs. E mais desafiador e interessante: a ministra Marina Silva também participou.
Agora, estamos na semana decisiva: 118 países apresentaram suas metas de redução de emissão de carbono, que são chamadas de NDCs. Trata-se de um compromisso internacional firmado por nações. Se não há sanções estabelecidas, é um ótimo ponto de partida para estimular as políticas nacionais de transição energética, mitigação das emissões e adaptação às mudanças climáticas. E deram resultado.
Parabéns ao Diário do Aço pela cobertura da presença na COP da Rede Colaborativa do Rio Doce”
Estudo feito pelo órgão da ONU responsável por acompanhar e estudar o clima - UNFCC -, divulgado na primeira semana da COP revelou que, apenas com as NDCs já informadas à COP até então, a redução das emissões para os anos futuros será de 12%. Isso mesmo: doze por cento. Se não há garantia de cumprimento da meta do Acordo de Paris, onde o aumento da temperatura global ficaria em 1,5% grau até meados do século, pelo menos foi um grande avanço.
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Há avanços, mas ainda insuficientes. Cientistas de todo mundo organizaram manifestação na Zona Azul, onde ficam os representantes das delegações da ONU, no Painel de Ciências Planetárias mostrando o chamado Orçamento do Carbono. Mostraram que a emissão de mais 178 bilhões de toneladas de carbono vai comprometer irremediavelmente o clima. E que, só este ano, 38 bilhões de toneladas foram emitidas. Ou seja: em menos de 5 anos a temperatura global se elevará em 1,5 graus.
Ou seja: é possível conter o aquecimento global, desde que haja empenho e colaboração de todos os países interessados. Conseguir consenso entre países é muito difícil. O caminho das COPS não é e nunca será uma linha reta. Basta vermos a postura oscilante e descompromissada dos EUA. Mas vale a pena perseverarmos nele.
Nesta semana, sobretudo quinta-feira e sexta serão decisivas. Será nesses dias que decisões mais importantes serão tomadas.Vamos torcer.
O Vale do Aço - Parabéns ao Diário do Aço pela cobertura da presença na COP da Rede Colaborativa do Rio Doce. Fica meu reconhecimento pela iniciativa maravilhosa de João Costa e Beatriz Xavier, que levaram a Belém a Carta da Rede, contendo reflexões sobre o Rio Doce. Participaram do Salão Verde, encontraram com ministros e autoridades de todo mundo. João Costa é doutor em planejamento urbano e Superintendente da Santa Casa. Trabalha naquela Rede como voluntário e morador da região. Sabe o que diz. E sabe agir.
Fica meu reconhecimento pela iniciativa de João Costa e Beatriz Xavier, que levaram a Belém a Carta da Rede, contendo reflexões sobre o Rio Doce”
Sua participação nos será muito útil e necessária. O Vale ficou meio de lado nesta COP. Mas o importante agora é colher seus resultados e pratica-los. Aqui temos indústrias de transformação, emissoras de CO2 que, certamente, seguem em busca de alternativas para redução e mitigação das suas emissões. Podem reduzir na sua própria atividade, mas também podem compensar suas emissões com investimentos em outras áreas.
Por aqui existe o Parque Estadual do Rio Doce, além de muitas áreas degradadas. Há queimadas em áreas protegidas; uso de combustíveis fósseis pelo transporte de cargas e coletivo consumidores. São grandes consumidores de óleo diesel e, consequentemente, emissores de CO2. Ações nesta área podem tanto reduzir as emissões quanto aumentarem a fixação de CO2 pela natureza. O nome desta ação, prevista no acordo de Paris é mitigação. Quem sabe a COP nos ilumine a traçar um caminho útil e vencedor entre estas duas partes.
* Economista, empresário. Na luta pela sustentabilidade do Planeta.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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