28 de maio, de 2025 | 07:00

Antropoceno, pressões planetárias e desenvolvimento humano

Antônio Nahas *

Muitos cientistas consideram que vivemos numa nova era geológica: O Antropoceno. Nesta nova era, o fator central de mudanças no Planeta somos nós, os humanos. Seríamos então o principal agente de transformações que estão deixando marcas profundas na Terra.

E neste ano o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), resolveu criar uma dimensão muito importante como fator de ponderação do Índice de Desenvolvimento Humano - IDH: as pressões sobre o Planeta.
Ponderado, o IDH passa a chamar-se PIDH.

O PNUD explica que o ajustamento do índice reflete as preocupações sobre as desigualdades intergeracionais. Falando em português: as gerações do presente poluem o planeta; aceleram mudanças climáticas e consomem recursos naturais finitos. Ao fazer isso, dificultam a vida das gerações futuras, criando uma desigualdade intergeracional.

Além dos parâmetros já utilizados no cálculo do ÍDH - renda; educação e longevidade -, o PIDH leva em conta as emissões de carbono por pessoa; o consumo de recursos minerais e o uso da terra também por pessoa.

As emissões de dióxido de carbono são a consequência das atividades humanas que utilizam carvão, derivados de petróleo ou atividades industriais que emitem CO2 no processo de transformação dos seus produtos, como é o caso da indústria cimenteira.
“A lição que a ONU nos deixa é que a humanidade consome muitos recursos naturais, talvez em demasia”


Já a demanda por recursos minerais é calculada pelo consumo total por país de biomassa, matérias primas, minérios variados e o uso da terra.

Para este cálculo, desconsidera-se as matérias primas extraídas e exportadas. Elas entram na conta do país consumidor. Mas as matérias primas importadas entram na conta. Encontra-se então a quantidade de recursos naturais que foram extraídos e utilizados por cada país para atender a demanda de bens e serviços.

A ONU também deu um nome a cada um destes elementos: pegada de carbono e pegada material.

Feito o cálculo per capita, define-se o índice nas duas dimensões acima e chega-se ao PIDH ajustado pelas pressões planetárias. Quando mais alto o índice, mais positiva é a performance do país e, por consequência, menor as pressões.
Brasil no novo ranking - Nesta metodologia, o PIDH de todos os países cai porque o IDH é ajustado pelas pressões planetárias exercidas.

Assim, no caso do Brasil, o IDH publicado em 2025 foi 0,785. E nosso índice de pressão planetária é 0,893, que é bem alto. Por isto, nosso PIDH vai cair bem menos que o de outros países: vai para 0,702. Subimos sete posições no ranking. Já o IDH dos países desenvolvidos sofre forte redução. Afinal, estes países consomem mais matérias primas; emitem mais carbono e, por consequência, pressionam mais o planeta.

Para a gente ter uma ideia, os Estados Unidos, passam de 0,938 para 0,731. Caem 57 posições no ranqueamento. Emitem 14,4 toneladas de C02 per capita por ano, enquanto o Brasil emite 2,2 toneladas.

A ONU declara que o índice é uma advertência à humanidade sobre os impactos da ação humana no Antropoceno. Alerta também sobre a necessidade de haver mudanças de toda ordem, sobretudo tecnológicas, para que este impacto seja reformulado ou diminuído.

A lição que a ONU nos deixa é que a humanidade consome muitos recursos naturais, talvez em demasia. Polui o planeta; provoca e acelera mudanças climáticas e compromete o futuro daqueles que vão nos suceder. E a desigualdade entre países e seres humanos no momento presente continua. É importante resgatar valores éticos e morais para repensar nossas ações sobre o meio ambiente.

* Economista, empresário. Morador de Ipatinga.

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

28 de maio, 2025 | 18:20

“Obrigado Toninho! Mas não é "show", são ossos do ofício, há mais de 43 anos. Mas nas minhas aulas ainda não emprego o Antropoceno.
Nos últimos anos, com o ENEM substituindo os vestibulares tradicionais, que eram excessivamente conteudistas-a prova de Geografia da UFMG era de "matar"-, essas "decorebas" são muito pouco cobradas, inclusive nos Vestibulares Seriados”

Antonio Nahas

28 de maio, 2025 | 15:34

“Gildasio: que show vc deu! Obrigado pela contribuição. Tiao: a questão ambiental está na pauta pelo projeto de lei aprovado no Senado. Boa pauta para discussão???”

Gildázio Garcia Vitor

28 de maio, 2025 | 15:13

“Camarada Toninho, como sempre dando show em poucas linhas! Parabéns!
Acredito que seria mais correto, considerar o Antropoceno como uma Época do Período Quaternário da Era Cenozoica do Éon Fanerozoico, subsequente ao Holoceno.”

Tião Aranha

28 de maio, 2025 | 12:19

“Bom texto, o mundo está acompanhando atentamente o embate politico na questão ambiental entre a ministra do meio ambiente e o parlamento brasileiro. De um lado, a ministra como representante máxima das ONGs da Amazônia no que tange a exploração ambiental da nossa fauna e da nossa flora. Do outro lado um parlamento mais da direita que só visa a destruição da Natureza. É uma guerra que até agora não tem um vencedor. É preciso fazer uma reeducação ambiental. Pra isso é essencial a colaboração de todos, pois a Natureza quando agredida ela age com violência. Rs.”

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