14 de maio, de 2025 | 13:38

Um em cada quatro brasileiros já usou cannabis, revela pesquisa

O medo da legalização ainda é forte: 64,7% temem que a maconha fique mais acessível a menores de idade

Divulgação
Mais da metade dos brasileiros considera a falta de conhecimento sobre uso e efeito como principal  motivador para o preconceito contra a maconha Mais da metade dos brasileiros considera a falta de conhecimento sobre uso e efeito como principal motivador para o preconceito contra a maconha

A cannabis está deixando de ser tabu para se tornar tema de interesse público, econômico e de saúde no Brasil. Um em cada quatro brasileiros já usou maconha, e 64,7% acreditam que o consumo da planta deve ser tratado como uma questão de saúde e segurança pública.O estudo ouviu mais de 1000 pessoas em todo o país no primeiro trimestre de 2025 e revela uma sociedade cada vez mais aberta ao diálogo e ao mercado canábico.

Entre os brasileiros que usaram e usam ainda hoje maconha (30,9%), 63% alegam que usaram por curiosidade; 37,5% por influência de amigos; 24,3% por busca de relaxamento, enquanto 7,4% usaram na tentativa de lidar com ansiedade,depressão e problemas emocionais.

"Hoje, a discussão sobre a cannabis no Brasil já saiu do campo, está conectada com saúde, economia e liberdade de escolha. O brasileiro quer se informar e tomar decisões conscientes", afirma Ligia Mello, CSO da Hibou.

Maconha, álcool e tabaco dividem o mesmo espaço na percepção popular

Para 85,6% da população geral a maconha é uma droga. O número é praticamente o mesmo para o álcool (85,2%), enquanto o tabaco aparece logo atrás, com 82,4%. Ou seja, mesmo sendo uma droga proibida, a maconha já ocupa no imaginário coletivo um espaço próximo ao de substâncias legalizadas.

Essa equiparação também se reflete na prática: 26,4% dos brasileiros afirmaram já ter experimentado cannabis, um índice apenas 10 pontos percentuais abaixo do tabaco (36,2%). O álcool, por outro lado, segue como o mais difundido, com 78,6% de experimentação, indicando seu papel culturalmente estabelecido no Brasil.

Desinformação ainda é principal barreira

Para 53,2% dos brasileiros, o principal motivo do preconceito contra a maconha é a falta de conhecimento sobre seus usos e efeitos. Outros fatores citados incluem a proibição legal (36,5%), a forma como o tema é tratado pela mídia (33,6%) e a influência familiar (31,8%).

“O brasileiro tem muitas dúvidas e medos, em parte por falta de fontes confiáveis e debates abertos. Quando a informação circula, o julgamento tende a ser mais racional”, afirma Ligia Mello, CSO da Hibou.

Brasileiro quer cuidado, não repressão

A principal mudança apontada pelo estudo é de abordagem: 64,7% dos brasileiros acreditam que o consumo da maconha deve ser tratado sob a ótica da saúde e da segurança pública Apenas 22,7% consideram somente uma questão de saúde pública.

A tendência acompanha o movimento global, em que países vêm revendo suas políticas de drogas com foco em saúde, educação e até arrecadação de impostos – sobretudo em cenários de crise fiscal.

Quem usa maconha?

A visão sobre o usuário de cannabis também está mudando. Para 59,2% dos brasileiros, a imagem do consumidor depende do contexto. Ainda assim, 23,8% o associam à normalidade, enquanto 16,8% o consideram irresponsável e 15,8% enxergam os usuários como doentes. Já 6,1% consideram as pessoas que usam maconha como criminosas.

“Essas percepções demonstram o quanto a sociedade ainda oscila entre o julgamento e a tentativa de compreender o outro. Há um espaço importante para quebrar preconceitos com informação e escuta”, diz Ligia Mello.

Medo da legalização mostra sociedade ainda despreparada

Mesmo com o debate amadurecendo, o medo da legalização ainda é forte: 64,7% temem que a maconha fique mais acessível a menores de idade, seguido por preocupações com fiscalização (43,7%), aumento do consumo geral (42%), criminalidade (37,4%), impacto na saúde pública (37,2%), acidentes de trânsito (24,3%) e queda de produtividade no trabalho (19,3%).

