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02 de novembro, de 2025 | 08:55

Diagnóstico revela envolvimento de crianças e adolescentes com drogas e bebidas alcoólicas em Ipatinga

Anderson Figueiredo
A pesquisa demonstra que o uso de álcool e cigarro figura entre as situações mais frequentes A pesquisa demonstra que o uso de álcool e cigarro figura entre as situações mais frequentes

Por Bruna Lage - Repórter Diário do Aço

Um diagnóstico feito pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Ipatinga (CMDCA) levantou, dentre várias situações, algumas que chamaram a atenção a respeito da negligência em relação a esse público. O vice-presidente Leonardo Oliveira e a presidente do CMDCA, Cleoneide Oliveira, avaliam o cenário e o que pode ser feito para amenizar a situação.

Leonardo pontua que o Conselho tem desenvolvido vários trabalhos com o objetivo de sanar problemas referentes às crianças e adolescentes e nesse intuito, tem feito diagnósticos que traçam essa realidade para poder trabalhar as ações voltadas para a condição identificada no mapeamento.

O vice-presidente salienta que o uso de drogas é um problema que ocorre há algum tempo e que é difícil de ser enfrentado. “Afinal, teríamos de lidar com vários âmbitos, inclusive, até voltado para o tráfico de drogas, já que essas crianças e adolescentes são utilizados para essa finalidade, em alguns casos. E nesse diagnóstico, nós tivemos dificuldades inclusive para levantar esses dados, já que em determinados bairros de Ipatinga os pesquisadores foram proibidos de adentrar, proibidos de fazer a pesquisa”, relata.

Destaque
No diagnóstico promovido em Ipatinga, Cleoneide Oliveira destaca dois pontos. “Percebe-se a venda de bebidas alcóolicas para crianças e adolescentes e a expressiva incidência do uso de drogas lícitas, conforme declarado pelos próprios adolescentes. Entre as unidades educacionais e educadores participantes, 56% dos entrevistados identificaram alunos que fazem o uso de drogas lícitas, 28% relataram uso de drogas ilícitas e 16% pontuaram que existiam alunos em situação de tráfico de drogas nos últimos 12 meses”, elenca.

Com relação à comunidade em que vivem as famílias, a pesquisa aponta que o uso de álcool e do cigarro figura entre as situações mais frequentes, seguidas do uso de drogas ilícitas. Além disso, aponta a presidente, dentro do próprio âmbito familiar, 2% das famílias afirmaram que crianças e/ou adolescentes fizeram uso de drogas lícitas nos últimos 12 meses e 1% apontou uso de drogas ilícitas.

“Por fim, no que se refere ao uso de drogas pelos adultos residentes da mesma casa que crianças e adolescentes, entre as famílias entrevistadas, 37% responderam que existem adultos que fazem uso de álcool, 21% utilizam cigarro e 2% fazem uso de algum tipo de droga ilícita. Além disso, em 2% das famílias entrevistadas há algum adulto em tratamento contra a dependência química e/ou alcoólica. Embora não tenha sido questionada a frequência de consumo dessas substâncias, acende-se um alerta para o alto índice de uso, tanto pelos familiares quanto pelas próprias crianças e/ou adolescentes”, alerta.

Regiões
Sobre os bairros mais acometidos pelas drogas, Cleoneide prefere não mencionar quais são, mas ressalta que o problema atinge todas as localidades. A presidente explica que, segundo os dados do Sistema Suase, da Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo, a faixa etária de maior envolvimento é de 15 a 17 anos. “Mas temos registro de adolescentes de 14 anos. Contudo, sabemos que as crianças têm sido utilizadas para serem ‘aviõezinhos’”, esclarece. No tráfico, os aviõezinhos são meninos e meninas que fazem a entrega da droga para o usuário.

Solução
Questionada sobre qual seria a solução para esse cenário, Cleoneide salienta que “torna-se necessária uma discussão ampla na sociedade sobre a importância da construção de relações mais saudáveis em âmbito familiar, tendo em vista ser este o principal ambiente formador das crianças e adolescentes. No entanto, sabe-se que este assunto é desafiador. Dentre as Unidades Básicas de Saúde e estabelecimentos privados de saúde respondentes, 54% informaram que nunca desenvolvem campanhas, projetos e programas com ações voltadas para o uso de drogas lícitas e ilícitas, 50% nunca realizam campanhas contra violação e exploração sexual e 46% não realizam campanhas de prevenção sobre gravidez precoce. É preciso investir em campanhas”, afirma.

Diálogo
Para Leonardo, o caminho para tirar crianças e adolescentes dessa situação está ligado a projetos e programas que sejam atrativos. “Elas não podem ter a droga como um caminho chamativo, como rota de fuga. Mas para isso nós temos que ofertar serviços, educação de qualidade. Conversar com seu filho, tentar trazer ele para o diálogo, é uma ação muito importante. Os pais têm que dialogar com seus filhos. E aí cabe também às escolas implementar serviços educacionais, palestras. Nós precisamos ampliar esse leque de combate a essa situação aqui no município. Nós levantamos esses dados e vamos sentar com autoridades de Ipatinga, inclusive, para a gente dialogar e traçar metas e programas de combate às drogas”, vislumbra.

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