03 de agosto, de 2025 | 08:20

Levantamento traz Brasil entre países com mais crianças não vacinadas

Indo na direção contrária, em Minas Gerais, dados apontam números acima da meta de cobertura do Ministério da Saúde

Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Dados da OMS e Unicef apontam Brasil na 17ª posição do ranking  Dados da OMS e Unicef apontam Brasil na 17ª posição do ranking
Por Bruna Lage - Repórter Diário do Aço
Um levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o Brasil integra a lista de países com mais crianças não imunizadas no mundo. O país aparece na 17ª posição no ranking. A referência técnica regional de imunização da Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Caroline Spinola, avalia o possível motivo desse cenário e reforça a importância da vacinação.

O cenário nacional era de 103 mil crianças não vacinadas em 2023, e passou para 229 mil em 2024. No mundo, 14,3 milhões de crianças estão vulneráveis a doenças preveníveis por vacinas e mais 5,7 milhões têm apenas proteção parcial a essas doenças. Além disso, em 2024, nenhuma das 17 vacinas monitoradas alcançou uma cobertura de 90% ou mais.

Estado
Se o quadro nacional não é o ideal, em Minas Gerais, conforme dados da Agência Minas, em 2025, o estado ultrapassou a meta de cobertura vacinal em 13 das 19 vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e registrou índices superiores à média nacional e da região Sudeste em 18 delas. Avanço que estaria diretamente ligado aos investimentos estratégicos e das ações implementadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), para fortalecer a imunização em todo o território mineiro.

Os imunizantes com cobertura acima da meta preconizada pelo PNI são: BCG, DTP, Febre Amarela, Meningo C, Penta, Rotavírus, Hepatite A infantil, DPT - 1º reforço, Tríplice viral - 1ª dose, Pneumo 10 - 1º reforço, Pólio injetável - VIP, Meningo C - 1º reforço e dTpa Adulto.

Caroline Spinola observa que o panorama regional reflete o cenário nacional de queda na cobertura vacinal, especialmente em campanhas recentes e vacinas introduzidas após a pandemia. Ela acrescenta que a baixa adesão compromete a proteção coletiva e exige estratégias intersetoriais que combinem comunicações baseadas em evidências.

“É importante que haja engajamento comunitário, a ampliação dos pontos de vacinação e dos horários, o fortalecimento da atuação nas escolas e apoio institucional às equipes na linha de frente. O contexto tal exige que os gestores públicos, profissionais de saúde e sociedade civil atuem de forma coordenada para recuperar a confiança nas vacinas e garantir o direito à saúde de todas as crianças”, pontua.

Motivos da não vacinação
Entre os principais fatores para não vacinar as crianças, elenca a referência técnica regional, estão a disseminação contínua de informações falsas, a baixa percepção de risco frente às doenças imunopreveníveis, o medo de reações adversas - mesmo que raras-, e obstáculos logísticos nos territórios, como acesso limitado ao serviço de saúde. “Soma-se a isso a influência crescente de mídias sociais e grupos informais, que muitas vezes reforçam discursos contrários à ciência. Se você é pai ou mãe e tem receio de vacinar seu filho por medo de reações adversas, saiba que essa preocupação é legítima, mas os riscos de não vacinar são muito maiores. E eventos adversos graves são raríssimos”, aponta Caroline.
A profissional salienta que mesmo após a pandemia da covid-19, ainda existem entraves significativos para a valorização plena da imunização, por parte da população. “Embora o Brasil tenha avançado em algumas frentes com melhorias na cobertura de vacinas do calendário infantil e o resgate do certificado do País Livre do Sarampo, ainda vivemos um desafio multifatorial”.

Vacinar é um gesto de amor


Caroline Spinola lembra que o medo é natural, mas vacinar é um gesto de amor. “Compreender que reações leves são esperadas é essencial, mas também o importante é compreender o impacto coletivo. Ao proteger seu filho, você protege toda uma rede de pessoas, inclusive as mais vulneráveis. Todas as vacinas podem causar efeitos leves, como dor no local da aplicação, febre baixa ou mal-estar passageiro. Esses sintomas são esperados e indica que o organismo está reagindo à vacina, como deve ser. Eventos graves são extremamente raros e monitorados com rigor pelo Ministério da Saúde. Converse com os profissionais de saúde da sua unidade. Tire suas dúvidas e confie na ciência. A imunização é uma das ferramentas mais seguras e eficazes que temos para garantir uma infância saudável”, conclui Caroline Spinola.
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

03 de agosto, 2025 | 08:57

“Os principais responsáveis por estes números são os fanatismos político e religioso e os governantes, inclusive os atuais, que não têm feito campanhas educativas massivas nos meios de comunicações e, apesar dos muitos colegas Professores antivacinas, inclusive na rede privada, nas Escolas, com os estudantes, do infantil ao superior, e com seus responsáveis.
Uma "técnica" utilizada nas Escolas públicas, inclusive com alunos da EJA, que temos tido razoáveis resultados, é a busca ativa.
No caso dos estabelecimentos de ensino, ao contrário das UBSs, temos o contato das famílias e o endereço, às vezes, por incrível que pareça, não verdadeiro-que eufemismo barato-, pois é de outra família.”

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