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28 de outubro, de 2025 | 08:00

Diálogo ainda é o elo que falta na mineração em Minas Gerais

Camila Linhares *


Em meio às crises que atingem a mineração, o setor continua a ser um dos principais propulsores de Minas Gerais, responsável por 40% do faturamento nacional do segmento. Além de gerar empregos e riqueza, a atividade impacta comunidades e suas relações com empresas.

Esse protagonismo econômico, no entanto, não elimina as tensões. Pelo contrário: em muitas cidades, a extração caminha com conflitos sociais e corporativos, evidenciados pelos rompimentos de barragens e irregularidades recentes. Muitas vezes, o diálogo é o elo que falta.

É nesse sentido que a aproximação social e corporativa ganha importância na mineração. Mais do que instrumentos formais, eles se tornam caminhos para manter a confiança entre os envolvidos na atividade. A mediação, as práticas restaurativas, e até mesmo o uso da arbitragem, por exemplo, oferecem alternativas para que os impasses não se transformem em disputas judiciais intermináveis, e também para que o relacionamento entre os envolvidos possa ser mantido ou até cultivado, mas não destruído.

Quando a relação entre empresas, comunidades e poder público está comprometida, o custo para a sociedade é caro. Isso inclui impactos humano e biológico. O desafio é usar essas ferramentas para transformar conflitos em oportunidades de construção coletiva. Mais do que resolver impasses, esses mecanismos precisam ser incorporados à rotina do setor, funcionando como pontes permanentes nessa interlocução. Só assim é possível reduzir a escalada de tensões e preparar um ambiente de cooperação.
“A complexidade das relações do setor exige uma comunicação organizada e dentro da lei”


O que é preciso entender é que não devemos negligenciar a importância e o valor do vínculo. Para além da negociação e da compensação, é necessário um diálogo que permita às comunidades perceber que os benefícios da mineração vão além do aspecto monetário. E às empresas, é importante mostrar que, além da terra, existe um povo e uma cultura a ser preservada. A exploração econômica não pode ignorar o contexto social, e a comunicação efetiva é o elo central para que todos possam coexistir.

O diálogo na mineração não é só um recurso jurídico. A complexidade das relações do setor exige uma comunicação organizada e dentro da lei. Sem esse diálogo, um futuro de mineração sustentável no Brasil simplesmente não se sustenta.

Em Minas, onde a mineração molda tanto a paisagem quanto a identidade de cidades inteiras, apostar no diálogo é apostar em um futuro menos marcado pelo conflito e mais pela cooperação. Afinal, a mineração só será verdadeiramente sustentável quando o diálogo deixar de ser opção e se tornar prática.

* Advogada e CEO da Unniversa Soluções de Conflitos.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço


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