07 de agosto, de 2025 | 19:33

Filho mais velho e marido também foram vítimas de mulher acusada de matar cinco filhos em Timóteo, afirma delegada da PC

Uma mulher de 40 anos, presa esta semana por força de mandado judicial cumprido pela Interpol na cidade portuguesa de Coimbra, Portugal, responde não só pela morte de cinco filhos entre 2010 e 2023, mas também pela tentativa de matar o seu primeiro filho, que sobreviveu e hoje tem 18 anos, e também tentou matar o atual marido dela, em 2022.

A investigação da Delegacia de Polícia Civil em Timóteo levou a provas testemunhais e documentais, com prontuários médicos e até exumação de cadáveres, atestando que as pessoas sofreram tentativa de homicídio ou morreram envenenadas. A suspeita recai sobre Gisele Oliveira, que está presa em Portugal e deverá ser deportada para responder pelos crimes hediondos dos quais é acusada. A motivação de Gisele para os atos ainda é investigada. Ela residia no bairro Ana Moura, em Timóteo, quandos os fatos ocorreram. Os detalhes da investigação foram apresentados nesta quinta-feira, na sede do 12º Departamento de Polícia Civil em Ipatinga.

A delegada regional da PC, Talita Martins Soares, confirmou em entrevistas na tarde desta quinta-feira que as investigações se intensificaram no ano de 2023, com a morte da quinta criança. Em 2010, chegou a ser feita a investigação da morte das duas primeiras crianças (uma de 2 anos e 8 meses e outra de 10 meses). Em 2019, morreram outras duas crianças, uma de um ano e outra de 3 anos. Em 2023, morreu mais uma criança, de 3 anos. “Com a morte da quinta criança e a comunicação formal à Polícia Civil, a Delegacia de Homicídios de Timóteo, na pessoa da delegada Valdimara Teixeira, intensificou as investigações e a equipe conseguiu apurar toda a dinâmica desses crimes que vêm ocorrendo desde 2008. O filho dessa tentativa de homicídio sobreviveu, tem 18 anos e já foi ouvido pela Polícia Civil.”

O caso do marido

A delegada Valdimara confirma que a mulher é investigada também pela suspeita de tentar matar envenenado, em 2022, o atual marido dela. “Logo que nós iniciamos as intimações, ela já foge de Timóteo para Portugal antes que saísse o mandado de prisão dela. Quanto ao caso do marido, em 2022 ele deu entrada no hospital com sinais de intoxicação e aí, tendo acesso a esses prontuários, nós percebemos que é exatamente igual ao das crianças. Ele chega com consciência rebaixada, fica cerca de 24 horas sonolento, mas retoma a consciência e sobrevive”, detalha a delegada. Veja, abaixo, vídeo com mais informações:

Inseticida na mamadeira

Conforme Valdimara, no decorrer das investigações foi descoberta também a tentativa de homicídio ocorrida em 2008 contra outro filho da mesma mulher. Essa vítima sobreviveu e hoje tem 18 anos. A investigação levou à conclusão, a partir de depoimentos, que fora ministrada uma mamadeira com Neocid, inseticida em pó à base de deltametrina e carbaril, utilizado para combater piolhos. Já nos casos que resultaram em morte de crianças posteriormente, a investigada usava sempre o mesmo método.

“Ela diminuía a consciência das crianças usando medicamento. Tanto que uma das necropsias, de um caso de 2010, quando morreu a criança de 10 meses, aponta positivo para fenobarbital, que é um medicamento depressor, que age no sistema nervoso central, sendo que a primeira causa da morte é asfixia por conteúdo gástrico. Então concluímos, no decorrer das investigações, depois de muitas oitivas - foram dezenas de pessoas ouvidas, muito prontuário analisado, um trabalho de campo realizado pela equipe de forma minuciosa - que a redução de consciência era feita com sedativos. Temos o fenobarbital comprovado e os demais nós ainda estamos em busca de demonstrar quais eram utilizados”, pontua a delegada.

O caso ainda está em fase de investigação e outras pessoas vão prestar depoimento. A delegada titular do caso afirma que já há elementos para indiciar a investigada por cinco homicídios consumados e duas tentativas.