25 de maio, de 2025 | 06:00

Novo comando

Fernando Rocha

Será hoje, no Rio de Janeiro, sede da CBF- Confederação Brasileira de Futebol, a eleição da nova diretori, que irá comandar os destinos do esporte mais popular do país e que é parte da cultura nacional, além de movimentar um orçamento bilionário.

Mais uma vez, o pleito terá apenas uma chapa que será eleita por aclamação, tendo como presidente o médico Samir Xaud, 41 anos, eleito ano passado presidente da inexpressiva Federação de Roraima, que tem apenas 10 clubes no seu estadual e só uma equipe na Série D nacional.

Xaud é filho de Zeca Xaud, que presidia a entidade há 40 anos, agora deve nomear para ocupar o importante cargo de Diretor de Competições, responsável por administrar todos os campeonatos promovidos pela entidade, o advogado Flávio Zveiter, ex-procurador do STJD-Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

O comando das seleções deverá ficar a cargo do alagoano Gustavo Feijó, que foi vice-presidente da CBF nas gestões de Marco Polo Del Nero e Rogério Caboclo.

Nos bastidores se comenta que Feijó manterá, corretamente, Rodrigo Caetano e o ex-jogador Juan na coordenação das seleções, sobretudo a principal, cujo técnico será o italiano Carlo Ancelotti.

Eleição viciada
Das 27 federações com direito a voto e que garantem a eleição de Samir Xaud e sua trupe, apenas a paulista não assinou o documento de apoio à candidatura única, uma vez que seu presidente, Reinaldo Carneiro Bastos, também pleiteava o cargo.

As regras viciadas no regulamento de eleições da CBF são semelhantes às que vigoram nas federações estaduais, e não permitem que haja oposição aos atuais dirigentes, que, dessa forma, se perpetuam nos cargos e são sucedidos por familiares, amigos próximos, o que lhes garante a manutenção de privilégios.

Na prática, o comandante da CBF só deixa o cargo por conta de “fogo amigo”, escândalos de corrupção, como foi o caso dos últimos cinco presidentes, todos afastados e alguns deles presos.

FIM DE PAPO

Os 40 clubes das séries A e B com direito a voto, como sempre, estão divididos no apoio ou não à nova diretoria. Um manifesto pedindo mudanças no processo eleitoral foi assinado por 30 clubes, porém, 10 deles mudaram de lado na última hora e vão comparecer hoje à sede da CBF para dar apoio à chapa única liderada por Samir Xaud. São eles: Atlético Mineiro, Avaí, Bahia, Bragantino, Ceará, Ferroviária, Vila Nova, Vitória e Athletic.

Até o fechamento da coluna diziam que não vão comparecer à eleição, mas admitem dialogar com a nova diretoria da CBF: América-MG, Athletico Paranaense, Atlético Goianiense, Botafogo-SP, Chapecoense, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Mirassol, Novorizontino, Santos, São Paulo e Sport. O Operário do Paraná também se juntou ao grupo e não iria votar.

O processo eleitoral na CBF é típico do “coronelismo” que existiu na chamada República Velha (1889–1930), em que os líderes regionais chamados de “coronéis” detinham o poder político e econômico, por meio da violência e da troca de favores com a população. Os votos se davam por medo, ou seja, aqui nos nossos grotões e pelo país afora quem não votava no candidato do “coronel” corria sérios riscos de sofrer revanchismo e até atos de violência.

Muitos dirigentes de clubes confessaram que o medo de represálias por parte da CBF foi o motivo principal para elegeram, há 55 dias, também por aclamação, o ex-presidente deposto, Ednaldo Rodrigues. O chamado “coronelismo”, apesar de ter sido extinto com a Revolução de 1930 (Era Vargas), mesmo assim, atualmente, com a internet, a inteligência artificial e até os bebês reborn, entre outros modismos, mantém os seus vestígios em nosso país, mediante a compra de votos, o nepotismo, o desvio de verbas, a fraude eleitoral, as fake news etc. “O Brasil não é para amadores”. Antonio Carlos Brasileiro Jobim (1927/1994), maestro, cantor e compositor. (Fecha o pano!)

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