01 de agosto, de 2025 | 08:31

BR-381: dessa vez, vai

Valter Oliveira *

Arquivo DA
Considero, pois, que é irreversível a percepção da necessidade de o governo recorrer à iniciativa privada para transformar em realidade projetos adormecidos há décadasConsidero, pois, que é irreversível a percepção da necessidade de o governo recorrer à iniciativa privada para transformar em realidade projetos adormecidos há décadas

Depois de quase meio século de frustrações, finalmente é possível afirmar que, dentro de 10 a 12 anos, acredito eu, o Vale do Aço e o Brasil poderão tirar proveito da rodovia BR-381 duplicada, no trecho Belo Horizonte Governador Valadares.

O acompanhamento desse processo desde os anos 1970, primeiro como um cidadão anônimo, e depois na condição de dirigente de associações classistas, clubes e agente político, me permite embasamento para reavivar essa esperança.
No início dessa novela, há mais de cinquenta anos, a duplicação não passava de mais uma promessa vã de aventureiros e políticos paraquedistas em busca de votos.

Enquanto persistia esse festival de promessas vazias, o número de veículos se multiplicando, a estrada ficava a cada ano mais inviável, gerando consideráveis prejuízos à economia, e, o pior, ceifando muitas vidas dia após dia, em dezenas de anos, o que se segue até os dias atuais. Décadas de conversa fiada e nada de concreto.

Um movimento real de duplicação só começou a sair do papel em 2013, com a decisão, àquela altura, de se dividir da obra em 11 lotes. Entretanto, as conhecidas limitações orçamentárias impediram o governo federal de cumprir os cronogramas de duplicar a 381 com dinheiro do Tesouro, apesar de algumas promessas apresentados em eventos pomposos.

Tudo voltava à estaca zero no momento de se colocar dinheiro para tocar as obras. Para refresco de memória, antes, em 2004, nos tempos do então diretor do DNIT Alexandre Silveira, chegou-se a reservar R$ 10 milhões no orçamento da União um Estudo de Viabilidade Técnica, que sequer existia para uma possível duplicação, dando de fato um passo efetivo para se discutir de forma real o projeto de duplicação.
“No início dessa novela, há mais de cinquenta anos, a duplicação não passava de mais uma promessa vã de aventureiros e políticos”

Um dos gargalos para o projeto ser executado estava na resistência da concessão da obra à iniciativa privada, voz corrente nos governos de outrora, incluindo os personagens que atualmente ocupam o Palácio do Planalto e mudaram de ideia, digamos que caíram na real. Opinião que ainda é defendida por alguns políticos e parte da população, conforme apontam as pesquisas e manifestações nas redes sociais do nosso jornal e outros veículos de comunicação. Mas a realidade dos fatos venceu essa resistência. Era aquela história: “Moça bonita não paga, mas também não leva”.
Um dos líderes das primeiras ações práticas para que essa obra fosse possível, o agora ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, era contrário a esta cobrança de pedágio antes da duplicação, mas o tempo lhe mostrou que a entrega à iniciativa privada era o único caminho. Daí, junto a outras lideranças políticas e integrantes do Governo Federal, encampou a ideia e foi um dos que comemorou o desfecho do processo licitatório de concessão ao Grupo Nova 381.
“Enquanto a duplicação não vier em sua totalidade não há o que festejar”

Considero, pois, que é irreversível a percepção da necessidade de o governo recorrer à iniciativa privada para transformar em realidade projetos adormecidos há décadas, como desta BR e de outras pelo país afora. E também não faltam bons exemplos de rodovias privatizadas e em ótimas condições, no Brasil e mundo afora.

O brasileiro já se acostumou a dar mais do que receber… Por isso, penso que a população já vai se afeiçoando à praticidade de se pagar pedágio a partir de fevereiro do próximo ano e ter em troca segurança no seu deslocamento. Por ora, já vemos grande parte do trecho entre Caeté e nosso Vale do Aço com o piso recuperado, sinalização refeita, margens cuidadas e veículos de socorro e de apoio. Já são passos adiante de uma realidade que sequer os políticos aproveitadores de décadas anteriores imaginavam. Me vejo otimista e aliviado, não por inteiro, pois enquanto a duplicação não vier em sua totalidade não há o que festejar, pois os perigos de grande parte da pista de trânsito em mão dupla ainda persistem.

Um caso emblemático para ilustrar a dificuldade de se emplacar uma boa ideia é a transposição do Rio São Francisco. O então imperador dom Pedro II, nos idos de 1880, revelou essa intenção, logo recebida como uma obra faraônica e um delírio do monarca.
“Os perigos de grande parte da pista de trânsito em mão dupla ainda persistem”

O assunto só foi retomado por Getúlio Vargas. Desde então, os presidentes que o sucederam, nos períodos democráticos e também no Regime Militar, colocaram um tijolinho nessa construção.

