11 de novembro, de 2025 | 08:45

Ipatinga prorroga situação de emergência por avanço de doenças respiratórias

Divulgação
Entre 28/9 e 8/11 foram registrados 31 casos de hospitalização e uma morte por SRAG em Ipatinga; A letalidade foi calculada em 3,23%Entre 28/9 e 8/11 foram registrados 31 casos de hospitalização e uma morte por SRAG em Ipatinga; A letalidade foi calculada em 3,23%

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

A administração municipal de Ipatinga optou por prorrogar por até 90 dias a situação de emergência em saúde pública para fins de prevenção e de enfrentamento da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

O decreto assinado pelo prefeito Gustavo Nunes (PL) foi publicado no Diário Oficial de 7/11 e, desde então, encontra-se em vigor.

O texto justifica que foram consideradas as informações técnicas que apontam alterações no comportamento epidemiológico da SRAG este ano, “visto que, mesmo após o término do período sazonal de outono/inverno, os óbitos decorrentes da síndrome continuam sendo registrados”. O documento ainda ressalta que, embora o número de casos de SRAG permaneça dentro do limite esperado em relação à curva epidêmica, “observa-se aumento no número de óbitos, em especial quando comparado aos meses de outubro e novembro de 2024, incluindo ocorrência recente de óbito por SRAG/covid em Ipatinga”.

Por fim, o decreto pontua que há uma tendência de elevação nas internações por SRAG em crianças, com necessidade crescente de leitos de UTI pediátrica, comportamento atípico em relação aos padrões observados nos períodos anteriores.

Dados
O painel de vigilância epidemiológica administrado pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), atualizado nesta segunda-feira (10), mostra que nas últimas seis semanas, que correspondem ao período de 28/9 a 8/11, foram registrados 31 casos de hospitalização e uma morte por SRAG em Ipatinga. A letalidade foi calculada em 3,23%.

No mesmo período do ano passado foram registradas 37 hospitalizações e um óbito, com uma letalidade de 2,70%.
Quando são observados os 35 municípios que compõem a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano, há 64 notificações de internações e um óbito.

No mesmo período do ano passado foram registrados 79 casos de hospitalizações e duas mortes.

Panorama de 2025
Até o dia 8 de novembro, foram contabilizadas 400 hospitalizações de munícipes ipatinguenses e 10 mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Até o mesmo período do ano passado, haviam sido registradas 374 internações, ou seja, 15,27% a menos; e 7 mortes, uma diferença de 42,86%.

Juntando os 35 municípios, a região de Saúde de Coronel Fabriciano tem, em 2025, 46 óbitos por SRAG, o que significa que 21,74% são de Ipatinga; e 1.171 hospitalizações, ou seja, 34,16% concentraram entre moradores da cidade ipatinguense.

Os números em 2025 nos demais municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço são: Coronel Fabriciano, 269 hospitalizações, 17 mortes e letalidade de 6,32%; Timóteo, 78 hospitalizações, 4 óbitos e letalidade de 5,13%; Santana do Paraíso, 66 hospitalizações, sem mortes, o que deixa zerado o índice de letalidade.

Antônio Dias, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Córrego Novo, Imbé de Minas, Mesquita e São João do Oriente têm um óbito, cada. Iapu contabiliza 2 mortes do SRAG este ano.

Crianças internadas
Em setembro de 2024, o governo de Ipatinga inaugurou oito novos leitos de UTI pediátrica no Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM), destinados ao atendimento de crianças que apresentem quadros graves de doenças respiratórias.
Para reforçar o atendimento, a Secretaria de Saúde de Ipatinga também habilitou dez leitos de suporte ventilatório. Em 2025, as crianças continuam como as principais vítimas da SRAG.

Bebês de até um ano de idade somam 122 internações, o que representa 30,50% do total de 400. O público de 1 a 9 anos contabiliza 86 hospitalizações. Além disso, 126 idosos foram internados com complicações respiratórias, o que significa 31,50% do total de hospitalizados.

Quando analisados os óbitos, 6 foram entre pessoas com mais de 60 anos, e dois em crianças entre 1 e 4 anos.

Vírus respiratórios são os causadores da síndrome

Entrevistada pelo Diário do Aço em outubro, Carmelinda Lobato, médica infectologista, explicou que a SRAG “é caracterizada principalmente por uma falta de ar muito grande”, geralmente causada por influenza, covid-19, entre outros vírus respiratórios.

“Aquela pessoa que tem sintomas gripais, principalmente relacionados aos vírus respiratórios, e de repente, começa a ter uma falta de ar muito importante, uma baixa saturação de oxigênio, deve procurar imediatamente uma unidade de emergência para ser atendida”, ressaltou.

Quanto à vacinação, Carmelinda faz um apelo à população para que busquem as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) mais próximas de suas residências e atualizem o cartão de vacina, pois a imunização é a forma mais eficaz de evitar o surgimento de casos graves, óbitos e colapso no sistema de saúde. Ela ainda lembra que é necessário vacinar contra a covid de forma anual.

“Tem muita gente que fala ‘eu tomei quatro doses, cinco doses, não preciso tomar mais vacina de covid’, e não é assim. A vacina de covid, assim como a vacina de influenza, deve ser atualizada anualmente. A cepa da covid muda todos os anos, e a vacina, de fato, é a principal arma que a gente tem para poder evitar a evolução dos casos para síndrome respiratória aguda grave”, afirmou.

Agravamento
A médica frisa que a imunização não evita que a pessoa contraia o vírus, mas evita a forma mais grave da doença. “Nós estamos observando surtos de covid dentro de asilos, e nós não tivemos nenhum caso de síndrome respiratória, apesar dos idosos estarem contaminados pelo SARS-CoV-2, porque eles estão adequadamente vacinados. Se eles não tivessem se vacinado, seria um desastre”, revela a infectologista.

Para Carmelinda, é necessário que os profissionais de saúde também reforcem junto à população a necessidade de manter o ciclo vacinal em dia, mas também, é preciso que as pessoas tenham senso de coletividade.

“Se a pessoa está com sintomas gripais, com tosse, com coriza, dor de garganta, e febre, tudo isso associado, ela não tem que ficar saindo de casa. Ela tem que ficar dentro de casa, acompanhando as medidas de isolamento pelo menos durante cinco dias para evitar contaminar outras pessoas. Se for sair de casa, use máscara para evitar estar contaminando outras pessoas”, finalizou.




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