28 de setembro, de 2025 | 08:45

Estudo aponta risco elevado de complicações no parto relacionadas a dengue, zika e chikungunya

A gestação, momento em que a mulher está exposta e suscetível a diversos desafios, continua a ser uma etapa complexa, mesmo com a evolução dos mais diversos tratamentos. Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como dengue, zika e chikungunya, chamadas arboviroses, representam uma preocupação crescente para a saúde materno-infantil no Brasil. É o que aponta um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) - publicado recentemente sobre saúde pública na revista Nature Communications.

Segundo o estudo, que analisou mais de 6,9 milhões de nascidos vivos no país entre 2015 e 2020, a infecção por esses vírus durante a gravidez está associada a maiores riscos de complicações no parto e para os recém-nascidos, incluindo parto prematuro, baixo peso ao nascer e até morte neonatal.

A pesquisa, conduzida por cientistas do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Fiocruz Bahia), indica que a infecção por arboviroses durante a gestação elevou o risco de parto prematuro, baixo escore de Apgar (avaliação rápida realizada após o nascimento para verificar a adaptação à vida fora do útero).

Samanta Zanandrez Quintão Reis, médica obstétrica e coordenadora da maternidade do Hospital José Maria de Morais, de Coronel Fabriciano, observa que as arboviroses como dengue, zika e chikungunya continuam sendo um grande desafio para a saúde pública e preocupam ainda mais quando o assunto são as gestantes. “Estudos da Fiocruz mostraram que a infecção por esses vírus durante a gravidez pode trazer complicações importantes. Por isso, é essencial que as gestantes redobrem os cuidados, usando repelentes seguros, como os que contêm Deet de até 10%, ou icaridina de 20%, manter a casa livre de focos do mosquito, evitar locais com água parada e, sempre que possível, usar roupas que protejam o corpo, é fundamental”, alerta.

Alterações
A dengue, além de estar ligada ao parto antes do tempo e ao baixo peso, também mostrou associação com alterações estruturais e funcionais no desenvolvimento do feto, chamadas de anomalias congênitas.

No caso da zika, os efeitos adversos foram ainda mais amplos, com destaque para a má-formação congênita, cujo risco foi mais que duplicado entre bebês de mães infectadas.

O estudo traz novas evidências sobre os impactos das infecções por arbovírus na gestação, indicando períodos de maior vulnerabilidade em cada trimestre da gestação. “E embora não tenhamos dados específicos recentes de casos de gestantes e crianças aqui em Coronel Fabriciano, sabemos que o mosquito Aedes aegypti continua presente, especialmente nos períodos de calor e chuva. A mensagem que deixo é de prevenção. O cuidado faz diferença , é importante proteger a mãe, o bebê e toda a comunidade”, reforça a médica Samanta Zanandrez Quintão Reis.

Medidas que podem ser incluídas no combate ao mosquito

1 - Tampe caixas d’água, ralos e pias;
2 - Higienize bebedouros de animais de estimação;
3 - Descarte pneus velhos junto ao serviço de limpeza urbana de sua cidade. Caso precise guardá-los, mantenha-os em local coberto, protegidos do contato com a água;
4 - Retire a água acumulada da bandeja externa da geladeira e bebedouros e lave-os com água e sabão;
5 - Limpe as calhas e a laje e coloque areia nos cacos de vidro de muros que possam acumular água;
6 - Coloque areia nos vasos de plantas;
7 - Amarre bem os sacos de lixo e não descarte resíduos sólidos em terrenos abandonados ou na rua;
8 - Faça uma inspeção em casa pelo menos uma vez por semana para encontrar possíveis focos de larvas;
9 - Sempre que possível, faça uso de repelentes e instale telas, especialmente nas regiões com maior registro de casos;
10 - Receba bem os agentes Comunitários de Saúde e de Controle de Endemias que trabalham em sua cidade.