14 de maio, de 2025 | 08:00

O IDH e a desigualdade socioeconômica

Antônio Nahas Júnior *

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento -, divulgou na semana passada o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) quase todos os países do mundo. Trata-se de uma grande conquista das ciências sociais: ter um parâmetro de comparação do desenvolvimento humano entre países. Os dados do IDH de 2025 são dos anos 2022 e 2023, pois coletar os dados de 193 países mundo afora não é tarefa fácil. As fontes de dados são padronizadas; checadas e só depois liberadas.

O IDH abarca três dimensões: expectativa de vida ao nascer, educação e renda per capita. A expectativa de vida é uma forma de avaliar a saúde de cada país. Quanto mais se vive, melhores as condições. A educação é avaliada pelo número de anos de escolaridade de adultos com mais de 25 anos e pela expectativa de anos de escolaridade para crianças em idade escolar.

A dimensão padrão de vida é medida pela Renda Nacional bruta per capita. Este ano o índice do Brasil foi classificado como alto índice de desenvolvimento, chegando a 0,786, numa escala de 0 a 1. Nossos indicadores: expectativa de vida: 75,85 anos; escolaridade média: 8,43 anos, sendo a esperada de 15,79 anos. O PIB per capita foi de US 18,011 dólares.

Estes três indicadores recebem tratamento estatístico e de lá saem os dados finais.

Os resultados do Brasil merecem ser analisados com cuidado. Embora a ONU tenha classificado nosso IDH como alto, ficamos atrás na América Latina do Peru; Colômbia; Argentina; Uruguai, México e Chile.

Apesar de estamos entre as dez maiores economias do mundo, nossa classificação foi a 84. Estamos evoluindo e nosso IDH tem aumentado, é certo. Mas ainda há muito que fazer.

IDH e desigualdade - A ONU divulgou também IDH ponderado pela Desigualdade, apurada por país criando outra base de comparação entre países.

Neste parâmetro os indicadores são ajustados pela desigualdade e nosso IDH cai para 0,59. Perdemos pontos em todos os três componentes do IDH, sobretudo nos quesitos educação e renda.
“O 1% mais rico detém nada menos que 21% da renda”


A ONU destaca a desigualdade na distribuição de renda. Neste parâmetro, levamos bomba. Os 40% mais pobres retém 11,3 por cento da renda enquanto os 10% mais ricos ficam com 41%. O 1% mais rico detém nada menos que 21% da renda.

A estatística nos oferece um indicador de concentração de renda chamado coeficiente de Gini: se a renda é igualmente distribuída entre todos, o coeficiente e’ zero. Se ela é totalmente concentrada, é 1. O nosso ficou em 52,0, o maior de todos os países com IDH superior ao nosso, com exceção da Colômbia.

E mais: o nosso IDH ajustado pela desigualdade vai lá para baixo: caímos 21 posições....

Perdemos até mesmo para os Estados Unidos, país admirado por certas correntes políticas. Os 40% mais pobres de lá retém 15,6% da renda e os 40% mais ricos 30,2.

É difícil para nós notarmos que, entra ano, sai ano, mudam governos, partidos, mas esta desigualdade que assola há séculos nossa história, desde a escravidão, ainda nos acompanha. Ainda mais quando vemos a Selic a 14,75% ao ano.

Índice Firjan e desigualdade - O Diário do Aço, na sua edição de domingo, divulgou o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, numa excelente reportagem. Enquanto o IDH da ONU abrange três indicadores, o Índice Firjan é composto 15 indicadores, sendo 5 referentes a emprego e renda; seis para Educação e 4 para saúde.

Trata-se de índice de grande capilaridade, que permite uma avaliação mais sensível das políticas públicas que estão sendo desenvolvidas em cada cidade. Sua divulgação e discussão permite que toda a cidade acompanhe sua qualidade de vida.

Ipatinga ficou em 7% lugar, acima de Belo Horizonte, com alto estágio de desenvolvimento, mas todos os municípios do Vale se destacaram. É um ótimo ponto de partida para traçarmos caminhos futuros para o desenvolvimento do Vale do Aço.

* Economista, empresário. Morador de Ipatinga

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