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29 de maio, de 2025 | 20:39

Lixo no Coachella 2025: Michelin, sujeira e resíduos do TikTok


Todos os anos, o Coachella se torna o epicentro da cultura pop. Artistas de sucesso, comidas experimentais e tendências da moda em alta se encontram no deserto da Califórnia. Embora o evento pareça deslumbrante no Instagram e no TikTok, o resultado é diferente, com lixeiras transbordando, gramados cobertos de glitter e uma infinidade de itens esquecidos.

Assim, mesmo trazendo uma área de valores ecológicos e sustentabilidade em seu site, o impacto ambiental real do Coachella revela uma imagem diferente.

Alguns participantes do festival compararam as promessas de sustentabilidade do evento às previsões pouco confiáveis de um testador de estratégia de roleta, em que a teoria frequentemente não corresponde à realidade. A diferença é que, ao contrário da roleta, o problema do Coachella não é sorte, é gestão.

O deserto de lixo

Todo mês de abril, o Deserto do Colorado se torna um polo de inovação, moda e tendências virais.

Mas por trás do brilho dos shows de artistas famosos e das deliciosas refeições Michelin, existe uma realidade inquietante: centenas de toneladas de resíduos são geradas a cada 24 horas.

De acordo com um relatório de impacto ambiental da empresa Goldenvoice, esse evento gera cerca de 107 toneladas por dia de festival. Ou seja, 1.612 toneladas de resíduos sólidos a cada edição.
E embora existam iniciativas de reciclagem, apenas cerca de 20% desse lixo é efetivamente desviado dos aterros sanitários. Dessa forma, a maioria acaba enterrada na terra e espalhada pelo deserto.

Do gourmet ao lixo

As opções gastronômicas do Coachella melhoraram na edição de 2025, com chefs com estrelas Michelin se responsabilizando pelos pratos em seções VIP. As refeições, claro, foram um sucesso. Mas a estratégia de descarte de lixo, não.

Segundo o site do próprio festival, os vendedores deveriam usar itens biodegradáveis para recipientes e utensílios e os consumidores deviam descartar nas latas apropriadas.

Entretanto, a eficácia dessa tática depende dos próprios participantes. Eles devem dedicar tempo para separar corretamente o lixo.

Mas como as pessoas não querem perder nenhum momento a mais do que o necessário no Coachella, a estratégia falha miseravelmente.

Frequentemente, os materiais recicláveis e o lixo orgânico acabam nos contêineres incorretos ou até mesmo no chão.

Consequências: Quem recolhe os sacos?

Quando a música acaba e os influenciadores do Tik Tok voltam para casa, um novo tipo de trabalho começa no Coachella.

Centenas de pessoas da equipe de limpeza trabalham durante semanas para restaurar o terreno do Empire Polo Club. Segundo o site do festival, a grande maioria desses trabalhadores é da área ao redor do evento, incentivando a economia local.

Entretanto, essas pessoas operam em situações arriscadas e extenuantes. Vidros quebrados, recipientes de cosméticos tóxicos e restos de comida apodrecendo são todos perigos potenciais. São semanas de trabalho até que o terreno possa ser utilizado novamente.

Massive Attack e a ausência da atração principal

Nem todos acreditam na imagem de sustentabilidade que o Coachella tentou promover nos últimos anos.

Um dos exemplos mais significativos disso foi a ausência do Massive Attack em 2025 e as alegações de Del Naja em entrevista.

A banda se recusou a se apresentar, alegando q compromisso ambiental inadequado do evento como causa. A escolha refletiu uma crescente preocupação entre os artistas com a participação em espetáculos que contradizem a consciência climática.

À medida que a preocupação pública com a sustentabilidade cresce, mais artistas e espectadores questionam a ética de eventos com alto nível de desperdício.

O que fica para trás

Apesar da queda na sua popularidade e da crise recente, o Coachella é mais do que um simples festival de música. Ele é um fenômeno cultural global.

Assim, milhares de pessoas se reúnem durante o evento. O problema é que, muitas delas, esquecem de levar tudo para casa.

Aqui está uma breve lista dos produtos mais abandonados no Coachella:

● Roupas fast fashion (muitas usadas apenas uma vez)
● Copos e canudos de plástico
● Bitucas de cigarro;
● Glitter e lantejoulas (não biodegradáveis);
● Recipientes e utensílios de comida

Esses objetos frequentemente contêm elementos que não se degradam naturalmente. O glitter, por exemplo, é composto por microplásticos que podem permanecer no meio ambiente por milênios.

O Verdadeiro Problema: Cultura do Excesso

A barreira mais significativa para o sucesso a longo prazo de um festival pode não ser a praticidade, mas sim a cultura.

O Coachella prospera com inovação e espetáculo. Cada roupa deve ser única e cada ocasião deve ser instagramável. Isso resulta em consumo excessivo, principalmente na moda.

Os frequentadores do festival costumam comprar roupas novas para cada dia, gerando níveis preocupantes de desperdício de moda. Doações de roupas e contêineres de reciclagem têxtil existem, mas coletem apenas uma pequena parte do que é desperdiçado.

E, enquanto as empresas de moda sustentável estreiam no evento, o fast fashion continua a dominar. Curiosamente, o mesmo público que busca exclusividade e experiências únicas no festival também valoriza descobertas digitais — seja um look ousado, seja uma nova estratégia no Roulette77.
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