
10 de setembro, de 2025 | 08:00
Suicídio: questão de saúde pública
William Passos *
A cada 40 segundos, uma pessoa comete suicídio. A cada três segundos, uma pessoa atenta contra a própria vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os anos, mais pessoas morrem de suicídio do que de HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios combinados.
No recorte por gênero, as mortes por suicídio são três vezes maiores entre os homens, na comparação com as mulheres. Inversamente, as tentativas de suicídio são, em média, três vezes mais frequentes entre as mulheres. No caso masculino, atuam como preditores os maiores níveis de força, independência e comportamento de risco, que, combinados à solidão e ao isolamento social, afastam os homens da busca por ajuda.
As mulheres, por sua vez, se suicidam menos porque têm redes de apoio mais fortes e porque se engajam mais facilmente do que os homens em atividades domésticas, religiosas e comunitárias, o que lhes confere um sentido de participação e um senso de propósito até o final da vida.
Todo esse contexto torna a questão do suicídio um importante problema de saúde pública, com impactos na sociedade como um todo. Estatisticamente, estima-se que cada vida interrompida precocemente impacta significativamente a vida de, pelo menos, outras seis pessoas.
Em termos de prevalência, a epidemiologia aponta que, no planeta, entre os jovens de 15 a 29 anos, o suicídio, atualmente, é a quarta maior causa de morte, superando os acidentes no trânsito, a tuberculose e as mortes provocadas por violência interpessoal.
Além disso, o suicídio incide na população de maneira mais ou menos linear, afetando de modo relativamente homogêneo indivíduos de diferentes origens, sexos, gêneros, culturas, classes sociais, idades e religiões.
Nos últimos anos, as taxas de suicídio declinaram na Europa, mas aumentaram no Leste Asiático, na América Central e na América do Sul. No entanto, mesmo se tratando de um problema global de saúde pública, apenas 38 países construíram estratégias nacionais focadas na sua prevenção.
Por isso, é tão importante tocar nesse tema. Organizado pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio e endossado pela OMS, 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. O objetivo da data é aumentar, em todo o mundo, a conscientização sobre a importância da prevenção desta tragédia.
Todos os anos, mais pessoas morrem de suicídio do que de HIV, malária, câncer de mama, guerras e homicídios combinados”
Para tanto, ainda de acordo com a OMS, é fundamental que os profissionais de saúde sejam capazes de reconhecer os fatores de risco e tenham formação suficiente para o manejo adequado de medidas que diminuam a chance ou mesmo evitem novos suicídios.
No caso da população em geral, ainda como medida de apoio, é de suma importância disseminar informação e desenvolver senso de empatia. Por isso, é muito importante que as pessoas próximas saibam identificar os indivíduos com ideação suicida, a fim de ajudá-los, com uma escuta ativa e sem julgamentos.
Também é muito importante que essas pessoas sejam encaminhadas ao médico psiquiatra, em geral, o profissional com a melhor formação para esse tipo de situação. Outra alternativa são os psicólogos especializados neste tipo de manejo. Essa atitude é tão importante que é capaz de salvar vidas!
Ainda no contexto da prevenção, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece, gratuitamente, com voluntários treinados, apoio emocional pelo telefone 188. O CVV atua nacionalmente, 24 horas por dia e sem custo de ligação, disponibilizando também atendimento por chat e e-mail. Em alguns locais, o CVV oferece atendimento presencial em alguns endereços.
Entidade brasileira sem fins lucrativos, fundada em 1962 de forma voluntária, o CVV não tem filiação religiosa nem ligação com qualquer instituição político-partidária ou empresarial.
Para finalizar, acrescenta-se que os profissionais de saúde costumam fazer três perguntas iniciais para avaliar possível risco de suicídio: (1) Você tem planos para o futuro? (2) A vida vale a pena ser vivida? (3) Se a morte viesse, ela seria bem-vinda? As respostas dos pacientes com risco aumentado de suicídio, nos três casos, costuma ser Não”.
* Colaborador do Diário do Aço e coordenador estatístico e de pesquisa do projeto Observatório das Metropolizações Vale do Aço. E-mail: [email protected]/.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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