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08 de junho, de 2025 | 07:00

Amigo é coisa para sempre guardar

Marli Gonçalves *

Amigo, cada amigo, marca um passo e um compasso. O tempo vai passando, vai chegando perto o fecho de mais um ano de vida, algumas décadas, e as lembranças e emoções ficam mesmo à flor da pele. Tem mais o que lembrar; mais muito até o que esquecer também. Nesta costura toda são os amigos que pontuam o que fizemos ao longo da trajetória, muito mais até do que os amores.

Pensava nisso agora, nessa quase inexplicável coisa de amizades que às vezes a gente nem sabe bem onde começou, porque consideramos tanto mesmo que tenham sido poucos encontros, ou que estes tenham sido perdidos no tempo, mas inesquecíveis. Ultimamente, com a vida digital, temos amigos até que nunca encontramos pessoalmente, mas estão ali sempre dando forças, te acompanhando, mandando mensagens, carinho e conforto. Não são meros seguidores. Falo de relações criadas, que tenho sorte de manter com muitos dos meus leitores, e que vocês talvez nem imaginem a diversidade deles. Os pontos de identificação.

Como dizia, pensava nisso e foi até engraçado por coincidência assistir o rompimento público de uma amizade explosiva, a entre Donald Trump e Elon Musk, os milionários poderosos e extravagantes que antes rasgavam seda um para o outro e agora de uma hora para outra se espetam com farpas que podem acabar revelando incríveis tramas. Ambos extravagantes senhores de ideias e atos que fazem o mundo tremer e temer. Cá estamos nós, no meio, e torcendo, claro, para a briga.

Amizade e poder nem sempre combinam, temos exemplos. Rompimentos de qualquer forma nunca são bons, carregam além de informações, mágoas.

No meu caso, ainda estranho muito não ter mais por aqui muita gente que possa contar de minha trajetória toda, perdi muitos amigos no caminho, outros acompanharam só certas fases. Guardo com carinho as poucas amizades que tenho de escola, universidade, as agora espalhadas até em outros países e fusos horários.

Encontrá-las muitas vezes me levam às lágrimas, como se ali o tempo voltasse, ativando a memória e as situações vividas. Mas cada vez mais, com a idade, isso fica pra trás e apenas sobram daqui as próprias e íntimas recordações dos afetos reais e cada vez mais difíceis de serem criados fora das tais redes.

Essa nostalgia vem da força da tristeza sentida pela perda recente de mais um amigo, Marino Maradei, que não encontrava há décadas, mas que jamais deixou de estar presente com a gentileza que marcou sua existência desde que nos conhecemos e trabalhamos juntos por um período. O que chama atenção é como a gente é capaz de se surpreender com o quanto distraídos podemos estar de quem até por poucos detalhes foi amigo influenciador de sua trajetória.

Com o tempo temos de nos acostumar – ah, como se isso fosse mesmo possível - com partidas. E delas extrair a sabedoria deixada, os planos e legados que puderem ser continuados, os exemplos a serem seguidos. Marcando nossos aniversários. Ainda estamos aqui. Como andam dizendo, a vida presta.

* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo. Vive em São Paulo. [email protected] / [email protected]

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