01 de junho, de 2025 | 06:00

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Fernando Rocha

No fatídico 8 de dezembro de 2019, o Palmeiras venceu o Cruzeiro, por 2 x 0, no Mineirão, o que determinou o seu rebaixamento pela primeira vez à Série B, onde permaneceu por três anos e meio.

Atolado em dívidas que somavam R$ 1,2 bilhão, o Cruzeiro foi salvo, em 2021, quando virou uma SAF-Sociedade Anônima de Futebol e foi comprado pelo ex-jogador Ronaldo Fenômeno.

Agora sob a nova direção do empresário Pedro Lourenço, a Raposa conta com maior investimento para contratar jogadores e encontrou novamente o protagonismo, sob o comando do técnico português Leonardo Jardim.

Por isso, uma vitória hoje sobre o fortíssimo Palmeiras, atual líder do Campeonato Brasileiro, no mesmo palco do desastre de 2019, tem uma importância para a torcida celeste que ultrapassa todos os limites da paixão e da razão, pois traz à memória lembranças dos seus piores dias.

É como dizer que quem já passou por dificuldades, e se levantou depois, aprendeu a lidar com a adversidade e pode conseguir dar a volta por cima.

Boa impressão
Um dos mais vitoriosos técnicos de futebol no mundo, o italiano Carlo Ancelotti, que por último dirigiu o Real Madrid, mostrou simplicidade, tranquilidade, bom humor e disponibilidade até para tentar falar o nosso idioma, em sua apresentação como novo treinador da seleção brasileira.

A sua primeira lista de convocados para os jogos contra Equador (5/6) e Paraguai (10/6), pelas eliminatórias sul-americanas da Copa do Mundo, é que me pareceu “contaminada”. Mas isso é até compreensível, pois ele não conhece direito os jogadores que atuam aqui no Brasil.

Achei positiva as voltas de Casemiro (Manchester United) e Richarlison (Tottenham), mas não gostei de ter chamado o goleiro Hugo Souza (Corinthians) e o zagueiro Alexsandro (Lille), pois há jogadores melhores do que eles.

Agora vamos esperar para ver a sua primeira escalação titular e como a seleção irá se comportar dentro de campo com as suas orientações e o esquema de jogo preferido.

FIM DE PAPO

Quem deu a letra para Ancelotti fazer a lista dos convocados exagerou na dose em relação aos atletas do Flamengo: cinco ao todo, inclusive o lesionado "Guérson". Chamou a atenção também os times de jogadores chamados por ele, todos da segunda prateleira do futebol europeu, tais como Lille, Fulham, Strasbourg, Newcastle, Betis e Wolverhampton. Pelo menos não chamou Neymar, o que hoje em dia já precisa ser celebrado, ainda que tenha feito questão de dizer que conversou com o craque e que ele estava de acordo em ficar de fora, uma vez que ainda se recupera de lesão. De qualquer forma, a esperança de conquistar o hexa voltou novamente e a desprestigiada seleção da CBF recuperou um pouco de simpatia com a presença de Carletto no comando.

O que era esperado se confirmou, e o médico roraimense Samir Xaud foi eleito presidente da CBF, com mandato até 2029. A entidade que comanda o futebol brasileiro só perde para as principais capitais do país no tamanho de sua receita. Em 2024, por exemplo, a CBF arrecadou R$ 1.302.334.000,00 (um bilhão, trezentos e dois milhões, trezentos e trinta e quatro mil reais), reportou custos com o futebol de R$ 1.078.732.000,00 (um bilhão, setenta e oito milhões, setecentos e trinta e dois mil reais). Após despesas operacionais e outros resultados, obteve lucro liquido de R$ 167.601.000,00 (cento e sessenta e sete milhões, seiscentos e um mil reais). Tá explicado porque ninguém na CBF quer largar o osso.

Toda xenofobia choca, mas esse caso do jogador paraguaio Bobadilla contra o venezuelano Navarro, no jogo São Paulo 2 x 1 Talleres, causa espanto, além de indignação, por se tratar de dois cidadãos cujos países sofrem por causa da fome. Claro, na Venezuela a situação é pior, mas estima-se que 700 mil paraguaios neste momento sofram com a falta de comida na mesa. Por isso, a atitude de Bobadilla ao chamar o colega venezuelano Navarro de “morto de fome” torna-se ainda mais absurda. Que o caso seja esclarecido e não só o racismo, mas também a xenofobia fiquem cada vez mais longe do futebol, em um continente onde tanta gente ainda passa fome.

Depois do vexame de quinta-feira passada, ao empatar com o Cienciano do Peru, na Arena MRV, e não conseguir o acesso direto à fase de mata-mata da Copa Sul-Americana, o Atlético volta a campo hoje para enfrentar o Ceará, em Fortaleza, na Arena Castelão. O técnico Cuca prometeu mexer o doce e mudar o time titular, mas o principal não é trocar nomes, pois isso ele tem feito sem conseguir os resultados desejados. O que salta aos olhos neste time do Atlético é o comportamento passivo dos jogadores, que não conseguem se impor diante adversários bem inferiores, como foi o caso desse empate com o time peruano. “Há momentos na vida em que o homem tem que virar dragão ou acaba apanhando papel no meio da rua”. Nelson Rodrigues. (Fecha o pano!)

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