07 de setembro, de 2025 | 08:45

Aos três anos, criança de Timóteo é avaliada com QI de 7

Álbum pessoal
Liz Andrade, moradora de Timóteo, é curiosa e muito espertaLiz Andrade, moradora de Timóteo, é curiosa e muito esperta
Por Bruna Lage - Repórter Diário do Aço
Uma menina de três anos e dez meses, moradora do bairro Timotinho, em Timóteo, foi avaliada com altas habilidades/superdotação. A pequena Liz Andrade, filha de Bárbara Andrade, tem um Quociente de inteligência (QI) de uma criança de sete anos e vive o desafio de se desenvolver também emocionalmente nesse cenário.

A mãe de Liz relata que a família sempre percebeu algo diferente, mas como era a primeira filha, não havia parâmetro para comparação. Bárbara relata que Liz sempre alcançou alguns marcos do desenvolvimento antes do tempo padrão: andou aos dez meses, seus dentes nasceram cedo.

“O que nos pegava muito era a questão do sono. Ela sempre foi uma criança que não dormiu bem. Eu brincava que a cama dela era como um carregador turbo. Ela podia estar extremamente cansada, que se pisasse na cama, a energia ia lá no pico. A gente pensava até numa questão de hiperatividade, algo nesse sentido. Mas os outros fatores não batiam. Se a gente ia num aniversário, ela preferia ficar conosco em vez de brincar com as outras crianças. Sempre preferiu um público mais velho do que a idade dela. Até que uma amiga minha, que tem uma filha da mesma idade, falou assim, ‘Bárbara, você já pensou na possibilidade de ela ser superdotada?’ De fato, as outras características, além da inteligência, todas batiam, Os pontos que nos levaram a pensar nisso foram intensidade, memória e linguagem”, recorda.

Intensidade
Bárbara acrescenta que a filha tem alguns sentidos aflorados e essa intensidade chamava atenção da família. “E depois que meu segundo filho nasceu, isso veio mais à tona. Ela passou a ter crises de dermatite atópica. Ela tinha desde muito novinha. E aí, quando ela estava no auge de um nervosismo, isso vinha. Os superdotados têm uma velocidade de processamento muito mais rápida e que pode interferir, às vezes, num sofrimento que eles estão passando, o corpo encontra alguma válvula de escape e, em alguns casos, pode ser a dermatite”, detalha.

Genética
Questionada se há na família alguém com a mesma característica de superdotação, Bárbara pontua que quando foi iniciada a avaliação de Liz, estudou muito sobre o tema e descobriu que era uma questão genética e possivelmente hereditária. “Então alguém, ou eu ou meu marido, alguém parente muito próximo, teria que ter também a superdotação. Então eu fui atrás da minha avaliação, porque eu me vejo muito nela, principalmente nessa questão da intensidade, sabe, a gente se completa muito, a gente se entende por conta dessa questão. E também fui identificada, a gente não pode falar de diagnóstico, porque não é uma doença, não tem um CID, o termo mais correto é identificação. E eu fui identificada com altas habilidades”, salienta.

Desafio
A mãe avalia que o maior desafio em ter uma criança superdotada, somado ao fato de também ser uma pessoa com essa característica, numa rotina com outra criança e demandas diárias, é a curiosidade da menina. “A nossa casa é sempre muito agitada, sempre com muitas perguntas, porque ela quer saber, é uma pergunta atrás da outra, e muitas vezes perguntas que não são comuns para a idade dela, por exemplo, ainda muito novinha, quase pegando no sono, ela me perguntou ‘por que eu tenho esse osso aqui na minha costela?’, quando ela tinha acabado de completar três anos. Não são perguntas que você espera para aquela idade”.

Mas a maior dificuldade é principalmente a questão emocional. “Porque os superdotados têm uma coisa que se chama assincronia. Às vezes, um lado está muito avançado, por exemplo, ela tem um QI de sete anos de idade, mas o emocional dela ainda é de uma criança de três anos. Ele não acompanha esse desenvolvimento cognitivo. Então, às vezes, ela se projeta para fazer algo, não consegue, porque o corpo ainda é de uma criança menor e ela se frustra muito facilmente. A gente precisa encorajar e permitir que ela erre, ela não precisa acertar tudo. A minha preocupação enquanto é que os meus filhos tenham qualidade de vida. O conhecimento vai chegar. Ela tem uma facilidade de aprendizado muito grande. Eu quero que ela dê o seu máximo em todos os aspectos, mas eu quero principalmente que ela tenha um emocional seguro”, conclui.

Avaliação
A avaliação foi feita por uma neuropsicóloga, em conjunto com uma psicopedagoga. “A neuropsicóloga precisa fazer essa avaliação porque ela é habilitada para fazer o teste de QI. E a psicopedagoga fez a parte complementar a isso. Foi toda avaliação dos comportamentos, das habilidades, em que ela era mais forte e em que precisa desenvolver ainda. Hoje não há um único método para dar a avaliação e a identificação de superdotação. O que é mais utilizado no Brasil atualmente, aqui na nossa região principalmente, é a teoria de Renzulli, pesquisador. Para ser identificado como superdotação é necessário que haja três características: criatividade, uma habilidade acima da média e envolvimento com a tarefa. Quando há essas três coisas em conjunto, a interseção dessas três características é onde está o comportamento do indivíduo superdotado”, descreve.

Mito
Por fim, a mãe pontua que é preciso desmistificar que os superdotados são gênios. “É muito além disso. Muitas vezes eles não vão ser gênios, se a gente não potencializar ao máximo o emocional, sabe? Se a gente se preocupar só com o cognitivo, vão ser pessoas frustradas, pessoas que procrastinam, que não estão satisfeitas consigo mesmas, e a gente precisa potencializar e dar uma segurança emocional para que eles possam se desenvolver nesse sentido também. Então, para além da inteligência, para além do QI, a gente tem muita coisa por trás disso. Tem um sofrimento agregado também e que a gente precisa ajudar essas crianças a se desenvolverem, para crescerem crianças e possam dar o seu melhor”, conclui Bárbara Andrade.
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