15 de maio, de 2025 | 15:30

Conselho reavalia o reconhecimento dos Arturos como patrimônio mineiro

Fotos: Iepha/Divulgação
Registro concedido em 2014 será apreciado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural em encontro previsto para este mêsRegistro concedido em 2014 será apreciado pelo Conselho Estadual do Patrimônio Cultural em encontro previsto para este mês
Nesta semana em que se celebra, em 13/5, o Dia da Abolição da Escravatura no Brasil, “Minas Gerais reafirma seu compromisso em reconhecer e valorizar a memória, a cultura e a luta do povo negro”, destaca a Agência Minas. A Comunidade Quilombola dos Arturos, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), é um exemplo emblemático dessa política. A reavaliação do reconhecimento dos Arturos como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais será apreciada em reunião do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep), prevista para o fim do mês.

Em maio de 2014, a comunidade foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais, marcando o primeiro registro de uma comunidade tradicional dentro da categoria de lugares. Para obter a revalidação do registro, foi preparado um relatório de reavaliação para apreciação do Conep.
A reavaliação é realizada a cada dez anos, a fim de verificar se o bem cultural permanece em atividade e quais mudanças ocorreram durante a década. O relatório, baseado em pesquisas e análises atualizadas, foi elaborado ao longo de 2024 numa parceria entre a Comunidade dos Arturos, a gerência de Patrimônio Cultural Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e a diretoria de Memória e Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura de Contagem.

As ações incluíram entrevistas com lideranças, acompanhamento da Festa de Nossa Senhora do Rosário - a principal celebração dos Arturos, para elaboração de relato etnográfico - e realização de seminário no território pelos dez anos do registro da comunidade, entre outras iniciativas.
A comunidade mantém as tradições da cultura negraA comunidade mantém as tradições da cultura negra
“O registro de patrimônio nos dá alegria, é motivo de muita satisfação. Podemos fazer nossas festas e manifestações sem problema nenhum. O registro nos deu reconhecimento, temos direito de ir e vir em qualquer lugar”, ressaltou o Mestre José Bonifácio, liderança da Comunidade dos Arturos.

Política de Estado
Nos últimos anos, o Governo de Minas promoveu diversas ações, por intermédio do Iepha-MG, com o objetivo de valorizar a importância da cultura negra na formação da identidade mineira. Os sistemas culinários do milho e da mandioca, alimentos originários da cozinha quilombola, e os Congados e Reinados foram reconhecidos Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.

Em novembro do ano passado, no Dia da Consciência Negra, Aleijadinho - patrono das Artes no Brasil e maior expoente artista do barroco nas Américas - foi homenageado com um lugar de honra na Sala dos Grandes Mineiros, no Palácio da Liberdade. Foi a primeira vez que uma pessoa negra recebeu tal distinção, informa a Agência Minas.
“Finalizamos o processo de estudos para serem submetidos ao Conep. Esse é um momento importante de avaliação das políticas de salvaguarda realizadas ao longo dos últimos dez anos e seus frutos como manutenção e preservação dessa cultura tão importante. Em 2024, por exemplo, instauramos o comitê gestor para salvaguarda dos Arturos, um avanço nas políticas públicas para esse importante bem registrado”, destacou o presidente do Iepha-MG, João Paulo Martins.

Festejos
Nessa expectativa pela revalidação do registro de Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais, a Comunidade Quilombola dos Arturos celebrou, no último fim de semana, o Dia da Abolição da Escravatura no Quilombo dos Arturos e na praça da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Contagem. A Festa da Abolição 2025 reuniu comunidades congadeiras de quilombos de diversas cidades entre sexta-feria (9) e domingo (11).
Revalidação é marca do compromisso do Governo de Minas Revalidação é marca do compromisso do Governo de Minas
A programação incluiu novena, cortejos, desfile dos representantes dos escravizados, encontro dos grupos de Congados, encenação teatral sobre a abolição da escravatura, Missa Conga com participação das Guardas de Congado e procissão em honra à Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora Aparecida.

História centenária
A história da Comunidade dos Arturos teve início há mais de 100 anos, fruto da união de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Silva, descendentes de escravos negros africanos que viviam e trabalhavam na região dos atuais municípios de Contagem e Esmeraldas. Desde então, a comunidade, atualmente composta por cerca de 230 famílias, preserva e atualiza diversas tradições da cultura negra mineira e brasileira.

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