Os nordestinos estão em clima de lua de mel com essa obra. Agora que começam a se libertar dos coronéis e picaretas alimentados pela indústria da seca, reivindicam novos ramais para a consolidação de um Novo Nordeste.

Assim como o Velho Chico reforça a mística de ser o rio da unidade nacional, a duplicação da BR 381 ganha um novo contexto. A Rodovia da Morte ficará como uma triste lembrança e passará a desempenhar, na malha viária, o papel de fator de integração nacional, além de dar a sensação de segurança a centenas de milhares de famílias que têm seus entes queridos trafegando diariamente em sua pista.

Como se vê, é possível acreditar no projeto da “Nova 381”, detentora da concessão para os próximos 30 anos, entre Caeté e Governador Valadares, depois da apresentação, naquele evento próximo à Cenibra. Por outro lado, deixo uma interrogação de Caeté a Belo Horizonte, por ter ficado sob a responsabilidade direta do Governo Federal. Ufa, dessa vez, vai!!!

* Valter Oliveira é empresário, ex-presidente da Aciapi, da CDL de Ipatinga, do Ipaminas Esporte Clube, do Clube do Cavalo Vale do Aço, do Rotary Club Ribeirão Ipanema.
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Comentários

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Adelmo Zoroastro Machado

03 de agosto, 2025 | 15:55

“Desta vez vai... cair mais um talude, cobrar pedágio por uma lástima de br... é o retrato do Brasil...”

Robson Marinho da Silva

03 de agosto, 2025 | 15:46

“Me desculpa , a mas pelo que vejo viajando emtre BH e Ipatinga , vejo que falta é a vontade política, porém a empresa que faz as obras tem que fazer o débito operar as balanças ( lembra da carreta que saiu do nordeste e matou 49 na 116) excesso de peso e velocidade , cansaço do motorista , fiscalização é o que falta , a nova 381 tem que exigir esse serviço , o DNIT não ajuda em nada !”

Rogério Leal

02 de agosto, 2025 | 23:00

“Foi pra isso que eu fiz ?L?”

Eliezer m Silva

02 de agosto, 2025 | 21:33

“? engraçado! Está rodovia não vai só até Governador Valadares, ela vai até Vitória, então ela deveria ser duplicada até Vitória/ES.
Aliás já deveria ter sido duplicada a tempo, mas é assim mesmo, sempre com mesma desculpa, não tem dinheiro.?????”

Renato Carneiro Moreira

02 de agosto, 2025 | 18:37

“Em pleno 2025 tem pessoas que acreditam em Papai Noel, façam as contas dos valores que serão recebidos versus o custo a investido, tudo sairá dos nossos bolsos, ou seja, os impostos que pagamos não servem para a realização desta obra, acho isto um escárnio e tem pessoas que aplaudem. Nesta visão, para que eu pago IPVA? Ora bolas, este é o país dos impostos sem contra partidas, e digo, ao longo dos meus 62 anos, é mais uma obra eleitoreira que irá nos sangrar e não entregarão. Bem foi dito sobre o custo do pedágio para SP que é de R$3,10 e os nossos serão 4 vezes maiores para andarmos na mesma estrada, porém, com floreios e tempo excessivo de viagem, Este Alexandre Silveira, perdi uma vez o voto com este oportunista para NUNCA MAIS, faz parte dos mamadores do nosso $$$.”

Jns

02 de agosto, 2025 | 11:37

“Entup Road

Um antigo vendedor de carros em Washington, D.C., conta que seus colegas de trabalho zombavam da construção, imparável, de mais vias de circulação na região metropolitana da capital americana.

Seus parças diziam:

Aumentar o número de pistas não vai adiantar nada, porque vamos entupir todas de carros.”

B2@

01 de agosto, 2025 | 23:38

“? fácil perceber quando alguém da direita defende uma ação da esquerda: interesse econômico. Até se unem. Por outro lado, a lei que muda a faixa de isenção do IRPF está parada no congresso. Há má vontade. Para aumentar o gasto do contribuinte com aumento de impostos, taxas e afins a tramitação é breve e unem a direita, a esquerda, o centrão e os demais. ESTAMOS FU*****! Faz lembrar da música:" todos iguais, todos iguais, mas uns, mais iguais que os outros..." AGORA VAI SIM, VAI TIRAR MAIS DINHEIRO DO BOLSO DO TRABALHADOR...”

