25 de maio, de 2025 | 08:35
Crise respiratória infantil: médica ressalta importância da vacinação e da prevenção
Ipatinga tem enfrentado, como diversas outras cidades do país, um aumento expressivo nos atendimentos pediátricos por doenças respiratórias. Em meio à superlotação dos hospitais e à apreensão das famílias, a desinformação sobre vacinas volta a ganhar espaço, alimentando receios infundados e dificultando o combate efetivo às doenças evitáveis.
A pneumologista pediátrica e professora da Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga (Afya), Fernanda Lima Fernandes, atua há anos no cuidado de crianças e afirma em entrevista ao Diário do Aço que acompanha de perto os desafios enfrentados pelas famílias, pelos profissionais de saúde e pelo sistema público. Um dos principais obstáculos atuais é a hesitação vacinal, resultado direto da disseminação de fake news, que propagam informações falsas sobre os imunizantes. É fundamental reforçar que as vacinas são seguras, eficazes e essenciais para prevenir infecções graves, hospitalizações e óbitos”, destaca a médica.
Fernanda acrescenta que a atual crise respiratória, que tem lotado as unidades de saúde, é provocada por uma combinação de fatores. Entre eles, destacam-se a sazonalidade de vírus respiratórios, a baixa cobertura vacinal, o retorno da convivência em ambientes fechados sem as devidas precauções e, claro, o relaxamento das medidas de prevenção adotadas durante a pandemia da covid-19.
A médica aponta que o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde e dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que doenças como bronquiolite, influenza, covid e pneumonia bacteriana estão entre as principais causas de internação de crianças, especialmente menores de cinco anos.
Muitas pessoas acreditam que essas doenças respiratórias são efeitos tardios da covid. No entanto, o coronavírus é apenas um dos diversos agentes envolvidos. Vírus como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Influenza A e B, Parainfluenza, Adenovírus e Metapneumovírus também circulam com intensidade, sobretudo no outono e no inverno. O que a covid pode ter provocado, indiretamente, foi uma redução da exposição das crianças a esses patógenos durante os anos de maior isolamento social. Com o retorno à circulação, há um número maior de crianças suscetíveis, favorecendo a explosão de casos”, detalha.
Higiene pessoal
Fernanda acrescenta que, além da vacinação, é imprescindível reforçar medidas de prevenção que já se mostraram eficazes durante a pandemia.
Higienização das mãos com frequência, ventilação dos ambientes, evitar aglomerações, uso de máscara em locais fechados quando necessário e manter crianças doentes em casa são atitudes simples, mas que salvam vidas. Embora não seja necessário retomar todas as práticas extremas adotadas em 2020 como higienizar embalagens e alimentos com rigor , a consciência coletiva sobre higiene e prevenção deve ser preservada”, acrescenta.
Vacinas que salvam
Quanto às vacinas, a médica destaca que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil é referência mundial e oferece gratuitamente vacinas contra doenças respiratórias graves, como a gripe (influenza), covid-19 e, em grupos específicos, o VSR.
Recentemente, o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra o VSR para grupos de risco, como bebês prematuros e com comorbidades, um avanço significativo na proteção dos mais vulneráveis.
Segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a vacinação reduz em até 90% o risco de hospitalizações por doenças respiratórias em crianças.
Vacinar é um ato de amor, de responsabilidade e de proteção coletiva. Estamos diante de um momento que exige união, empatia e, acima de tudo, confiança na ciência. Proteger nossas crianças começa com a informação correta e termina com atitudes responsáveis como vacinar e adotar medidas preventivas simples, mas eficazes. Nossa missão, como profissionais da saúde e membros desta comunidade, é cuidar juntos, com conhecimento e compromisso”, conclui.
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