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18 de novembro, de 2025 | 07:00

Rede Colaborativa do Rio Doce entrega Carta ao Ministro da Saúde na COP30 e participa de debates sobre gênero, ciência e clima

João Costa Aguiar Filho *

Bruno Peres/Agência Brasil

O segundo dia de participação da Rede Colaborativa do Rio Doce na COP30 foi marcado por intensos debates, mobilizações e importantes encontros institucionais. As atividades começaram às 8h, na Fundação Cultural do Estado do Pará, onde uma grande fila se formava para o Seminário do Grupo Mulheres do Brasil, reunindo inúmeras mulheres e alguns homens de diferentes estados e países.

O Grupo Mulheres do Brasil, fundado em 2013 e liderado por Luiza Helena Trajano, é uma organização suprapartidária que hoje conta com mais de 135 mil integrantes no Brasil e no exterior, comprometida com o fortalecimento da cidadania e o protagonismo feminino na transformação social.

Estiveram presentes a Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, além das secretárias de Cultura e de Mulheres do Estado do Pará, que destacaram o papel das mulheres na defesa do planeta e na construção de políticas climáticas inclusivas.

Em diferentes espaços da Blue Zone, da Green Zone e na Cúpula dos Povos, as mulheres têm exercido um papel de protagonismo na COP30, participando de painéis, rodas de conversa e atos públicos que reafirmam a importância de colocar a justiça climática e a igualdade de gênero no centro das decisões globais.

A ciência fala alto: 1,5°C é um limite, não uma meta - Enquanto isso, no âmbito oficial da conferência, as negociações diplomáticas continuaram. O dia foi marcado pela entrega da Carta dos Cientistas, elaborada por pesquisadores que integram o Pavilhão de Ciência Planetária - criado a pedido do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 com o objetivo de aproximar a ciência das decisões políticas.

O documento é um alerta contundente à humanidade: "1,5°C não é uma meta, não é um objetivo - é um limite. Ignorar esse limite coloca em risco bilhões de pessoas e empurra o mundo para pontos de não retorno climáticos."
Os cientistas enfatizam que é urgente fortalecer o diálogo entre ciência e diplomacia e exigem que as evidências científicas sejam incorporadas às decisões imediatas sobre mitigação, adaptação e financiamento climático.
“A Carta do Rio Doce destaca a luta por práticas regenerativas e de recuperação de áreas degradadas”


Saúde, Amazônia e justiça climática - A sexta-feira também foi marcada por um Ato em Defesa da Saúde e do Clima, realizado no âmbito da Cúpula dos Povos, movimento que reúne cerca de 11 mil participantes de todos os continentes - representantes de comunidades tradicionais, entidades sociais, movimentos ambientais e universidades. Como a própria Cúpula descreve, “é um movimento que desde 1992 se ergue como um grito de resistência, um eco das vozes silenciadas pela desigualdade”.

Durante o evento, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou a Agenda Mais Saúde Amazônia Brasil, uma estratégia nacional voltada à ampliação do acesso aos serviços de saúde e à redução das desigualdades históricas na Amazônia Legal. O ministro também destacou o lançamento oficial, na Blue Zone, do Plano de Ação em Saúde de Belém (BHAP – Belém Health Action Plan), primeiro plano de adaptação climática para a saúde apresentado em uma Conferência das Partes das Nações Unidas — um marco histórico que reafirma o papel do Brasil como protagonista nas políticas globais de saúde e clima.

CARTA DO RIO DOCE: Voz das comunidades na Cúpula dos Povos - Durante o mesmo ato, os representantes da Rede Colaborativa do Rio Doce puderam entregar pessoalmente ao Ministro Alexandre Padilha a
“Carta do Rio Doce”, documento elaborado coletivamente pelo II Encontro da Rede Colaborativa de Desenvolvimento Ambiental, Econômico e Sociocultural do Rio Doce. A entrega simboliza o compromisso da Rede com a defesa da vida, a regeneração ambiental e o protagonismo das populações locais. A Carta do Rio Doce destaca:

▪ A necessidade de reconhecimento e valorização das comunidades tradicionais na governança da recuperação da bacia;

▪ A luta por práticas regenerativas e de recuperação de áreas degradadas;

▪ O financiamento direto e transparente para as comunidades e municípios atingidos;

▪ A exigência de uso claro e responsável dos recursos do Novo Acordo do Rio Doce, com foco em reparação e desenvolvimento local.

Ao receber o documento, o Ministro expressou apoio à iniciativa e reafirmou o compromisso do Governo Federal em articular ações conjuntas entre os ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Povos originários, para garantir que as populações do Rio Doce e da Amazônia estejam no centro das soluções climáticas.

* Diretor Jurídico, Governança, Planejamento e Pessoas da Santa Casa BH, Membro da Coordenação da Rede Colaborativa do Rio Doce.

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