07 de outubro, de 2025 | 08:45
Psicóloga explica como a imprensa pode contribuir na luta contra o suicídio
Dani Roque
Laísa Campos é psicóloga, mestra em Ciências da Religião, especialista em Juventudes e Mundo Contemporâneo
Laísa Campos é psicóloga, mestra em Ciências da Religião, especialista em Juventudes e Mundo ContemporâneoPor Dani Roque Estagiária sob supervisão
A divulgação de mortes por suicídio, ou a ausência dela, é um tema de extrema relevância na sociedade atual. Em um mundo em que as tragédias inundam os feeds de notícias e conversas cotidianas, é intrigante o porquê de as mortes por suicídio não serem publicadas, embora não exista qualquer impedimento legal.
Entretanto, é necessário explorar as razões por trás desse silêncio que envolve as mortes por autoextermínio. Por conseguinte, isso implica destacar os complexos fatores sociais, culturais e individuais que contribuem para a falta de visibilidade na divulgação dos óbitos, aponta a psicóloga Laísa Campos, em entrevista ao Diário do Aço.
Muitos veículos (de comunicação) não costumam abordar porque têm uma ideia de efeito contágio, que se falar sobre isso a gente vai ter mais casos de suicídio. E, na verdade, quando fala sobre isso com responsabilidade, abordando as causas e não a forma como acontece, isso ajuda a elucidar mais sobre a questão, a romper os preconceitos que a gente tem de falar sobre isso, de cuidar da saúde”, relata.
Vivemos numa sociedade com casos ampliados de ansiedade, de depressão, e, se a gente consegue conversar melhor sobre isso, consegue também pensar mais sobre as causas e não somente o efeito. E sem contar que o suicídio é uma ação extrema, então, quando uma pessoa chega a esse ponto, significa que várias outras questões falharam com ela. Então, se a gente não conversa sobre isso, também não consegue nem chegar a prevenir. A prevenção é importante e falar é importante por conta disso”, explica.
Causas
A psicóloga também destaca que, muitas vezes, o pensamento suicida pode vir cercado de diversas causas. Não vem só de questões de saúde mental, mas também de influências sociais, como falta de emprego, dificuldades financeiras, problemas de saúde. Tudo isso contribui para que as pessoas cheguem a perder o sentido da vida. Então, o suicídio, quando uma pessoa chega a esse ponto, é porque não encontra propósito, não percebe futuro. Por isso, falar sobre essas perspectivas é essencial e abordar o tema sem sensacionalismo, sem focar nos detalhes dos casos, mas sim nas origens e na prevenção. Divulgar iniciativas como o CVV, o Centro de Valorização da Vida, o 188, também pode ajudar nesse cuidado com as pessoas”, detalha a psicóloga.
No Brasil
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostra que uma em cada quatro pessoas já pensou em suicídio. A pesquisa ouviu pessoas adultas de todas as faixas etárias e que vivem nas 27 unidades da Federação.
Dados preliminares do levantamento mostram ainda que 25,2% dos participantes afirmaram não se sentir bem” no momento da pesquisa e 30,9% se declararam tristes ou decepcionados, mas ainda com esperança de melhorar.
A pesquisa mediu também a disposição das pessoas em procurar ajuda. Do total de pessoas consultadas, 54,1% informaram que sabiam onde buscar auxílio especializado e 50,9% responderam que, pelo menos uma vez, foram atendidos por psiquiatra ou psicólogo.
O Setembro Amarelo, celebrado todo ano, tem ganhado relevância porque hoje a gente compreende um pouco mais que a saúde mental é importante. Isso tem sido falado cada vez mais e a gente tem conseguido pautar essa questão. É importante também a gente não ser só ouvidos, mas também perceber a necessidade de uma intervenção mais profissional”, finaliza Laísa. Veja, abaixo, vídeo com a entrevista:
Saiba como buscar ajuda
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e atua na prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente e com total sigilo pessoas que desejam conversar, por meio do telefone 188, e-mail, chat e VoIP, disponíveis 24 horas por dia.No Vale do Aço o Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste) disponibiliza atendimentos psicológicos gratuitos à comunidade do Vale do Aço por meio do Centro de Atendimento Psicológico (CAP), localizado no campus de Coronel Fabriciano.
O CAP oferece atendimentos individuais e em grupo, orientação profissional, psicoterapias em diversas abordagens, avaliação psicológica, plantão e aconselhamento, além de serviços voltados à psicologia familiar e do trabalho, funcionando de segunda a sexta, das 13h às 22h, e aos sábados, das 8h às 12h, mediante agendamento prévio pelo WhatsApp (31) 3846-5588.
Além dessas opções, a população pode buscar atendimento em Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Unidades Básicas de Saúde, UPAs 24h, SAMU 192, prontos-socorros e hospitais, sendo o CVV acessível pelo número 188 com ligação gratuita.
Em Ipatinga
Procurado pela redação do Diário do Aço o Observatório de Segurança Pública/Reds/Sejusp MG, informou que, de janeiro de 2020 a agosto de 2025, um total de 78 pessoas cometeram autoextermínio (Suicídio) em Ipatinga. Os dados podem ser consultados na tabela enviada pela Sejups:
SEJUSP / Divulgação


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Mariane
10 de outubro, 2025 | 09:04O suicídio é um tabu. Todos ao redor da vítima se sentem culpados. No caso citado por um comentário, sobre um executivo da Usiminas. Quem poderia imaginar que um homem naquela idade, no topo da carreira de executivo, poderia sofrer tanto? Mas ocorre que isso não é debatido. E essas campanhas tipo "setembro amarelo", e outros meses coloridos abordam superficialmente os problemas que enfrentamos, sem nada prático.”
João Nogueira
07 de outubro, 2025 | 10:29Já pensei por diversas vezes em acabar com a minha vida graças a Deus não segui a diante, pois não gostaria de deixar meu filho desamparado. Cheguei até a pesquisar no Google. A importância de procurar um psicólogo e tomar medicamentos adequados, graças a Deus estou bem melhor hj em dia”
Decano
07 de outubro, 2025 | 09:42Depende, se o caso envolver um alto executivo da Usiminas, não sai uma linha.”