
02 de julho, de 2025 | 08:00
Mineradoras de Serra Azul de Minas engajadas na transição energética
Antônio Nahas Júnior *
A Associação das Mineradoras de Serra Azul de Minas (Amisa) é uma das peças chave da transição para uma economia de baixo carbono naquela região, que abrange os municípios de Itatiaiuçu, Mateus Leme, Brumadinho, Igarapé, entre outros. A Amisa agrega as mineradoras que atuam em Serra Azul: Mineração Usiminas; Arcelor Mittal e Minerita. Essas empresas conseguiram o que parecia impossível: trabalhar de forma conjunta para impulsionar a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico da região, deixando de lado rivalidades empresariais e estilos de trabalho diferentes.Agora inicia-se a exploração de novas jazidas, onde será extraído um minério de alto teor de pureza, com potencial para mudar a forma como o Brasil e o mundo produzem aço. Das novas jazidas sairá matéria-prima que permitirá a produção de aço com baixa ou quase nenhuma emissão de carbono.
Atualmente, a siderurgia ainda luta para se adaptar aos novos tempos. Os altos fornos, onde o minério de ferro é transformado em ferro gusa, são movidos a energia fóssil- carvão mineral - e as emissões de carbono são muito altas.
Porém, o minério de melhor qualidade poderá estimular a produção de semielaborados, substituindo ou diminuindo e complementando a utilização de ferro-gusa no processo de produção de aço.
São eles o DRI - Ferro de Redução Direta, também conhecido como Ferro-Esponja - e HBI - Ferro Briquetado a Quente. Estes produtos são caracterizados por seu alto teor de ferro (90/97% de ferro metálico) e baixos níveis de elementos indesejáveis.
Suas vantagens para a siderurgia são muito grandes: menor consumo de energia; flexibilidade nas matérias-primas, alta pureza e baixa emissão de carbono.
Sua utilização exigirá modificações no processo de produção das siderúrgicas, como a utilização de fornos elétricos ou movidos a oxigênio. Mas, estes agregados podem também ser utilizados em altos fornos, com eficácia bem menor.
O momento é agora Conforme a Amisa, Serra Azul reúne todos os requisitos geológicos e logísticos para ser um fornecedor global deste minério estratégico, e na região serão investidos mais de R$ 20 bilhões nos próximos anos para sua produção. Haverá também investimentos em redução de impactos ambientais, geração de empregos e aumento da arrecadação de tributos.
A associação divulgou que a mineração e a siderurgia têm ciclos longos. O minério que começamos a produzir agora será o insumo da indústria daqui a 5, 10, 20 anos. É por isso que as decisões que tomamos hoje vão determinar se o Brasil será ou não um protagonista da nova economia de baixo carbono. Reduzir essas emissões não é mais uma escolha: é uma exigência de governos, investidores e consumidores".
Para a diretoria da entidade, Minas Gerais tem tudo para liderar esse novo ciclo de desenvolvimento sustentável, garantindo oportunidades para as próximas gerações e fortalecendo o protagonismo mineiro na economia global. Caso nada seja feito, vamos assistir de longe a outros países assumirem esta liderança. Enfim: o futuro de Minas e do Brasil passa por decisões que precisam ser tomadas agora.
Trata-se de um desafio estratégico, do qual a Usiminas assume protagonismo. Em 2024, a Mineração Usiminas faturou quase três bilhões de reais e apresentou mais de quatrocentos milhões de reais de lucro líquido. Vendeu 8,5 milhões de toneladas de minério de ferro, sendo o grosso da produção destinado à exportação. E consolidou-se como a quarta maior produtora de minério de ferro do país.
E agora nos apresenta este programa, com dois parâmetros decisivos. O primeiro deles: investir em transição energética pode ser uma oportunidade de negócios que abre e consolida mercados. E dá lucro.
O segundo: temos que começar agora para conseguirmos alcançar resultados no médio prazo. O futuro não pode esperar.
Há desafios logísticos a serem resolvidos, como a estrutura de escoamento da produção. Mas, tudo a seu tempo. Nada que comprometa o sucesso do empreendimento. Minas Gerais pode estar diante de uma oportunidade histórica e podemos ser reconhecidos como um estado líder na transição para uma indústria mais limpa e sustentável.
* Economista. Presidente da NMC Integrativa. Morador de Ipatinga.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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