16 de outubro, de 2025 | 07:00

A geração do clique não lê: e o Brasil paga a conta

Marcelo Augusto dos Anjos Lima Martins *


Entre telas e distrações, adolescentes abandonam o hábito do estudo disciplinado. O preço? Um futuro profissional ameaçado pela falta de preparo e pela ilusão de que a tecnologia pode substituir o esforço humano.

É incômodo admitir, mas necessário: nossas escolas estão cheias de jovens que não veem sentido em aprender. A desmotivação virou rotina, e o resultado é um exército de estudantes que atravessa a adolescência sem disciplina de estudo, sem aprofundamento acadêmico e sem preparo para um mercado de trabalho que não perdoa amadores.

Enquanto isso, o mundo gira em velocidade vertiginosa. A inteligência artificial já está em todos os setores - da indústria à saúde, do comércio à comunicação. O domínio das tecnologias deixou de ser diferencial para se tornar requisito básico. E, no entanto, muitos adolescentes ainda acreditam que basta “cumprir tabela” na escola para garantir o futuro. É um engano perigoso.

A Base Nacional Comum Curricular, embora necessária, tem sido aplicada de forma engessada, com pouca prática e experimentação. O resultado é um ensino que não dialoga com a vida real. O jovem, que deveria ser desafiado a pensar criticamente, acaba reduzido a um espectador entediado de conteúdos fragmentados.
“O domínio das tecnologias deixou de ser diferencial para se tornar requisito básico”


É preciso dizer com todas as letras: não há aprendizado sem esforço. O mito da facilidade — de que tudo pode ser resolvido com um clique — está corroendo a formação de nossos adolescentes. O estudo disciplinado, com pelo menos duas horas diárias além da escola, continua sendo insubstituível. A tecnologia pode ser aliada, mas jamais substituta.

E há um ponto que não pode ser esquecido: o professor. Nenhum algoritmo, por mais sofisticado, inspira como um mestre em sala de aula. É ele quem provoca, orienta e dá sentido ao conhecimento. Valorizar o magistério não é romantismo, é sobrevivência.

Se quisermos jovens preparados para o futuro, precisamos de coragem para enfrentar a verdade: sem motivação, disciplina e valorização do ensino, continuaremos formando gerações de desmotivados. E o preço, cedo ou tarde, será pago por todos nós.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública - UFJF
Especialista em Psicopedagogia – UCAM. Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho - UFPI Pedagogo do IFMG Campus Governador Valadares [email protected].

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