05 de novembro, de 2025 | 08:45

Dia Nacional da Língua Portuguesa: professora explica a importância da data

Por Dani Roque – Estagiária sob supervisão

Comemorado oficialmente desde 2006, o Dia Nacional da Língua Portuguesa homenageia o aniversário do jurista e escritor Ruy Barbosa, neste 5 de novembro, e também celebra a Cultura e a Ciência. Para lembrar a data, o Diário do Aço entrevista a professora e mestre em Letras Kátia Torres, que faz uma reflexão a respeito dos desafios do ensino do idioma, suas variações e a importância da Língua Portuguesa na construção da identidade brasileira.

“Nesse dia nós temos um momento de refletir sobre a importância da nossa língua materna. Nós, como professores de Língua Portuguesa, devemos ensinar aos alunos a ter domínio da nossa língua, mas também mostrá-los que a Língua Portuguesa, somente na forma padrão, não é aceitável em todos os contextos. Por isso é importante, sim, nós estudarmos para dominarmos as regras e utilizá-las da melhor forma e de acordo com o contexto que é exigido para nossa comunicação”, explicou.

Kátia conta como a língua evoluiu nos últimos anos, especialmente com o impacto das mídias sociais e da tecnologia: “Os cidadãos não têm praticado muito a leitura. E aí, com isso, eles vão se afastando dessa referência de língua formal. E isso tem prejudicado um pouco, até essa percepção do tipo de linguagem que eu devo usar e em qual contexto. Porque não é aconselhável e não é correto nós usarmos somente um tipo de linguagem para todas as nossas interações”.

Variações linguísticas
A professora explica também sobre as variações linguísticas e de que forma a Língua Portuguesa contribui para a construção da identidade brasileira: “A variação linguística refere-se às mudanças que ocorrem na língua ao longo do tempo, influenciadas por fatores como faixa etária, região, contato com outras línguas e culturas. Durante muito tempo, acreditava-se que dominar o português significava apenas falar a norma culta, mas hoje se reconhece que essa visão é limitada. Embora existam desvios em relação às regras formais, eles são compreendidos dentro de seus contextos, especialmente em situações informais. Já em ambientes mais formais, como textos escritos ou discursos oficiais, espera-se o uso da norma padrão”, apontou.

“A Língua Portuguesa, como língua materna, é um dos elementos fundamentais na construção da identidade nacional brasileira, junto com manifestações culturais como música, dança, religião e arte. Essa diversidade cultural enriquece a língua, tornando-a complexa e cheia de nuances. Apesar de ser considerada difícil por alguns, sua riqueza atrai admiração até de autores que não têm o português como língua nativa”, explicou.

A educadora também conta quais autores ou obras costuma indicar para despertar o interesse dos alunos pela língua. “Eu tenho alguns autores preferidos, como Machado de Assis, Guimarães Rosa, gosto muito de Clarice Lispector, Lígia Fagundes Telles, Luiz Fernando Veríssimo, Mário Quintana. E existem outros contemporâneos dos quais eu também sou bem fã. Tenho um amigo que é poeta, escritor, Xônio Matraga. Outros autores que utilizam a tecnologia também para divulgar seu trabalho, como o Acca Poeta, o Saulo Pensato. Gosto bastante também da Conceição Evaristo, da Luana Tolentino. Tenho várias referências aí que são boas e que vale a pena a gente ler e conhecer a obra desses autores”, disse.

Por fim, a professora ressalta a importância do estudo da língua falada no Brasil. “Queria que todos que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial aprendessem mais sobre ela porque, a partir do momento em que dominamos aquilo que é nosso, fica mais fácil usar da maneira adequada àquilo que se pretende comunicar”, conclui.