28 de setembro, de 2025 | 08:55
Especialista alerta: novos parâmetros da pressão devem incentivar cuidados, não pânico
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
A pressão arterial considerada normal” mudou no Brasil. De acordo com a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, apresentada durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado em setembro em São Paulo, valores de 120-139 por 80-89 mmHg popularmente conhecidos como 12 por 8 passam a ser classificados como pré-hipertensão. A pressão normal agora é inferior a 120/80 mmHg. A mudança ocorreu dias antes do Dia Mundial do Coração, celebrado nesta segunda-feira (29/9).
A alteração busca identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções não medicamentosas para controlar a pressão e evitar a evolução para hipertensão. O cardiologista Raimundo Matos Bezerra Filho, que atua na Associação dos Metalúrgicos Aposentados e Pensionistas de Ipatinga (AAPI) e esteve presente no congresso, explica que a mudança reflete uma tendência mundial.
Tal recomendação visa identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções não medicamentosas, como atividade física, perda de peso, redução do consumo de álcool, controle do estresse e melhoria da qualidade do sono”, detalhou em entrevista ao Diário do Aço. A medida já é adotada em países como Estados Unidos e Reino Unido.
Tratamento e acompanhamento
De acordo com a nova classificação, pacientes pré-hipertensos devem ser reavaliados após três meses de mudanças no estilo de vida. Caso os níveis permaneçam elevados (entre 130-139 por 80-89 mmHg) e o paciente apresente alto risco cardiovascular como diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo ou colesterol alto , poderá ser indicado o início de tratamento medicamentoso.
Nestes casos, recomenda-se começar com um medicamento. Já para hipertensos, com pressão acima de 140/90 mmHg, a diretriz orienta iniciar com duas medicações em baixas doses”, afirmou o cardiologista.
Outro ponto relevante da atualização está na meta de controle da pressão arterial para quem já faz uso de medicamentos. Antes, a meta era manter abaixo de 140/90 mmHg. Agora, o objetivo ficou mais rígido: abaixo de 130/80 mmHg.
Impacto na saúde pública
A hipertensão é considerada silenciosa, já que, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. Entretanto, está diretamente relacionada a doenças graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, complicações renais, problemas oculares e até impotência sexual.
As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortalidade global, superando câncer, acidentes e violência. E a pressão arterial elevada é um dos principais fatores para isso”, continuou Raimundo Matos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que, em 2019, cerca de 45% dos brasileiros entre 30 e 70 anos eram hipertensos - 42% das mulheres e 48% dos homens. Desse total, 67% estavam diagnosticados, 62% em tratamento, mas apenas 33% tinham a pressão efetivamente controlada.
O especialista faz ainda um alerta quanto à forma como a notícia foi repercutida.
A imprensa noticiou estes novos valores de forma apressada e apavorou muita gente. Recebo ligações a todo momento de pessoas preocupadas. O importante é entender que o objetivo é reforçar a prevenção e não causar pânico”, finalizou.
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