21 de setembro, de 2025 | 08:45
Siderurgia aposta em tecnologia para reduzir consumo de água no Vale do Aço
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
A água é um recurso essencial para a vida humana, o equilíbrio ambiental e a atividade econômica. No Vale do Aço, região marcada pela presença de grandes siderúrgicas e por uma população que ultrapassa meio milhão de habitantes, ela assume papel estratégico: garante o abastecimento das cidades, movimenta o setor industrial e sustenta a biodiversidade dos rios que cortam a área. Nesse cenário, o uso consciente e a gestão eficiente do recurso tornam-se fundamentais para evitar impactos ambientais, sociais e produtivos, especialmente diante da dependência da indústria em relação ao Rio Piracicaba, a principal fonte de captação da região.
Dados da Copasa, enviados a pedido da reportagem do Diário do Aço, mostram que o consumo médio mensal das residências varia entre 7 e 9 metros cúbicos, enquanto imóveis cadastrados como industriais chegam a 13 metros cúbicos em municípios como Ipatinga e Timóteo. Apesar dessa diferença, as maiores siderúrgicas locais, Usiminas e Aperam, afirmam que mais de 95% da água utilizada em seus processos é recirculada, reduzindo a pressão sobre os mananciais.
Usiminas monitora qualidade da água
Por meio de nota, a Usiminas, considerada uma das principais empresas da região, explicou que mantém sistema próprio de abastecimento para seu parque industrial. E que capta cerca de 89 metros cúbicos por minuto do Rio Piracicaba, o equivalente a 128.160 mil metros cúbicos por dia. Ao mês, são captados 3.844.800 litros de água.
Entretanto, a companhia afirma que apenas cerca de 5% da necessidade hídrica da usina é suprida por captação externa, já que o índice de recirculação chega a 94,8%”.
Divulgação
Plano Diretor de Águas da Usiminas tem como objetivo reduzir a captação e aprimorar o uso dos recursos

Entre os investimentos, a empresa cita o Plano Diretor de Águas, que tem como objetivo reduzir ainda mais a captação e aprimorar o uso dos recursos. Além disso, a Usiminas destaca como prioridade o trabalho de monitoramento da qualidade da água.
As análises são realizadas seguindo a frequência estabelecida em compromisso com o órgão ambiental de Minas Gerais e em conformidade com a legislação vigente. A Usiminas está em processo de homologação de uma rede de monitoramento online que permitirá acompanhar em tempo real parâmetros como pH, condutividade, turbidez e cor”, finalizou a siderúrgica.
Aperam quer reduzir captação até 2030
A Aperam, produtora de aço localizada em Timóteo, também afirma ter avançado significativamente na gestão da água, registrando queda de 25% no consumo desde 2018. A meta da companhia é reduzir em quase metade a captação até 2030.Nosso plano diretor envolve investimento em recirculação de água em locais com maior complexidade. A ideia é que, nos próximos anos, a gente tenha ainda maior redução de captação do Rio Piracicaba”, afirmou Fausto Vilela, responsável pela área de Utilidades, Eficiência Energética e Descarbonização, em entrevista ao Diário do Aço.
Ele destaca que o sistema da usina em Timóteo já recircula mais de 95% da água utilizada, em um circuito fechado. O que a gente capta do rio é somente a diferença. Nosso plano de ação consiste em aumentar a recirculação e eliminar desperdícios. Em 2024 tivemos o melhor resultado de consumo de água e, em 2025, temos a previsão de bater esse recorde, com o menor consumo histórico para a produção dos nossos aços”, continuou.
Além de reduzir o impacto ambiental, a siderúrgica também busca conscientizar a população. O nosso papel é influenciar a comunidade nesse compromisso de melhor utilização da água. Por isso, desenvolvemos vários projetos com escolas e comunidades, alguns com visitas à nossa indústria, para conscientização”, explicou Vilela.
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