B2@

01 de agosto, 2025 | 23:30

“Quem tem o poder espalha o que quer. Este é o lema da direita que tem fome do poder, da ganância e por aí vai. Eles controlam a mídia e gostam de apresentarem como os salvadores da pátria. Patrão gosta de patrão; empresários de empresários; enquanto a população é enganada. Um pedágio que sou totalmente contra por pagar tributos demais, deveria envolver uma distância mínima a ser percorrida, como está descrito em um projeto de lei parado no congresso. Quem defende a privatizações das vias quer apenas visar o lucro pessoal. Porque as praças de pedágios não emitem documento fiscal, bem como informação sobre o valor arrecadado diariamente e mensalmente. Deveria ser como uma taxa e ajustada apenas para manter a via, permitindo um pequeno lucro a quem investiu, no caso ao final, o próprio contribuinte, pois os investidores pegam empréstimos a juros baixo com o próprio governo, como foi o caso da compra das ações da Cemig por empresa estadounidense que antes de começarem a pagar, receberam os lucros. Assim fica fácil. O que não está fácil é a vida do contribuinte pagador de impostos. Daqui a pouco irão inventar um imposto para quem respirar. E pasmem, algum maluco ainda defender este projeto.”

Wesley

01 de agosto, 2025 | 22:06

“Sábias palavras Flávio Barony, vamos pagar por 30 anos a má divisão dos nossos impostos, pena que a população tem seu lado político e não conseguem ver o que está acontecendo desde o fim do regime militar, é muito dinheiro saindo dos nossos impostos e injetando em fundo eleitoral e emendas parlamentares que nós mal sabemos para onde vai e como é gasto.”

Flávio Barony

01 de agosto, 2025 | 20:53

“Pela milésima vez tenho que reiterar alguns números e que não foram mencionados. Primeiramente, indiscutível a necessidade de duplicação da 381!!! Todavia, contudo, entretanto, temos que destacar que de BH a SP são 600 km e pagamos R$24,00 de pedágio porque o GOVERNO FEDERAL fez a obra e depois passou para a iniciativa privada, o que certamente é melhor para todos (empresários, povo...). E assim temos outros exemplos pelo Brasil. Já fui até Porto Alegre de carro pela Regis e depois BR 101, tudo duplicado, e com pedágio acessível. Mas, em função do minguado orçamento Federal corroído por Emendas Parlamentares, financiamento de campanha, dentre outras coisas, vamos ao que sobrou da 381 de BH a GV: vamos pagar R$120,00 de pedágio para rodar 600 km (ida e volta), a Nova 381 vai receber praticamente a metade do trecho entre Timóteo a BH duplicado (lote 3 com pendências, lote 7 entregue e lotes 8A e 8B a serem entregues pelo governo Federal) e ainda sem duplicar o trecho Ipatinga a GV. Dizem que o custo da obra será de R$5 bilhões e de R$10 bilhões ao longo dos 30 anos da concessão. Logo, basta saber tabuada e interpretação de texto (infelizmente maioria dos "políticos" não sabem isto...) e jogou o tal "investimento" que o governo tanto propaga (repito R$10 bilhões) na conta do usuário da 381, sem NENHUM centavo dos tributos que já pagamos. Repito: uma única campanha eleitoral do FUNDÃO SARCÁSTICO pagaria a duplicação e teríamos um pedágio 3 vezes menor do que o valor previsto. Mas, apesar da minha "choradeira", tenho que reconhecer que diante do cenário orçamentário NAO havia nenhuma outra possibilidade para tirar a duplicação do papel!!! É o Brasil...!!”

Fabricio

01 de agosto, 2025 | 20:00

“Parabéns Diário do aço, parabéns Valter, tá claro aí, vai levar uma década duplicação, fazer o que , pra quem já esperou 50 anos, agora, uma coisa é certa, méritos tem que ser reconhecidos, Dr.Alexandre Silveira, deu pontapé com o projeto executivo da rodovia quando foi diretor DNIT.
A região metropolitana do Vale do aço, não tem praça de Pedágio.
Um alívio.”

Rx

01 de agosto, 2025 | 17:22

“Grande Valter Oliveira. Um ótimo administrador
Parabéns pela sua visão e recordação dessa novela
Eu também estou acreditando que agora vai.”

Epami

01 de agosto, 2025 | 15:34

“Não esrou vendo duplicação no trecho de Ipatinga X Governador Valadares.
Tô achando que é golpe.
kkkkkkkkkk”

Eu Acredito!

01 de agosto, 2025 | 14:00

“Acredito, só que não! o trecho entre BH e Rio de Janeiro teve esse mesmo modelo concessão, acabou o contrato e nada de duplicação total.”

Wilde Gomes Tomaz

01 de agosto, 2025 | 13:11

“Com potencial econômico da região leste de Minas, a ligação com a capital do estado e outras regiões do país já er para estar duplicado a décadas. A região muitos recursos para o estado/país e não é retribuida como merece. Muito correto a colocação:" somos acostumados a dar mais do recebemos ", quando o correto deveria sero contrário.”

Gildázio Garcia Vitor

01 de agosto, 2025 | 06:00

“Excelente artigo! Só faltou dizer para os desavisados das direitas, que o Projeto de Transposição das Águas do São Francisco foi implantado pelo governo do Presidente Lula.
"BRASIL: sem união, mas com reconstrução".”

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