Por outro lado, 14,1% afirmam não ter nenhum receio quanto à legalização, o que indica uma parcela da população mais segura e bem informada sobre o tema.

6 em cada 10 brasileiros (64,6%) afirmam que a regulamentação deveria acontecer no Brasil mas com ressalvas. Segundo a opinião deles, 57,3% apoiam a legalização da cannabis para uso medicinal e recreativo controlado, e 36% são favoráveis à liberação apenas do uso medicinal.

Entre o tabu e a informação: o Brasil em transição

A pesquisa da Hibou em parceria com a empreendedora da área Viviane Sedola revela um Brasil dividido: de um lado, a tradição proibicionista e a desinformação; de outro, uma população que começa a tratar o assunto com mais seriedade e perspectiva pública.

O fato de que um em cada quatro brasileiros já usou cannabis, somado ao desejo da maioria de que o consumo seja tratado como tema de saúde, mostra que a realidade já está mudando – mesmo que a legislação ainda não acompanhe esse movimento.

“O consumo de cannabis é uma realidade para muitos brasileiros. Ignorá-la é manter estigmas que impedem políticas públicas mais humanas e eficazes”, conclui Ligia Mello.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

João Juana

14 de maio, 2025 | 15:39

“BasedGod, vc é legendário?”

Darinho Viva La Vida

14 de maio, 2025 | 15:22

“Com o tempo, os usuários vão ficando cada vez mais letárgicos, desligados da realidade. Isso corrói a mente, sou 100% a favor do Leão do Proerd: Não plante maconha, plante um maconheiro!”

Falo Mesmo

14 de maio, 2025 | 14:25

“Basedgod, eu sei disso, que o narcotráfico emporcalha o que é comercializado no mercado proibido. E sim, já viajei para o exterior e sei que nos paises onde não há essa obsessão do estado em apreender buchinhas, a erva que o povo consome é bem diferente. Pra mim, qualquer coisa que tire uma pessoa do seu estado "normal", não presta, seja legal ou ilegal.... mas desde a antiguidade os humanos procuram essas porcarias. É neste sentido que afirmei que a proibição nunca funcionou e nem vai funcionar. Vai servir só para lotar cadeia.”

Basedgod

14 de maio, 2025 | 14:01

“O senhor ''falo mesmo'' acha isso pq nunca fumou ou sentiu o cheiro de maconha de verdade, bosta de boi é esse produto fruto de narcotráfico que a população media tem acesso o famoso ''prensado'' cheio de amônia e outras coisas mais, em países de primeiro mundo isso não existe e maconha é um bem de consumo como álcool e cigarro, fiscalizada com controle de qualidade e olha só GERANDO RENDA, EMPREGOS E DINHEIRO PRO ESTADO. A indústria deixa de faturar bilhões por ano com a proibição e só fortalece o trafico, se quem é contra pesquisasse 1 pouquinho ia entender o pq da proibição, em alguns países como Estados Unidos, Tailândia e Holanda já legalizaram e estão arrecadando com isso, quando será que o Brasileiro médio irá abrir o olho? lembrando que sou de direita e trabalho com segurança publica, só não sou alienado e burro como o resto do setor.”

João Juana

14 de maio, 2025 | 13:58

“Maconha, nunca faz mal e nunca fará. Maconha relaxa, tira estresse, diminui ansiedade, ajuda no tratamento de câncer, diabetes, ajuda a quem tem epilepsia etc... Além de ser uma fonte de arrecadação imensa,

Liberar coffeshop acaba com 90% da venda vinda de tráfico de drogas.”

Observador

14 de maio, 2025 | 13:47

“Não vejo diferente entre um pé inchado de cachaça num boteco e um noiado de maconha. A preocupação nunca foi a saúde pública.”

Falo Mesmo

14 de maio, 2025 | 13:46

“Se acaba a proibição, cadeias serão esvaziadas, hoje mais de 50% da população carcerária cumpre pena por causa de buchinhas de maconha. Policiais desempregados ou obrigados a procurar políticos ladrões, advogados que fechariam escritorios, etc. Por outro lado, o Brasil está jogando dinhero fora, deixando de arracadar sobre uma indústria que poderia ser importante. As pessoas nunca vão deixar de usar mesa merd@, eu não gosto, parece b#sta de boi. Mas tem que goste. Que se lasquem os conservadores.”

Envie seu Comentário