09 de setembro, de 2025 | 06:00

Nas alturas

Fernando Rocha

Classificada para a Copa do Mundo/2026, a seleção brasileira encerra hoje a sua participação nas eliminatórias, enfrentando a Bolívia, na cidade de El Alto, que tem 885 mil habitantes e fica a 4.088 metros de altitude em relação ao nível do mar.

Jogar futebol ou praticar qualquer outro esporte que exija esforço físico num lugar como esse chega a ser desumano.

Este jogo não tem mais nenhum interesse para a seleção brasileira, senão cumprir tabela. Por isso, e se quiser, o técnico Carlo Ancelotti poderá escalar uma equipe alternativa, dando oportunidade a jogadores que ainda não viu atuar, como o zagueiro Fabrício Bruno, do Cruzeiro.

Mas, para a Bolívia - “La Verde”, como é chamada pelos bolivianos -, será tudo ou nada, pois terá de vencer o Brasil e torcer por uma derrota ou empate da Venezuela, que recebe a Colômbia em casa, a fim de terminar em sétimo lugar nessas eliminatórias e disputar uma vaga no Mundial pela repescagem.

Grande clássico
Começamos a viver toda a expectativa do clássico decisivo que será disputado nesta quinta-feira, no Mineirão completamente lotado de torcedores cruzeirenses.

No Galo, a grande expectativa da torcida é com relação ao novo modelo de jogo da equipe, agora sob o comando do argentino Jorge Sampaoli.

No jogo de ida, disputado na casa do Galo, o Cruzeiro venceu por 2 x 0 e poderá perder até por um gol de diferença, que estará classificado à semifinal da Copa do Brasil.

O técnico celeste, Leonardo Jardim, ganhou problemas de última hora devido às contusões do artilheiro Kaio Jorge, que dificilmente irá jogar, além do meia Matheus Pereira, este com mais chances de atuar, mas possui no elenco bons jogadores para suprir essas possíveis ausências.

O retorno de Jorge Sampaoli para o lugar de Cuca, no Galo, vai além de uma simples troca de treinadores, pois se o torcedor alvinegro via em campo um time mais pragmático e reativo, agora verá uma equipe com intensidade máxima, posse de bola obsessiva e, pelo menos na teoria, “mordendo” o adversário nos 90 minutos.

Este estilo do novo Galo de Sampaoli se encaixa no que prefere o Cruzeiro de Leonardo Jardim, cuja principal característica é a recuperação de bola e a saída em rápidos contra-ataques, para pegar a defesa adversária desarrumada.

O que vai acontecer no clássico desta quinta-feira só saberemos depois do apito final do árbitro, mas é certo que veremos um dos melhores jogos dos últimos anos.

FIM DE PAPO

O próprio nome dessa cidade boliviana, onde o Brasil irá jogar esta noite - El Alto -, já é uma pista da sua localização. O Estádio Municipal, que será palco da partida, tem praticamente a mesma capacidade do Ipatingão, podendo receber até 23 mil espectadores. A previsão é que estará completamente ocupado pela torcida boliviana.

Para se ter ideia do que seja essa altitude de 4.088 metros acima do nível do mar, da cidade de El Alto estaria cinco vezes acima do Pico do Ana Moura, em Timóteo, o ponto mais alto do Vale do Aço, com 864 metros de altitude. Se comparada ao Pico da Ibituruna, em Governador Valadares, que possui 1.123 metros de altitude, a cidade de El Alto, na Bolívia, estaria 3,5 vezes mais alta. Tem pessoas que sentem mais, outras menos, mas de uma maneira geral todos sentem a falta de oxigênio para respirar, o que pode levar até à morte em casos mais graves.

Em 2007, quando era presidida por Joseph Blater, a Fifa chegou a proibir jogos em altitude acima de 2.500 metros, mas depois voltou atrás devido às fortes pressões de federações e dos governos de países cujas cidades possuem estádios e times que se beneficiam dessas condições. O estádio mais alto do mundo é o “Daniel Alcides Carrion”, situado a incríveis 4.378 metros de altitude, localizado em Cerro de Pasco, no Peru. O Estádio Municipal de El Alto, onde a seleção brasileira irá jogar nesta noite, trata-se do segundo mais alto do mundo.

Para quem já se acostumou a assistir jogos de futebol na TV quase todos os dias, não há nada mais chato do que a chamada “Data Fifa”. Entre cinema, séries, documentários, noticiários da política, enfim, uma chatice sem tamanho, a vida segue lampeira e pimpão. Felizmente, esse período de seca do futebol termina hoje, com a seleção brasileira jogando na Bolívia, embora ainda tenhamos de aturar mais três períodos como esse até a Copa do Mundo, em julho de 2026, que terá jogos nos Estados Unidos, no México e no Canadá. (Fecha o pano!)

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