Aperam 81 Anos

28 de outubro, de 2025 | 08:50

Trabalho de instituição timotense que une judô e solidariedade atende mais de 10 mil jovens por ano

Divulgação/Ajudôu
Júlio César, fundador do Ajudôu, com beneficiários no núcleo de IpatingaJúlio César, fundador do Ajudôu, com beneficiários no núcleo de Ipatinga

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço

Nesta terça-feira (28), celebra-se o Dia Mundial do Judô, data estabelecida pela Federação Internacional de Judô (IJF). Em 28 de outubro de 1860 nascia Jigoro Kano, conhecido como o pai da modalidade que vai além do esporte ao trabalhar outras dimensões do desenvolvimento, como valores, disciplina e cidadania. Para refletir sobre a importância desses princípios que estão presentes no trabalho social do Ajudôu, o Diário do Aço entrevistou o fundador Júlio César Lana Jaques, que também é professor de judô.

O Ajudôu surgiu na região em 1995, depois de um acidente que mudou completamente a vida do professor. Em 1991, na BR-381, a caminho de Belo Horizonte para disputar o Campeonato Brasileiro Universitário de Judô, sofreu um grave acidente. Das quatro pessoas no carro, três morreram, entre elas seu irmão Eduardo, e apenas Júlio César sobreviveu. Foram três anos de recuperação até decidir seguir outro caminho.

Com o apoio da sua família, começou a dar aulas gratuitas para crianças em situação de vulnerabilidade social em Timóteo. “Pedi ajuda ao comércio local e consegui atender 200 crianças na Apae e na antiga Fundação Mineira da Criança (Fumic). Meu irmão mais velho, que tem síndrome de Down e sempre praticou judô, também me inspirou. Eu sabia, pela convivência com ele, como o esporte podia ajudar no desenvolvimento e na inclusão das pessoas. Assim nasceu o Ajudôu”, relatou.

Após um início com muitas dificuldades e doações arrecadadas de porta em porta, o Ajudôu cresceu com o apoio das Leis de Incentivo ao Esporte Estadual e Federal e do patrocínio de grandes empresas. Foram ampliadas as modalidades esportivas, oferecendo futsal, handebol, jiu-jitsu, taekwondo, natação, vôlei, futebol, karatê e basquete. Também são oferecidos uniformes, materiais esportivos e aulas gratuitas duas vezes por semana em comunidades com menor acesso a oportunidades.

A sede administrativa fica no bairro Vila dos Técnicos. Hoje o Ajudôu está presente em dez estados - Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás, Bahia, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul -, atendendo cerca de 60 cidades e mais de 10 mil crianças e adolescentes por ano em situação de vulnerabilidade social matriculados na rede pública de ensino.

“As aulas e os uniformes são totalmente gratuitos - nenhum aluno paga qualquer valor para treinar conosco. As matrículas geralmente são feitas por ordem de chegada e seguem a disponibilidade de vagas. Nossos núcleos costumam ter cerca de 100 vagas, e é comum termos listas de espera devido à grande procura”, detalhou.
Divulgação/Ajudôu
A oferta de modalidades esportivas foi ampliada na instituição A oferta de modalidades esportivas foi ampliada na instituição


Além do esporte
“Ampliamos essa formação com ações que vão além do esporte, como a realização de palestras sobre temas transversais - incluindo racismo, higiene pessoal, alimentação, educação financeira e primeiros socorros — em todos os núcleos do Ajudôu”, acrescentou.

Ele destacou que também existe a preocupação com o desenvolvimento educacional, promovendo o “Dia do Caderno”, no qual os alunos apresentam seus cadernos para o professor, que verifica o capricho, a posse do material e o engajamento nos estudos. “Outra atividade simples e lúdica é o 'Dia da Fruta', em que todos os alunos levam uma fruta e fazem um grande piquenique no treino. Pode parecer simples, mas é um momento importante onde eles aprendem sobre compartilhamento, solidariedade e boas maneiras”.

Desafios
O maior desafio do projeto social é a viabilização contínua das ações, o que envolve um processo constante e complexo de captação de recursos: escrever, submeter, negociar e validar. “Com a verba captada, o próximo desafio é a implementação do projeto nos novos territórios. Contudo, hoje contamos com uma equipe de gestão capacitada e ferramentas que nos permitem monitorar o time em qualquer cidade do Brasil a partir do nosso polo no Vale do Aço. Somente no mês passado, por exemplo, implementamos projetos no Maranhão, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Os professores são da região, mas nossa equipe de gestores se desloca para o acompanhamento”, explicou Júlio.

Ressaltou, ainda, que um grande diferencial do Ajudôu é o rigor na prestação de contas, tanto financeiras quanto das atividades, para o governo, patrocinadores e para a própria comunidade.

A captação começa com a elaboração detalhada dos projetos, que são submetidos para aprovação junto aos governos, por meio das Leis de Incentivo ao Esporte (federal e estadual de Minas Gerais).

Com os projetos aprovados — detalhando atividades, orçamento e cronograma —, buscam parcerias com empresas por meio de editais e de muitas reuniões para apresentar a missão e o impacto do Ajudôu, garantindo o patrocínio incentivado. A atuação com autoridades locais também se dá por meio de Termos de Fomento firmados com prefeituras e de emendas parlamentares.

Além de todas essas fontes, são recebidas e sempre há necessidade de doações da população. A doação pode ser feita diretamente via Pix para o CNPJ da instituição: 05.444.603/0001-04.

O principal canal de comunicação do Ajudôu é o Instagram (@oajudou) e o LinkedIn (@ajudou). Há também o site ajudou.org com todas as informações.



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Comentários

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Ponto de Vista

28 de outubro, 2025 | 10:59

“Guerreiro....
Simples assim!!”

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