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30 de julho, de 2025 | 07:00

E a COP 30?

Antônio Nahas *


Uma pergunta que não quer calar: após o tarifaço contra o Brasil, implementado por Trump, para impedir que nosso país cresça e se destaque no cenário internacional, a COP 30, que será realizada este ano em Belém do Pará não estaria comprometida? Certamente, o evento não conta com a simpatia do atual presidente estadunidense. No seu primeiro mandato, em 2017, Trump já havia retirado os Estados Unidos do Acordo de Paris. Este acordo, firmado em 2015 e assinado por praticamente todos os países, estabeleceu conceitos e firmou prazos e metas de redução das emissões de carbono para todo o mundo. Seu objetivo central era limitar o aquecimento global em 1,5% graus centígrados neste século, para evitar mudanças climáticas extremas.

Para isto, foram estabelecidas as metas nacionais de redução; mitigação e compensação das emissões de carbono. Eleito novamente em 2024, Trump novamente voltou a retirar o país do Acordo de Paris, em março deste ano.
Seu objetivo principal, que é reestabelecer os Estados Unidos como potência líder mundial, vem deixando de lado todas as evoluções do pensamento econômico, social e político da humanidade, que foram refletidos no estabelecimento pela ONU em 2017 dos ODS - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável -.
Os ODS trouxeram para a pauta de discussão dois temas centrais: a preservação da natureza e o equilíbrio social do crescimento econômico, seja dentro de cada país, seja entre nações.

Nós, economistas, sabemos muito bem as limitações da ciência econômica. O grande economista Keynes ficou tristemente famoso por frases como “a longo prazo, todos estaremos mortos”, revelando desdém sobre as consequências ambientais e sociais e ambientais do crescimento. O neoliberalismo, que se expandiu após a segunda guerra mundial, impregnando a elaboração de políticas econômicas por todo mundo, pregando a desregulamentação da atividade econômica e a limitação da ação estatal, também trouxe prejuízos sem conta à sociedade e à natureza.
Agora, após o alento dos ODS, assistimos este retorno a um ideário que se julgava superado.

Para o Brasil, trata-se de um grande desafio. A realização da COP traria prestígio e projeção internacional ao país. Sua realização visaria sobretudo definir formas de apoio e financiamento à transição energética aos países que podem diminuir suas emissões de carbono ou gerar formas de sequestrar carbono da atmosfera e rete-lo, através da preservação ou aumento da sua cobertura vegetal.

Afinal, como sabemos, os países do chamado primeiro mundo foram os que mais contribuíram para o aumento das emissões, à custa da elevação do seu padrão de vida.

A contribuição de países como o Brasil seriam os chamados créditos de carbono, que seriam uma nova mercadoria gerada em nosso país, podendo ser negociada para aqueles países cuja redução das emissões não atingisse os limites estabelecidos pelos acordos internacionais.
“O Brasil é o centro da discussão global sobre o papel da natureza nos negócios, na indústria, no clima, no futuro do mundo”

Como recentemente declarou o ex-presidente dos EUA e ativista ambiental Al Gore, “O Brasil é o centro da discussão global sobre o papel da natureza nos negócios, na indústria, no clima, no futuro do mundo”.

Por estas razões a COP 30 é tão importante. E o momento exige habilidade; estratégia bem definida e capacidade de negociação dos diplomatas brasileiros, para que a COP seja tratada como evento ambiental planetário, distante das polêmicas comerciais existentes.

Nenhum açodamento é bem-vindo. É melhor o Brasil guardar seus trunfos do que partir para uma batalha em campo aberto. Como diria Sun Tzu, no seu livro A Arte da Guerra, a ameaça é mais forte que a execução. Não é hora para retaliações impensadas contra um inimigo tão poderoso.

Ainda mais quando o país está dividido e os dissidentes internos se aliam a inimigos externos. A divisão interna estimula os inimigos a atacarem o país. Divida e domine, como diria Maquiavel.

E a América Latina, nossa pobre América, que Trump considera seu quintal, está cheia de vassalos dos Estados Unidos, que buscam o poder daquela nação para vencerem no seu próprio país. É uma estratégia de risco e soa a traição, ainda mais partindo de um ex-militar e ex-presidente, que deveria sempre buscar defender sua nação.

Seria bom eles também se precaverem. Trump defende os interesses do seu país. Esta aliança entre uma nação poderosa e políticos derrotados e’ circunstancial.

Enquanto servirem aos interesses americanos, são úteis, mas depois serão descartados. Como disse o diplomata e ex-secretário de Estado americano, Henry Kissinger: Pode ser perigoso ser inimigo da América, mas ser amigo da América é fatal.

* Economista, empresário. Morador de Ipatinga.

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Comentários

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Tião Aranha

30 de julho, 2025 | 22:24

“A pergunta é pertinentes, temos a segunda maior fonte de terras raras do mundo e talvez a maior matriz energética do planeta; mas de nada adianta se não temos um planejamento específico pra explorar esse potencial. A prova disso é que até hoje estamos descobrindo terras raras em grande volume de teor nas margens dum rio. Apenas dez lor cento do petróleo retiramos ficam no país. Tal qual na Venezuela: tem muito petróleo, mas não tem recursos pra explorar. A Petrobrás deveria estar já investindo na energia verde do hidrogênio - que polui bem menos. Investimento aqui em pesquisas são raros. Nem combustível pras aeronaves das forças armadas temos; ou melhor, vai faltar! Rs.”

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