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07 de novembro, de 2025 | 15:23

Zema inclui Cemig no pacote de possíveis privatizações

Willian Dias/ALMG
Apesar das galerias cheias na casa Casa Legislativa, por apenas um voto, retirada de consulta popular sobre privatização foi aprovada  Apesar das galerias cheias na casa Casa Legislativa, por apenas um voto, retirada de consulta popular sobre privatização foi aprovada

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, por apenas um voto de diferença, a retirada da exigência de referendo popular para a privatização da Copasa, empresa presente em 689 municípios mineiros que atende 18,3 milhões de pessoas em abastecimento de água e 9,4 milhões em esgotamento sanitário. A emenda constitucional, aprovada após intensos debates, removeu o direito da população de opinar sobre a venda da companhia de saneamento.

Durante os debates na sessão, o deputado Celinho Sintrocel (PCdoB) alertou, citando o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, que o governo estadual "pretende vender o que não é seu". Segundo o parlamentar, "além de impedir a população de opinar, o governo quer agir como aquele inquilino que quer vender a casa sem consultar o dono. As concessões de saneamento são municipais, não estaduais. O mínimo que se pode fazer agora é ouvir as prefeituras e as câmaras municipais".

O acordo na ALMG manteve as proteções constitucionais para Gasmig, Cemig, Codemig e MGI. O presidente da Casa, deputado Tadeu Martins Leite, chegou a cobrar publicamente que o governo enviasse "o mais rápido possível" a adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag).

Surpresa
A surpresa veio com o ofício enviado pelo governador Romeu Zema (Novo) ao Tesouro Nacional: além da Copasa, o documento abre a possibilidade de incluir a Cemig no leque de ativos a serem cedidos, com ações avaliadas em R$ 13,5 bilhões. A medida contraria acordo estabelecido com a Assembleia e a posição pública do presidente Tadeu Martins Leite, que havia garantido que a estatal energética não seria negociada.

A proposta de adesão ao Propag feita pelo governo oferece R$ 96 bilhões em ativos para abater 20% dos R$ 181 bilhões da dívida estadual, incluindo fluxo de recebíveis (R$ 72,7 bilhões), participações societárias em empresas públicas (R$ 19,2 bilhões), imóveis (R$ 2,2 bilhões – em tramitação na Assembleia) e dívida ativa (R$ 2,6 bilhões – já aprovada).

Desconfiança
O deputado Celinho Sintrocel, que participa ativamente das negociações do Propag, foi enfático: "Em Minas Gerais, acordos são feitos para serem cumpridos. O combinado não sai caro. A privatização da Cemig não estava na pauta. Se estivesse, o governo não teria vencido – o referendo da Copasa passou por um voto só – junto com a Cemig não passava mesmo".

Para o deputado, a inclusão da Cemig sem consulta à ALMG gera mais tensão na já conturbada relação com a ALMG.
Ele desafiou qualquer um dos 76 deputados estaduais a apontar onde estão os benefícios para a população em retirar a consulta popular e privatizar a Copasa. E, mais uma vez, lembrou que essa luta não é partidária: "é de quem defende a população, em especial os mais pobres. Basta ver como cada deputado votou para saber quem é quem".

E finalizou: "No mundo inteiro cresce a reversão de privatizações do setor de água. Já são mais de 350 casos de reestatização em mais de 50 países desde 2000. Os serviços de fornecimento de água têm voltado a ser estatais depois de aumentos de tarifas, queda na qualidade e falta de investimentos".
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