17 de agosto, de 2025 | 06:00

Sucesso de “Chaves” e Chapolin” vira overdose na TV e no streaming

Exibição em múltiplas plataformas levanta discussões sobre excesso de reprises

O Brasil vive uma verdadeira overdose de “Chaves” e “Chapolin”. Após anos fora do ar, por questões contratuais, os clássicos seriados mexicanos voltaram com tudo e são exibidos simultaneamente em diversas plataformas: na TV aberta pelo SBT, na TV por assinatura pelo Multishow e, agora, também nos serviços de streaming Globoplay, Prime Video, Netflix e +SBT.

Desde 21 de julho, as séries estreladas por Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) estão disponíveis no Globoplay, resultado de um novo acordo com a Televisa. Foram liberados 176 episódios (88 de cada produção), com opção de áudio dublado em Português ou original em Espanhol com legendas. É a primeira vez que a plataforma da Globo inclui os seriados em seu catálogo, aumentando ainda mais o alcance dessas obras no país.

Ao mesmo tempo, o Multishow - que já havia adquirido os direitos em 2018 - retomou a exibição de “Chaves” e “Chapolin” na primeira segunda-feira do mês, no dia 4 de agosto, com horários fixos de segunda a sexta-feira, a partir das 10h30. O SBT, por sua vez, voltou a exibir “Chaves” oficialmente em sua grade de programação no dia 18 de novembro de 2024, após anos fora do ar devido a disputas entre a Televisa e os herdeiros de Bolaños. Atualmente, os episódios vão ao ar de segunda a sexta-feira, às 18h, e aos domingos, às 8h30.

Já os assinantes do +SBT podem maratonar episódios selecionados gratuitamente pela plataforma da emissora. E o universo de streaming não para por aí. O Prime Video passou a oferecer “Chapolin” desde o último dia 21 de julho, enquanto os episódios de “Chaves” foram liberados em 28 de julho. A expectativa é que, ao longo do segundo semestre, sejam disponibilizados cerca de 500 episódios combinados das duas séries.
A Netflix, que havia perdido os direitos em 2016, anunciou o retorno de “Chaves”, a partir da última segunda-feira (11), com episódios clássicos e nova dublagem. Assim, as duas produções passam a integrar o acervo das maiores plataformas de streaming do país, consolidando uma presença simultânea inédita na história da televisão brasileira.

Sem novidades
O retorno marcou o fim de um apagão que começou em agosto de 2020, quando, por falta de acordo sobre os direitos de transmissão, todos os programas do Grupo Chespirito foram retirados do ar no mundo inteiro. O sumiço deixou os fãs órfãos por mais de quatro anos, até que as partes envolvidas voltaram a se entender. Agora, a maratona diária de reprises está mais intensa do que nunca.

O sucesso dos dois seriados no Brasil não é novidade. Exibido pela primeira vez em 1984 no programa “Bozo”, no SBT, “Chaves” rapidamente conquistou o público com seu humor inocente e personagens carismáticos. Em 1987, ganhou horário próprio e chegou até a incomodar a concorrência no horário nobre com episódios inéditos. Mesmo após diversas mudanças de grade e interrupções, a série se manteve firme na grade da emissora por décadas.

Tanto “Chaves” quanto “Chapolin” se tornaram coringas da emissora do saudoso Silvio Santos, sendo usados para tapar buracos na programação em diferentes faixas horárias. Em 2020, antes da interrupção, eram exibidos aos sábados de manhã e aos domingos pela manhã. Até mesmo o anúncio da morte de Roberto Gómez Bolaños (o interprete de Chaves), em 28 de novembro de 2014, aconteceu durante a exibição de um episódio de “Chaves”, com um plantão comandado por Rachel Sheherazade no “SBT Brasil”.

O impacto das séries vai além da nostalgia. “Chaves” continua sendo uma das maiores audiências do SBT, como demonstrou a “pré-estreia” de retorno no Dia das Crianças de 2024, quando três episódios clássicos - incluindo o famoso “Férias em Acapulco” - foram exibidos em sequência, garantindo boa performance no Ibope.
O ator Édgar Vivar, que interpreta o inesquecível Seu Barriga, já declarou diversas vezes o carinho que tem pelo público brasileiro. “Eu amo o Brasil, é a minha segunda casa! São muitas gerações nos acompanhando ao longo desses anos. Nos divertíamos muito em cena, foi uma época inesquecível”, afirmou o intérprete, emocionado.

Embora algumas críticas sobre a “exposição excessiva” já estejam surgindo entre os fãs mais antigos, que reclamam da repetição constante dos mesmos episódios, é fato que o carinho do público brasileiro permanece firme. Seja na TV aberta, na TV paga ou no streaming, “Chaves” e “Chapolin” seguem mais vivos do que nunca - e com múltiplas janelas para fazer rir gerações inteiras.