10 de junho, de 2025 | 17:26

Ao STF, Bolsonaro nega ter cogitado plano de golpe de Estado

Ex-presidente chamou alguns manifestantes de "malucos" por defender o Ato Institucional nº 5, e a intervenção militar durante dias de protesto em frente aos quartéis e nas rodovias

Valter Campanato/Agência Brasil
Ex-presidente afirma que nunca tomou medidas contra a ConstituiçãoEx-presidente afirma que nunca tomou medidas contra a Constituição
Por André Richter - Repórter da Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro negou nesta terça-feira (10) ter cogitado dar um golpe de Estado no Brasil para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente também disse que a medida seria danosa para o Brasil.

O ex-presidente está sendo ouvido nesta tarde na condição de réu da ação de uma trama golpista e foi confrontado com as acusações de que teria planejado medidas inconstitucionais para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro afirmou que a possibilidade de golpe de Estado nunca foi discutida em seu governo.

"Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo", afirmou.

Minuta do golpe
Bolsonaro também negou ter feito uma minuta de golpe para justificar a intervenção militar após as eleições de 2022.

Nesta segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, foi interrogado por Moraes na condição de delator e disse que o ex-presidente presenciou a apresentação do documento golpista, enxugou o texto original e propôs alterações para constar a possibilidade de prisão de ministros.

"Não procede o enxugamento. As informações que eu tenho é de que não tem cabeçalho nem o fecho [parte final]", comentou. O ex-presidente também reiterou que nunca tomou medidas contra a Constituição.

"Da minha parte, eu sempre tive o lado da Constituição. Refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe e uma minuta que não esteja enquadrada na Constituição", completou.

O interrogatório de Bolsonaro deve prosseguir até as 20h. Durante a oitiva, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e as defesas dos demais acusados também poderão fazer perguntas ao ex-presidente.

O ex-presidente e mais sete réus fazem parte do núcleo 1 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra os acusados pela trama golpista.

Malucos na frente dos quartéis

Em seu depoimento, o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou alguns manifestantes de "malucos" por defender o Ato Institucional nº 5, de 1968, e a intervenção militar.

Ele também explicou que não desmobilizou o movimento porque tinha receio que a Praça dos Três Poderes fosse ocupada: "Agora, tem sempre os malucos, que ficam pedindo AI-5, intervenção militar. As Forças Armadas jamais embarcariam nessa. Nós não estimulamos nada de anormal" - disse Bolsonaro, destacando que "não torceu para o pior".

"Se nós desmobilizássemos aquilo [manifestação em frente aos quartéis e nas rodovias], poderia o pessoal ir na região aqui da Praça dos Três Poderes, o que é pior ainda. [É melhor] ficar lá, afastado - completou o ex-presidente.

Bolsonaro também defendeu que a Polícia Federal deveria investigar as pessoas responsáveis por convocar os atos de 8 de janeiro. Segundo o político do PL, era um "pessoal conservador diferente do nosso".
Felipe Sampaio /STF
O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou no STF que alertou Jair Bolsonaro sobre a gravidade da possibilidade de decretação de medidas golpistas no fim do governo do ex-presidente, em 2022O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou no STF que alertou Jair Bolsonaro sobre a gravidade da possibilidade de decretação de medidas golpistas no fim do governo do ex-presidente, em 2022

Ex-ministro diz que alertou Bolsonaro sobre gravidade de golpe


Dentre os ex-integrantes do governo Bolsonaro, que já prestaram depoimento destaca-se a fala do ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Ele afirmou na terça-feira (10) que alertou Jair Bolsonaro sobre a gravidade da possibilidade de decretação de medidas golpistas no final do governo do ex-presidente, em 2022.

Nogueira, que é general do Exército, é um dos réus da ação penal da trama golpista e foi chamado para ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).

O general foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de endossar críticas ao sistema eleitoral, instigar a tentativa de golpe e de apresentar uma versão do decreto golpista para pedir apoio aos comandantes das Forças Armadas.

