15 de novembro, de 2025 | 06:00
Representantes da Santa Casa BH e Rede Rio Doce participam da COP30 em Belém do Pará
João Costa Aguiar Filho *
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) iniciou suas atividades em Belém com uma energia vibrante e compromissada com o futuro da Amazônia e do planeta. Representando a Santa Casa BH e a Rede Colaborativa do Rio Doce, estou vivenciando intensamente cada momento desse encontro histórico, ao lado de Luciana Tameirão, Superintendente de Governança, Qualidade e Planejamento; Beatriz Xavier, referência do Programa de ASG da Santa Casa BH; e Everardo Lopes, membro da Rede Rio Doce e organizador do Festival Ecoenvelhescência de Brasília.
Chegamos a Belém no dia 12 de novembro, e desde então a agenda tem sido intensa e inspiradora. Participamos do evento Saúde e Meio Ambiente, que reuniu instituições engajadas no Movimento Hospitais Saudáveis, iniciativa que promove práticas de sustentabilidade no ambiente hospitalar e debate o papel do setor saúde na mitigação das mudanças climáticas. O encontro ocorreu no Instituto de Ciências das Artes, na Praça da República, e revelou experiências de hospitais brasileiros comprometidos com a eficiência energética, a gestão ambiental e a promoção de comunidades mais saudáveis.
À noite, tivemos o privilégio de assistir à magnífica ópera I-Juca Pirama”, inspirada no poema homônimo de Gonçalves Dias, com libreto de Paulo Coelho e trilha composta por Gilberto Gil e Aldo Brizzi, apresentada no histórico Theatro da Paz. O espetáculo foi um tributo à cultura e à ancestralidade amazônica, simbolizando de forma poética o diálogo entre tradição e modernidade que permeia toda a COP30.
A experiência na COP30 tem sido um aprendizado profundo e um chamado à ação”
Belém se revela uma cidade de rara beleza e importância histórica. Seus monumentos coloniais restaurados, aliados à modernização da infraestrutura urbana, criam um ambiente acolhedor, capaz de acolher com excelência um evento da magnitude da COP. Nas ruas, nos debates e nos corredores dos pavilhões, há um consenso: foi uma escolha acertada realizar a Conferência no coração da Amazônia. Aqui, a exuberância da floresta e dos rios convive com os sinais alarmantes da crise climática - secas prolongadas, enchentes devastadoras e desastres naturais cada vez mais frequentes.
Os exemplos recentes, como as enchentes no Rio Grande do Sul, o tornado em Rio Bonito (PR) e a seca severa nos rios Negro e Solimões, ilustram o que os cientistas previam para o final do século, mas que já se manifesta de forma dramática. Isso reforça a urgência de ações globais imediatas para adaptação, mitigação e financiamento de políticas climáticas.
A COP30 se estrutura em dois grandes eixos de mobilização: a Blue Zone, onde se concentram os representantes dos Estados nacionais e suas delegações, responsáveis pelas negociações oficiais; e a Green Zone, espaço vibrante da sociedade civil, onde movimentos, instituições e coletivos apresentam propostas e experiências transformadoras. Paralelamente, ocorre na Universidade Federal do Pará (UFPA) a Cúpula dos Povos, que reúne movimentos sociais de todo o mundo e divulgará publicamente suas deliberações no próximo sábado.
Há um consenso: foi uma escolha acertada realizar a Conferência no coração da Amazônia”
Hoje, tivemos encontros e diálogos significativos. Conversamos com Ingrid Silveira, Secretária Executiva da Rede Cerrado, sobre as ameaças e desafios compartilhados entre o Cerrado e a Mata Atlântica, bioma onde se encontra o Rio Doce. Também participamos do lançamento do documento Impacta COP30 Posicionamento e Propostas do Instituto Ethos para a Integridade Socioambiental”, uma contribuição fundamental para integrar ética, sustentabilidade e justiça social nas políticas públicas e privadas.
Encerramos o dia visitando dois cartões-postais belenenses: o Porto do Presépio e as Docas de Belém, espaços que simbolizam a convivência harmônica entre história, cultura e desenvolvimento sustentável.
A experiência na COP30 tem sido um aprendizado profundo e um chamado à ação. Representar a Santa Casa BH e a Rede Colaborativa do Rio Doce neste espaço global é reafirmar o compromisso institucional com a saúde, a sustentabilidade e a vida - valores indissociáveis num planeta em transformação. Amanhã, procuraremos continuar repercutindo a Carta do Rio Doce.
* Diretor Jurídico, Governança, Planejamento e Pessoas da Santa Casa BH, Membro da Coordenação da Rede Colaborativa do Rio Doce.
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