16 de novembro, de 2025 | 11:26
Rede Colaborativa do Rio Doce entrega Carta ao Ministro da Saúde na COP30 e participa de debates sobre gênero, ciência e clima
João Costa Aguiar Filho *
Bruno Perez /Agência Brasil
Sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima
Sede da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do climaO segundo dia de participação da Rede Colaborativa do Rio Doce na COP30 foi marcado por intensos debates, mobilizações e importantes encontros institucionais. As atividades começaram às 8h, na Fundação Cultural do Estado do Pará, onde uma grande fila se formava para o Seminário do Grupo Mulheres do Brasil, reunindo inúmeras mulheres e alguns homens de diferentes estados e países.
O Grupo Mulheres do Brasil, fundado em 2013 e liderado por Luiza Helena Trajano, é uma organização suprapartidária que hoje conta com mais de 135 mil integrantes no Brasil e no exterior, comprometida com o fortalecimento da cidadania e o protagonismo feminino na transformação social.
A abertura do evento foi marcada por um clima de celebração e engajamento. A cantora paraense Paula Rodrigues emocionou o público com sua apresentação musical, e, em seguida, lideranças femininas ocuparam o palco. Estiveram presentes a Ministra das Mulheres, Márcia Lopes, a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, além das secretárias de Cultura e de Mulheres do Estado do Pará, que destacaram o papel das mulheres na defesa do planeta e na construção de políticas climáticas inclusivas.
Em diferentes espaços da Blue Zone, da Green Zone e na Cúpula dos Povos, as mulheres têm exercido um papel de protagonismo na COP30, participando de painéis, rodas de conversa e atos públicos que reafirmam a importância de colocar a justiça climática e a igualdade de gênero no centro das decisões globais.
A ciência fala alto: 1,5°C é um limite, não uma meta
Enquanto isso, no âmbito oficial da conferência, as negociações diplomáticas continuaram. O dia foi marcado pela entrega da Carta dos Cientistas, elaborada por pesquisadores que integram o Pavilhão de Ciência Planetária - criado a pedido do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30 - com o objetivo de aproximar a ciência das decisões políticas.O documento é um alerta contundente à humanidade: "1,5°C não é uma meta, não é um objetivo - é um limite. Ignorar esse limite coloca em risco bilhões de pessoas e empurra o mundo para pontos de não retorno climáticos."
Os cientistas enfatizam que é urgente fortalecer o diálogo entre ciência e diplomacia e exigem que as evidências científicas sejam incorporadas às decisões imediatas sobre mitigação, adaptação e financiamento climático.
Saúde, Amazônia e justiça climática
A sexta-feira também foi marcada por um Ato em Defesa da Saúde e do Clima, realizado no âmbito da Cúpula dos Povos, movimento que reúne cerca de 11 mil participantes de todos os continentes - representantes de comunidades tradicionais, entidades sociais, movimentos ambientais e universidades. Como a própria Cúpula descreve, é um movimento que desde 1992 se ergue como um grito de resistência, um eco das vozes silenciadas pela desigualdade”.Durante o evento, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apresentou a Agenda Mais Saúde Amazônia Brasil, uma estratégia nacional voltada à ampliação do acesso aos serviços de saúde e à redução das desigualdades históricas na Amazônia Legal. O ministro também destacou o lançamento oficial, na Blue Zone, do Plano de Ação em Saúde de Belém (BHAP Belém Health Action Plan), primeiro plano de adaptação climática para a saúde apresentado em uma Conferência das Partes das Nações Unidas um marco histórico que reafirma o papel do Brasil como protagonista nas políticas globais de saúde e clima.
CARTA DO RIO DOCE: Voz das comunidades na Cúpula dos Povos
Durante o mesmo ato, os representantes da Rede Colaborativa do Rio Doce puderam entregar pessoalmente ao Ministro Alexandre Padilha a Carta do Rio Doce”, documento elaborado coletivamente pelo II Encontro da Rede Colaborativa de Desenvolvimento Ambiental, Econômico e Sociocultural do Rio Doce.A entrega simboliza o compromisso da Rede com a defesa da vida, a regeneração ambiental e o protagonismo das populações locais. A Carta do Rio Doce destaca:
▪️ a necessidade de reconhecimento e valorização das comunidades tradicionais na governança da recuperação da bacia;
▪️ a luta por práticas regenerativas e de recuperação de áreas degradadas;
▪️ o financiamento direto e transparente para as comunidades e municípios atingidos;
▪️ e a exigência de uso claro e responsável dos recursos do Novo Acordo do Rio Doce, com foco em reparação e desenvolvimento local.
Ao receber o documento, o Ministro expressou apoio à iniciativa e reafirmou o compromisso do Governo Federal em articular ações conjuntas entre os ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Povos originários, para garantir que as populações do Rio Doce e da Amazônia estejam no centro das soluções climáticas.
Um pedaço da floresta no coração de Belém
Encerrando o dia, visitamos as imediações do Bosque Rodrigues Alves, uma das áreas verdes mais emblemáticas de Belém.
Com seus 150 mil metros quadrados, o bosque representa um fragmento vivo da floresta amazônica preservada no coração da cidade - um símbolo poderoso da integração entre natureza, cultura e urbanidade. Como temos afirmado ao longo da COP30, a Amazônia inspira e expira soluções para o clima planetário. Que sua voz continue ecoando nas decisões que moldarão o futuro da Terra.
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