O ex-ministro confirmou a participação na reunião realizada pelo ex-presidente para apresentar estudos para decretação de medidas de estado de sítio para reverter o resultado das eleições, mas negou ter apresentado o documento.

Nogueira disse que alertou Bolsonaro sobre a gravidade da tentativa da golpe e que ele e o ex-comandante do Exército Freire Gomes saíram "preocupadíssimos" da reunião.

"Alertei da seriedade, da gravidade, se ele [Bolsonaro] estivesse pensando em estado de defesa, estado de sítio. A gente conversando ali numa tempestade de ideias, as consequências de uma ação futura que eu imaginava que poderia acontecer se as coisas fossem em frente", afirmou.

Minuta de golpe

Paulo Sergio Nogueira também rebateu a acusação da procuradoria e negou ter levado a minuta de golpe para os comandantes das Forças Armadas. "Eu nunca tratei de minuta de golpe com meus ex-comandantes", declarou.

O ex-ministro também negou ter sofrido pressão do ex-presidente Jair Bolsonaro para alterar o relatório de auditoria das urnas eletrônicas utilizadas nas eleições de 2022 e insinuar que não seria possível descartar fraudes nas urnas eletrônicas.

Segundo o general, as conclusões do relatório entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foram feitas com base no parecer dos técnicos das Forças Armadas.

"O presidente da República [Bolsonaro] jamais me pressionou, seja para mandar o relatório só para o segundo turno, seja para alterar o relatório. O que me deixa de cabeça quente é saber pela denúncia [da PGR] que eu havia alterado esse relatório", afirmou.

Nogueira também pediu desculpas a Alexandre de Moraes por ter feito críticas, sem fundamento, às urnas eletrônicas e a ministros do TSE.

"Queria me desculpar publicamente por ter feito essas colocações. Nessa reunião, trato com palavras totalmente inadequadas o trabalho do TSE", afirmou.

Os interrogatórios

O relator da ação penal, Alexandre de Moraes, interroga oito réus acusados de participar do "núcleo crucial" de uma trama golpista. Além do ex-ministro da Defesa, já foram interrogados:

Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal e
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
Jair Bolsonaro, ex-presidente.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Leoncio Simoes

12 de junho, 2025 | 07:34

“Nao entendo o povo brigando por 2 lixos lula I bolsonaro,
Este bolsonaro e um mentiroso arrogante hipocrita corrupto igual o lula, um fujao covarde, eleve um pilantra covarde sempre se mostrou a favor da ditadura, ,elogiou o putim i disse que ele se PARECIAM.SE TRAMOU GOLPE TEM QUE PAGAR”

Stop

11 de junho, 2025 | 09:10

“Chamar seus apoiadores de "MALUCO"
Xandão vice presidente "Eu me abstenho"”

Homem da Primeira Hora

11 de junho, 2025 | 08:56

“E incrível, e um contrassenso , quem tem um mínimo de discernimento pra entender que uma tentativa, suspeita, ameaça de um suposto golpe e crime, se uma suspeita for motivo para criminalizar uma pessoa, com este entendimento só pensar tem muito genro que deve ser preso e condenado também, o circo que se criou neste processo judicial, vai acabar dando palco para bolsonaro que sabe fazer do limão uma limonada.”

Observador

11 de junho, 2025 | 04:28

“"Diante do juiz Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro reconheceu que discutiu alternativas 'dentro da Constituição' com comandantes militares, sem especificar que tipo de ações estavam sendo cogitadas", sem mais palavras, meretissimo..”

Gildázio Garcia Vitor

10 de junho, 2025 | 18:27

“No meu lugar, nas roças de Orizânia, quando o sujeito não assume o que fez, nós falamos que ele "Mijou para trás".
É muita maldade com aqueles que ficaram dias e noites nas portas dos quarteis e das BRs, debaixo de sol e chuva, após o pleito e a derrota do Minto.”

Envie seu Comentário