21 de maio, de 2025 | 08:50
Do Vale do Aço, profissionais por trás do Galo de inox revelam detalhes do projeto em entrevista
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do AçoDesde o fim de abril, a esplanada da Arena MRV, estádio do Atlético, em Belo Horizonte, conta com uma escultura monumental. Um galo gigante, feito de inox, com 8 metros de altura e cerca de 13 toneladas, impressiona e encanta os atleticanos que passam pela praça esportiva.
A escultura conta com aço inox 304 L e inox polido, produzidos exclusivamente pela Aperam South America, em sua planta em Timóteo. Joel Lima, de 55 anos, morador de Timóteo e arquiteto que projetou o Galo de inox, em entrevista ao Diário do Aço na tarde desta terça-feira (20), explicou a complexidade de concluir esse feito. Para se ter ideia, somente a montagem demandou sete meses de intenso trabalho.
Nós apresentamos o projeto para a Aperam, que levou para a Arena e, mediante aprovação, começamos a discutir as técnicas do projeto. Os elementos estruturais são completamente complexos. Por ser uma obra paramétrica, tem essa parte da estrutura do esqueleto do galo e as dificuldades que a própria obra impôs, que é o pé no chão, em movimento e o segundo pé em uma bola”, contou Joel. Segundo o arquiteto, do início do projeto até o fim da execução, foram cerca de dois anos e meio de trabalho.
Hebert Kennedy, CEO da Linox, morador de Ipatinga e fabricante de produtos em aço inoxidável, que trabalhou em conjunto com Joel durante a construção da escultura, também esteve no estúdio do Diário do Aço e contou que ficou surpreso com o projeto, em seu primeiro contato.
Os desafios começaram na conformação. A aparência do galo era fundamental. Foram muitos testes, diversas penas feitas até chegar à última forma”, comentou. O que levamos em termos de obra é que tinha que ter um aspecto visual em que o galo com a bola no pé, mas com a impressão que ele é um jogador de futebol. Os desafios começaram nos elementos estruturais. A estética nós já sabíamos onde queríamos chegar, mas mesmo assim, uma obra de aço inox, quando projetamos ela, não temos todas as informações da obra pronta, por mais que o software nos dê condições, com o aço inox, depois da obra pronta, ela tem resultados de luz e sombra que são surpreendentes”, complementa Joel.
Logística
Apesar de Joel e Hebert serem do Vale do Aço, assim como a Aperam, o Galo de inox foi feito no município de Mateus Leme, a cerca de 50 km da Arena MRV.
A princípio, havia a intenção de fazer a obra aqui na região, mas numa análise logística, a gente percebeu que não seria viável. Infelizmente, temos uma rodovia [BR-381] muito aquém do que a gente produz na região. Levamos para Mateus Leme, que tem uma rodovia duplicada que facilitaria esse transporte”, explica o arquiteto.
Conforme Joel, além dos parceiros para o projeto que estavam no Vale do Aço, outros convites foram feitos para empresas da Grande BH, o que também foi um ponto crucial para levar o projeto para outra região.
Arte e futebol
Joel, como torcedor alvinegro, contou que é emocionante ter sua obra exposta no estádio do clube e em uma das principais praças esportivas do futebol nacional. Ele também comentou que recebeu elogios de cruzeirenses e flamenguistas, e que sua obra transcende o esporte.
Eu comecei a perceber a partir disso, como artista, como profissional, que nos falta arte [no Brasil], ou perceber onde está a arte. Por muito tempo a gente tem deixado de viver isso, de emocionar e eu acho que esse projeto busca isso também, de voltar o nosso olhar para algo que nos emociona”, pontua. No dia da inauguração, o nível de emoção das pessoas foi surpreendente, e hoje a gente percebe isso”, continua.
Hebert acrescenta que é um legado que deixa para sua vida profissional e para família. Eu tenho um neto chegando e minha filha fala que em breve ele estará correndo em volta do galo e gritando que foi o vovô que fez. É algo que a gente deixa para o nosso futuro e é realmente emocionante”, afirma.
Singularidade
A obra de arte insere Belo Horizonte na cena de grandes cidades contemporâneas que adotaram o inox como um manifesto à modernidade e à sustentabilidade na paisagem urbana.
A obra em si traz representatividade para Belo Horizonte, e para o futebol, eu acho que merece isso. Os estádios passaram a ficar bonitos e acho que estava faltando esse incremento. Acho que o Galo é essa iniciativa de grandes monumentos associados a grandes estádios, e Belo Horizonte é presenteada com a primeira grande obra do Brasil e do mundo relacionada ao futebol, em homenagem a um time”, finaliza Joel.
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