09 de setembro, de 2025 | 07:00

Carneiro não é cachorro!

Nena de Castro *

Dia, meus cinco leitores amados! Diz que era uma vez, quatro ladrões muito sabidos e finos. Num domingo de manhã estava deitados aproveitando a sombra de uma árvore, quando viram passar na estrada um homem levando um carneiro grande e gordo. Palpitaram furtar o carneiro e comê-lo assado. Acertaram um plano e se espalharam por dentro do mato à beira da estrada. O primeiro ladrão foi para o caminho, encontrando o homem do carneiro e saudou-o:

- Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
- Para sempre seja louvado!
- O Senhor, que mal o pergunte, para onde leva esse cachorrinho?
- Que cachorrinho?
- Esse aí que está amarrado numa corda! Bem bonitinho!
- Isso não é cachorro. É carneiro! Repare direito.
- Estou reparando, mas é cachorro inteiro. Espia o focinho, as patas , o pelo. É cachorro e dos bons. Até logo, vou andando! E saiu, deixando o dono do carneiro desconfiado, olhando seu animal. Logo adiante, surgiu o segundo ladrão que olhou o carneiro e falou: - Cachorro bonito! Esse dá pra pegar tatu e cotia. Focinho fino, bom pra farejar. Perna fina corredeira, é capaz até de correr veado. Onde comprou o bicho?

- O senhor repare que não é cachorro. É um carneiro. Já outro cidadão ali atrás veio com essa palúxia pro meu lado. Bote os olhos direito no bicho!

- Homem, desde que nasci eu conheço cachorro e carneiro. Se esse aí não é cachorro, eu ando espritado. Deixar de conhecer cachorro? Inté - disse rindo e se foi. O homem seguiu sozinho, mas não tirava os olhos do carneiro quase convencido de que comprara o bicho errado. Nisso, surgiu o terceiro ladrão e fez a mesma lorota, misturando os dois animais e demonstrando espanto quando o dono dizia que o bicho era um carneiro.

A conversa durou certo tempo e o ladrão espirrou para dentro do marmeleiro. O quarto amigo do alheio veio, puxou conversa, oferecendo preço para o cachorro que dizia ser um bom caçador de preás. Deu os sinais de cachorro de faro e observou que o bicho que o homem levava, tinha todos eles.

Assim que o bandido se foi, o dono do carneiro que espiava o bicho com um olhar suspeito, certo e mais que certo que o mesmo era um cachorro, desatou o laço da corda e o deixou livre, seguindo seu caminho. Os quatro ladrões, escondidos na capoeira, agarraram o carneiro e fizeram dele um almoço especial.

Então, meus cinco leitores, viram o que uma pessoa crédula e sem firmeza acaba fazendo, deixando-se envolver por mentiras e ódio e perpetrando tolices sem fim? Posé, estão cegos e se deixam envolver por políticos espertalhões que nada fazem a não ser encher os bolsos com o dinheiro público; são guiados por pretensos líderes religiosos que defendem um homem que só fez disseminar ódio e conspirou contra a democracia tentando manter-se no poder e cujo filho senador, que devia defender os interesses do país, insuflou o louco americano a taxar nossos produtos, o que pode trazer consequências gravíssimas à nossa economia! Gente, a doidice galopa por esse Brasil afora, lançaram um olho gordo nesse país, só pode, pois nossos olhos estão vendo e os ouvidos ouvindo o que jamais gostaríamos de ver e ouvir.

A classe política maquinando um projeto de anistia aos golpistas e brasileiros desfraldando a bandeira do país do Norte no dia da nossa Independência! Bom, os nossos ínclitos líderes deram o exemplo, lembram? E nada mais digo, a não ser: acorda, Brasil! Carneiro não é cachorro!

* Escritora e contadora de histórias.
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