12 de setembro, de 2025 | 07:30
Setembro Amarelo: o olhar dos pais salva vidas
Eliene Lima *
Setembro amarelo é uma campanha para nos alertar sobre a prevenção ao suicídio, e um estudo da Unicef sobre esse tema em países Latino Americanos e no Caribe nos chama a atenção para o fato de que a saúde mental de nossas crianças e jovens também deve ser alvo de nossa atenção, nos retirando daquela fantasia de que a infância é sempre a fase mais feliz de nossa vida.
O suicídio, nos 33 países participantes desta pesquisa, é a terceira principal causa de morte entre crianças e jovens de 10 a 19 anos, sendo que o Brasil ocupa a 4ª colocação no ranking de prevalência de doença mental nesta faixa etária. No entanto, mais que apontar números, devemos nos preocupar com a prevenção ao suicídio e uma das formas de se fazer isso é conversando sobre o assunto, alertando a sociedade sobre os principais sinais de alerta e, principalmente, orientando os pais sobre a importância de acompanhar de perto o comportamento de seus filhos.
Normalmente, quem chega a consumar um suicídio já fez outras tentativas, e antes delas alguma mudança nos hábitos ocorreu. Por isso, alguns sinais de alerta devem nos chamar a atenção, tais como: aumento da irritabilidade, maior necessidade de ficar isolado, desleixo com a própria higiene, choro aparentemente desmotivado. Esses podem ser aspectos que merecem que você se aproxime e busque entender o que está se passando.
Quem se dispõe a cuidar e educar outro ser humano tem que criar o hábito de observá-lo”
É bem verdade que a pré-adolescência e a adolescência são momentos da vida onde as transformações do corpo, as alterações hormonais e a mudança dos ambientes sociais frequentados podem gerar tensões que precisarão ser superadas e que ajudarão na consolidação da personalidade. No entanto, cada pessoa reage de uma forma muito peculiar aos desafios que a vida propõe e, por essa razão, os pais ou cuidadores, precisam estar por perto para perceber, acolher, orientar e, se necessário, encaminhar para ajuda profissional.
Não negamos que o relacionamento com os filhos adolescentes pode ser conflituoso e bastante desafiador. É um momento da vida deles que nós que somos adultos sabemos que eles podem estar bem próximos de situações de risco, tanto à sua saúde quanto à sua integridade física. Porém, é exatamente nesta fase que eles menos querem os pais por perto. Às vezes o que é possível fazer é ficar em estado de alerta e pronto para intervir, observando o caminhar daquele indivíduo quase adulto, mas ainda criança, torcendo para que as escolhas dele sejam saudáveis.
Quem se dispõe a cuidar e educar outro ser humano tem que criar o hábito de observá-lo. Precisa, de fato, fazer parte da vida desta pessoa e saber quando algo diferente está se passando com ele. Sei que é difícil o limite entre participar e ser invasivo, mas cada um deve achar o seu jeito de mostrar aos filhos que está por perto e que está ali para ele/ela. E você, já olhou nos olhos do seu filho hoje? O que foi que você viu neles?
* Psicóloga, mestre em Psicologia Social.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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