
21 de outubro, de 2025 | 15:24
Ipatinga FC só pode pensar próxima temporada após quitar transfer ban
Wôlmer Ezequiel/Arquivo DA
Clube está proibido de registrar novos atletas enquanto não pagar R$ 2,1 milhões ao Nacional da Ilha da Madeira pela contratação de Luizinho, negociação feita em 2006

Mais uma das heranças malditas” atormenta a realidade do Ipatinga Futebol Clube, desta feita comprometendo o planejamento para a disputa do Módulo B de 2026, que tem início previsto para o mês de abril. Trata-se do transfer ban, uma punição da Fifa ao clube pelo não pagamento do então lateral-direito Luizinho junto ao Nacional da Ilha da Madeira, transferência feita em 2006. Desde então, o clube português tenta receber do Tigre, cujas diretorias, desde essa época, jamais assumiram o compromisso de pagar, forçando o credor a recorrer à Fifa, onde buscou-se um acordo (não cumprido pelo Ipatinga em diversas oportunidades). Em não sendo cumprido, veio a punição pela qual a agremiação está impedida de registrar qualquer atleta nas entidades federativas.
O valor atualizado dessa dívida já passa de R$ 2,1 milhões, de acordo com os últimos levantamentos.
O gestor da SAF do Ipatinga, Igor Maciel, informado da situação, afirmou ao Diário do Aço que busca meios de levantar recursos para solucionar a questão. Não há outra alternativa, senão o Tigre estaria inviabilizado para o próximo ano.
O desafio é enorme, pois sei que se não pagarmos, não terá Ipatinga em 2026. Não adianta lamentar, chorar e afirmar que trata-se de dívida de gestão passada, não vai adiantar nada. Temos que buscar a solução dentro dos próximos dois meses. Penso que, com muita luta, empenho e bons contatos, iremos resolver, mas não será simples nem fácil, ante as várias protelações anteriores e nenhum cumprimento do compromisso”, afirmou Igor.
Contas atuais em dia
Por outro lado, Igor Maciel comemora o fato de, após mais de uma década e meia, o clube ter conseguido quitar todos os compromissos assumidos na temporada.
Estamos fechando o pagamento de mais de R$ 2,6 milhões relativos à temporada 2025. Não há um profissional, funcionário ou fornecedor sem receber; o que assumimos, quitamos. Havia dívida na Federação Mineira, tivemos que reformar um centro de treinamentos abandonado e pagar compromissos, em sua maior parte, à vista, dada a falta de crédito e de credibilidade que o clube tinha na praça. Acredito que, a partir de agora, os ventos tendem a soprar melhores, pois sem ajuda de patrocinadores fica difícil tocar o clube”, pontua o gestor da SAF ipatinguense.
Busca por patrocinadores
Igor Maciel alimenta a expectativa de contar com novos e robustos apoios na próxima temporada, quando, após solucionar a questão do transfer ban, terá que levantar recursos para montar um time que possa subir ao Módulo A de 2027.
A sociedade, o empresariado como um todo, viu que temos credibilidade, honramos compromissos, daí a expectativa é que tenhamos patrocínios que viabilizem a próxima temporada, até porque o Tigre é uma marca de valor e que projeta e alavanca qualquer um que investir nela. Contamos com o apoio do empresariado, e iremos procurar a todos, por meio de nosso diretor comercial Cristiano Araújo e por nós mesmos. Acredito muito no trabalho de captação do Cristiano, que conhece o mercado e goza de prestígio junto a estes potenciais patrocinadores, pois se não houver apoio financeiro por meio de parcerias e patrocínio, a gente não vai aguentar”, afirmou Igor Maciel.
Outra questão é a consumação da recuperação judicial do clube, já deferida. Há que se fazer uma programação de pagamentos dos credores, conforme determina a lei. A dívida remanescente supera os R$ 40 milhões, ainda sem as negociações e acordos com as dezenas de credores, valor que pode ser reduzido substancialmente com o advento desta recuperação judicial.
Outros planos
A médio prazo, Igor Maciel e seu sócio e também gestor da SAF, Edison Travassos, planejam a criação de uma instituição sem fins lucrativos, que possa atuar na captação de recursos advindos da lei de incentivo ao esporte para aporte no Ipatinga FC.
Outra questão elogiada por Igor e Edison Travassos é a parceria com a Usipa nesta temporada, pela qual o clube voltou ao cenário das divisões de base no estado e, ao mesmo tempo, conseguiu revelar alguns jogadores do Sub-20 que serão aproveitados no elenco da próxima temporada.
O empréstimo do lateral Igor França ao Boavista, onde disputará a divisão principal do Campeonato do Rio de Janeiro ano que vem, é outra expectativa de fonte de recursos. Pela qualidade do jogador, há esperança que desperte interesse de algum dos grandes do futebol daquele estado ou de outro grande centro e haja a negociação. O Tigre detém todos os direitos econômicos do atleta, que é irmão do também lateral-direito Matheuzinho, do Corinthians.
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