22 de agosto, de 2025 | 07:30
Era só o que faltava: uma moção de apoio a Jair Bolsonaro
Júlio César Cardoso *
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados aprovou uma moção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 13/8. De autoria do deputado federal Evair de Mello (PP-ES), o requerimento homenageia Bolsonaro, repudiando as medidas cautelares impostas ao ex-mandatário, a exemplo da prisão domiciliar e do uso de tornozeleira eletrônica.Vale aqui registrar dois pensamentos irônicos do saudoso jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues: "O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte" e "Eu me nego a acreditar que na política, mesmo o mais doce político, tenha senso moral".
De fato, Nelson Rodrigues, desde a sua época, já identificava a influência deletéria do político e do não político, que continua a existir como dantes, sem nenhum retoque.
Pois bem, se Nelson Rodrigues hoje existisse, certamente apoiaria minha indignação com a palhaçada política reinante e com aqueles que dão apoio aos palhaços.
Não me identifico com nenhum segmento de esquerda ou de direita. Minha identificação é apenas com os valores éticos e morais do meu país, predicados esses que têm faltado a políticos como aqueles que aprovaram moção de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Trata-se de grupo de parlamentares, moleques, que deveriam respeitar a Nação e o Estado Democrático de Direito. Foram eleitos para defender os interesses da coletividade, e não para pautar e aprovar apoio a traidores da pátria.
Moção de apoio a um traidor-mor da pátria que bate continência à bandeira americana e vibra com tarifaço do Trump à nossa economia é um despautério que só poderia partir de elementos sacripantas, travestidos de parlamentares nacionais.
"Minha identificação é apenas com os valores éticos e morais do meu país, predicados esses que têm faltado a políticos"
A liturgia do Parlamento é clara: pautar apenas o que serve ao país - saúde, educação, segurança, habitação, emprego, combate à fome e à miséria, saneamento básico, onde ainda existem cidades com o esgoto correndo a céu aberto, transição energética, ecologia, Amazônia, queimadas, desmatamento e povos originários. Os parlamentares foram eleitos para trabalhar pelo país e não para glorificar quem quer que seja.
Não esqueçam que, durante a pandemia, a atuação desumana de Bolsonaro causou mortes evitáveis, enquanto ironizava as vítimas não sou coveiro, é apenas uma gripezinha” - promovia medicamentos ineficazes. Em vez de liderar, Bolsonaro esquiava em Santa Catarina com sua patota, ignorando o sofrimento de milhares.
Bolsonaro está em prisão domiciliar, usando tornozeleira eletrônica, não por acaso, mas por decisões baseadas em desrespeito às normas que todos nós devemos seguir. Seus próprios aliados como seus filhos e parlamentares radicais indisciplinados contribuíram diretamente para isso, seja por postagens irresponsáveis ou articulações internacionais que atentam contra a soberania nacional.
Parlamentares: respeitem o Brasil ou renunciem ao mandato. O Congresso não é lugar de defesa de interesses pessoais nem picadeiro de circo de palhaços.
Se o objetivo dos indignos deputados e senadores é bagunçar o Parlamento, a renúncia é o caminho mais honesto do que a sabotagem democrática.
Por que os moleques, travestidos de políticos, não propõem, igualmente, moção de apoio para, por exemplo, Fernandinho Beira-Mar e Marcola? São indisciplinados como Bolsonaro, só divergem no modo de agir.
O país está carente de políticos sérios, pois de moleques travestidos de políticos, temos de sobra para exportar para os EUA.
* Servidor federal aposentado. Balneário Camboriú-SC
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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