22 de outubro, de 2025 | 08:45
Artista arrecada fundos para projeto identitário voltado a venezuelanos que residem na região
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
A venezuelana Samira Valentina Salazar Villarroel, de 21 anos, encontrou na arte uma forma de expressar suas origens e manter viva a conexão com sua cultura. Conhecida artisticamente como Valentina Villarroel, ela reside em Ipatinga há sete anos, atualmente no bairro Iguaçu. É artista plástica, dançarina, costureira especializada e idealizadora do projeto Raíces Venezolanas”. Para finalizar o projeto, a jovem promove uma campanha de arrecadação.
O intuito da ação é fortalecer o sentimento de identidade e pertencimento entre os venezuelanos que vivem fora do país, promovendo uma troca cultural e afetiva entre os povos. Interessados em ajudar podem comprar rifas ou doar voluntariamente por meio da chave Pix (31) 99248-3842, conta aberta em seu nome no Mercado Pago. As rifas podem ser adquiridas pelo mesmo número de telefone. O prêmio será uma cesta recheada de chocolates.
Em entrevista à reportagem do Diário do Aço, Samira pontuou que a Venezuela enfrenta há 26 anos uma grave crise humanitária, que resultou no maior êxodo migratório da história da América Latina.
Grande parte da nossa geração cresceu ou nasceu fora do país, sem ter contato direto com suas próprias raízes, história e tradições. Isso faz com que muitos de nós vivamos entre dois mundos. Não nos sentimos totalmente brasileiros, porque não nascemos aqui nem partilhamos completamente dessa cultura, mas também nos sentimos distantes da nossa, pela falta de convivência com o que nos formou como povo”, afirmou.
A artista também destacou que, além de ser uma ação cultural, é também um ato de resistência. Além de memória e de gratidão à cidade de Ipatinga, que hoje é o lar de muitos de nós”.
Evento
O evento, que ocorrerá no dia 21 de dezembro, das 14h às 18h, no Teatro de Arena do Parque Ipanema, em Ipatinga, contará com uma introdução sobre história, cultura e tradições do país, apresentação de música tradicional venezuelana, exposição de pinturas, dança nacionalista venezuelana, apresentação musical e interação com o público. Todas as artistas que compõem o projeto são venezuelanas.
Chegada ao Brasil e ao Vale do Aço
A venezuelana contou ao jornal que, em 2013, seu padrasto veio para o Brasil a convite de um casal de brasileiros que ele conheceu na China, que estavam gratos por terem sido ajudados com comunicação. No ano seguinte, a mãe também se mudou para terras brasileiras, passando a residir em Coronel Fabriciano. Em dezembro de 2017, voltaram para a Venezuela para buscar os filhos.Iniciamos nossa viagem em janeiro de 2018. Foi muito difícil deixar a nossa terra, suas praias, natureza e cultura, que fez parte de toda a minha infância, para ter acesso às coisas básicas que não tínhamos há vários anos, como água, energia, comida, saúde básica, segurança e educação de qualidade. Também foi difícil deixar nossa família e amigos, sem certeza de que voltaríamos a ver tudo aquilo”, relatou.
Ela detalhou que atravessaram a Venezuela do litoral até a fronteira com o Brasil em um ônibus alugado pelo casal. Lembro do medo que sentimos quando vimos os militares venezuelanos. Por sorte ou pelo horário, conseguimos sair ilesos, chegamos à fronteira de madrugada. No dia seguinte atravessamos a pé após apresentar toda a nossa documentação. Viajamos de carro até Boa Vista (Roraima) e seguimos viagem de ônibus até Manaus (Amazonas)”.
Em Manaus foi onde a jovem conheceu um supermercado brasileiro pela primeira vez, o que ela alega ter sido surpreendente. Foi realmente emocionante ver pela primeira vez em anos um supermercado lotado de comida. Ficamos dois dias em Manaus aguardando a data da nossa viagem de avião. Quando finalmente chegamos ao solo mineiro, seguimos até Coronel Fabriciano e conseguimos mudar para Ipatinga. Aqui nossa qualidade de vida finalmente melhorou e somos eternamente gratos a Ipatinga e ao Brasil por tudo que tem nos proporcionado”, concluiu Samira.
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— Diário do Aço (@portaldiarioaco) October 22, 2025
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