24 de agosto, de 2025 | 07:00

Zapzaps e outros segredos

Marli Gonçalves *

Admitam. A gente bem gosta de uma fofoca, de revelações interessantes e surpreendentes, especialmente quando são recheadas de sons, imagens e, na versão desta semana, também de palavrões. Mais ainda quando mostram a verdadeira face de “certas pessoas”.

Você acorda e dá de cara com notícias de que vazou alguma coisa, e não era, pelo menos desta vez, a água dos canos, mas sim imagens “íntimas”, como são descritas algumas, ou de transas quentes ou de nudes mandados que, digamos, foram reenviados para o mundo, geralmente por vingança. Gente famosa atrai mais do que açúcar atrai formigas. As redes sociais ficam insanas, aquilo viraliza, o noticiário se espalha, aproveitam para ganhar dinheiro, a tal monetização (ô palavrinha antipática!).

Pois não é que o tal Silas Malafaia também está faturando alto com as suas reveladoras gravações divulgadas pela Polícia Federal em inquérito, de conversas dele com o ex-presidente, aquele que pensou até em ir comprar uma roupa de couro reforçado lá na Argentina?

Aliás, que classe a dessa turma, hein? Só vi gente falando dos palavrões claros e em bom som, ditos ou escritos, parte do que levou a mais um indiciamento para a coleção do ex-presidente, agora acompanhado do filho 03, o indigitado e indigesto Eduardo que resolveu, para livrar a cara do pai, fazer a cabeça do cada dia mais maluco Trump. De lá, e com bom dinheiro, festeja maldades, o tarifaço e as desgraças que já traz ao país, com o fechamento de empresas e perda de empregos.
"O WhatsApp garante que conversas são criptografadas, mas se você se meter em encrencas, textos e áudios são recuperados mesmo depois de apagados"


De camarote, sentados balançando as perninhas, agora assistimos ao noticiário e lemos com gosto os detalhes da tal estratégia nos jornais. Inclusive o “líder religioso” falando duas vezes em fazer “sentar no colinho” o governo (e o país) com os atos engendrados apenas para conseguir a anistia do líder que levou aqueles coitados a tentar um golpe em janeiro de 2023, e que só conseguiram mesmo foi derrubar relógios, quadros, bustos, cadeiras, quebrar vidros, pichar estátua com batom – mas estão presos ou com tornozeleiras adornando seus corpos. Fora as várias conjugações do verbo arrombar que o tal pastor usou nas conversas.

Confesso: sempre quis saber a real identificação que as pessoas usam em seus telefones quando querem ou sacanear ou esconder alguém, tipo amante, fornecedor de algo, ou mesmo os apelidos que definem quem liga, os registrados na agenda de maneira grosseira, dedicados a chefes, pessoas que detesta da família, e por aí afora. O que veríamos se esses registros caíssem em nossas mãos? Esse zap!

O WhatsApp garante que conversas são criptografadas, mas se você se meter em encrencas, textos e áudios são recuperados mesmo depois de apagados. Não precisa ficar vermelho ou preocupado se você não anda por aí planejando golpes de Estado ou derrubar governos. Já basta - são bastante reveladoras - as conversas em grupos onde desaforos são trocados entre amigos que viram inimigos, entre famílias onde um espeta o outro e não convida nem mais para o churrasco.

Acima de tudo isso, no entanto, a luta para garantir nossa privacidade e intimidade deve continuar forte e viva, porque se a moda pega vai ser uma fofoca que a gente não vai gostar nem um pouquinho.

* Jornalista, cronista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo. [email protected] / [email protected].

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