29 de outubro, de 2025 | 08:00

Cop 30: Zema anuncia ausência

Antônio Nahas Júnior *


O governador Romeu Zema anunciou recentemente que não irá comparecer à COP 30, que será realizada em Belém (PA), a partir do dia 10 de novembro. É uma pena, pois Minas Gerais, sob seu governo foi uma das primeiras entidades subnacionais da América Latina a fazer seu Plano Local de Ação Climática, em parceria com o Governo Britânico. O plano foi finalizado em 2024 e teve a coordenação da Secretaria Estadual de Meio Ambiente. É composto por 12 eixos temáticos, estabelecidos pela metodologia definida pela ONU. Definiu ações para a mitigação das emissões, que visa trabalhar nas diferentes áreas de atuação para que haja redução das emissões de carbono. Definiu também a estratégia do governo para adaptação, como estratégia de resposta à mudança do clima. Mais ainda: o governo estadual estabeleceu 103 sub ações e 199 metas, que foram distribuídas entre as diferentes esferas governamentais.

A COP seria o momento de Minas Gerais demonstrar para todo mundo a importância que nosso estado destina à descarbonização da sua economia. E, certamente, esta ação redundaria em frutos importantes: atração de financiamentos para outras ações semelhantes, tais como preservação das reservas de mata atlântica; recuperação de áreas degradadas pela pecuária, inovações no setor agropecuária, onde residem mais de 70% das emissões de CO2 no Estado.

Esta ausência anunciada do governador de Minas ocorre num momento muito delicado para a COP. Recentemente, o Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que a meta de manter o aquecimento global em apena 1,5 graus acima do período pré-industrial, não será alcançada.

"O aquecimento global está levando nosso planeta ao limite", afirmou. "Cada um dos últimos dez anos foi o mais quente da história. O calor do oceano bate recordes e destrói ecossistemas. Nenhum país está a salvo de incêndios, inundações, tempestades e ondas de calor", declarou.

Trata-se de uma notícia triste e inquietante pois, a seguir esta realidade, os desastres climáticos; o aquecimento das águas dos oceanos, secas e inundações vão se tornar mais frequentes e profundas.
“A COP seria o momento de Minas demonstrar a importância que nosso estado destina à descarbonização da sua economia”


Assim, a principal meta fixada pelo Acordo de Paris - fazer com que o aquecimento da temperatura do planeta se limitasse a 1,5 graus - estaria ameaçada.

Para que a redução ocorresse de fato, o Acordo de Paris optou para que cada país signatário apresentasse suas metas de redução de emissões.

Cada signatário apresentou a redução pretendida. Este indicador passou a ser chamado de Contribuição Nacionalmente Determinada. Cinco anos após, em 2020, na COP promovida em Glasgow, na Escócia, os países signatários apresentaram a sua contribuição, já revisada a partir da evolução dos dados.

Na COP 28, promovida em Dubai, foi feito o primeiro Balanço Climático Global, para checar se as metas do Acordo de Paris estavam sendo atingidas. E, infelizmente, com o andamento verificado, o acordo estava longe de ser cumprido.
A partir daí, verificou-se a necessidade de acelerar a transição energética, com a substituição dos combustíveis fósseis por outras fontes de energia e a necessidade de implementar fontes de financiamento para os países vulneráveis e para os países menos desenvolvidos.

O alerta do Secretário-Geral da ONU veio em boa hora, pois apenas 61 países apresentaram até agora as Metas Climáticas a serem levadas para a COP 30. Somadas, estas metas representam pouco mais de 30% do total mundial das emissões. Ou seja: até agora, faltando menos de 20 dias para o início da conferência, nada garante que haverá dados e informações suficientes para que sejam tomadas decisões efetivas. A expectativa é que até a COP, 101 países apresentem suas metas, gerando dados e informações necessárias para o sucesso da COP.

Até onde acompanhamos, a China e a União Europeia, dois das maiores emissões mundiais de CO2 ainda não haviam apresentado suas Metas de Redução de Carbono.

Mas ainda há tempo. Espera-se que até o início de novembro 101 países apresentem seus planos e metas para redução das emissões de CO2.
“Espera-se que até o início de novembro 101 países apresentem seus planos e metas para redução das emissões de CO2”


A COP 30 é dirigida por mãos firmes e experientes. O presidente André Correa do Lago tem demonstrado habilidade, determinação e grande capacidade de articulação política. Publica regularmente suas cartas destinadas aos participantes que, além de serem técnicas são também cheia de emoção.

Na última, relata que ainda existem no Planeta mais de 1,1 bilhão de pessoas que vivem em pobreza multidimensional aguda, sendo a maioria crianças. E mais: sem adaptação às mudanças climáticas, milhões de pessoas vão ter pioradas suas condições de vida. Afirma que as tragédias climáticas já custam entre 2 a 5% do PIB anual da África.

Suas missivas são dirigidas a toda humanidade. Fazendo referência velada à era trumpista, onde a cooperação entre países está ameaçada e o clima de Guerra fria volta a rondar a humanidade, afirma que: "A biologia evolutiva confirma o que a sabedoria ancestral sempre reconheceu: a sobrevivência nunca pertenceu apenas aos mais fortes, mas aos mais cooperativos - aqueles capazes de cultivar relações simbióticas que sustentam a vida em equilíbrio".

O presidente da COP fala com propriedade para todos os habitantes do Planeta. Um grande estadista. E quanto ao nosso governador, seu ato revela pouca sintonia e familiaridade com questões nacionais e internacionais. Embora a COP seja encontro de Governos Federais, seria uma oportunidade para Minas Gerais mostrar suas ações rumo à transição energética para todo o mundo, procurando abrir oportunidades de negócios. Quem perde é o nosso Estado.

* Economista, empresário. Na luta pela preservação do nosso Planeta.

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Tião Aranha

29 de outubro, 2025 | 08:33

“Ronaldo Caiado quando afirma com veemência que a ministra Marina Silva vem atrapalhando a prospecção do petróleo da Amazônia diante de seus compromissos com as ongs estrangeiras ele está coberto razão. Só daqui a 7 ou 10 anos teremos, oxalá, produção de petróleo em grande escala comercial, se realmente tiver petróleo abundante. Esse gasto de 3 bilhões de dólares feito pela Petrobrás realmente irá compensar.”

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